Beleza da pele

Skincare sem milagre

Dra. Gisele Mello explica por que peptídeos ajudam, mas não fazem mágica


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Skincare sem milagre: Dra. Gisele Mello explica por que peptídeos ajudam, mas não fazem mágica
Por Drika Oliveira

Publicado em 03/12/2025 às 10:15,
atualizado em 03/12/2025 às 12:32

Nos últimos anos, um grupo de ativos vem ganhando espaço silenciosamente nas fórmulas mais avançadas de skincare: os peptídeos biomiméticos. Diferente da lógica “tapou, resolveu” de muitos cosméticos tradicionais, essa tecnologia foi desenhada para conversar com a pele, imitando mensagens naturais do próprio organismo e ajudando a regular inflamação, estresse oxidativo e a força da barreira cutânea.

De acordo com a médica Dra. Gisele Mello, ao lado de antioxidantes inteligentes, esses peptídeos conseguem, em estudos modernos, reduzir marcadores inflamatórios, modular o dano oxidativo e melhorar de forma mensurável a função de barreira – alguns complexos chegando a resultados de melhora de barreira na casa de dezenas de por cento em poucas semanas de uso.

 "Na minha prática clínica, acompanhando protocolos com peptídeos biomiméticos aliados a antioxidantes, observamos até 65% de melhora em parâmetros de barreira cutânea (como redução de perda de água transepidérmica e melhora de hidratação funcional) em pacientes com pele fragilizada. Esse dado é coerente com a tendência observada na literatura científica recente, que confirma o impacto desses ativos na integridade estrutural e funcional da epiderme"

 Os peptídeos biomiméticos estão em alta e aparecem em quase todo novo lançamento de skincare. Mas, para a médica integrativa Dra. Gisele Mello, é preciso colocar os pés no chão: eles funcionam, sim, mas não são solução milagrosa.

 A médica lembra que a pele hoje já enfrenta muitos desafios ao mesmo tempo. Poluição, estresse, noites ruins de sono e rotinas cheias de ácidos e esfoliantes deixam a barreira cutânea fragilizada. É aí que muita gente se frustra com a promessa de “pele perfeita” em poucas semanas.

 Segundo Mello, o erro está em acreditar que inflamação e oxidação são problemas apenas da superfície. Ela reforça que vários estudos mostram a ligação direta com:

  • inflamação sistêmica;

  • qualidade do sono;

  •  alimentação rica em ultra processados;

  •  estresse crônico e desregulação do eixo HPA, responsável pela nossa resposta ao estresse.

 Quando esses fatores estão desajustados, nenhum creme dá conta sozinho.

O que a ciência mostra

 A médica explica que os peptídeos biomiméticos têm mecanismos bem documentados para:

  •  modular inflamação;

  •  estimular o reparo da pele;

  •  fortalecer a barreira cutânea;

  • melhorar parâmetros de proteção quando usados com antioxidantes.

Há estudos que relatam melhoras de até 65% na função de barreira cutânea, mas Mello enfatiza que esses números dependem de várias condições: tipo de formulação, método usado e perfil das pessoas que participaram da pesquisa. Não é algo que se reproduz automaticamente em qualquer rotina ou com qualquer produto.

Resultados dependem do conjunto

Na prática clínica, Mello observa que os melhores resultados acontecem quando o paciente:

  • reduz hábitos que aumentam inflamação no corpo;

  • diminui o excesso de ácidos e esfoliantes;

  • entende que pele e organismo funcionam juntos, e não separadamente.

Ela afirma que, quando bem usados, peptídeos e antioxidantes podem agir como um “treinamento intensivo” para a pele, ajudando a barreira cutânea a funcionar melhor e retardando sinais estruturais do envelhecimento.

O alerta que ninguém gosta de ouvir

Mesmo sendo entusiasta de novas tecnologias, a médica reforça que:

  • Nem todo produto que usa o termo “peptídeo biomimético” tem evidência sólida;

  • Muitos rótulos prometem mais do que os estudos realmente mostram;

  • Resultados reais dependem de fórmula bem feita, rotina coerente e paciente comprometido.

Para Mello, o futuro do skincare precisa ser mais honesto: menos promessa milagrosa e mais conversa séria com a biologia da pele. Produtos ajudam, mas não substituem sono, alimentação equilibrada e controle do estresse. É o conjunto que transforma.

Dra. Gisele Mello

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