Mulher

Dia da Menopausa: hora de quebrar tabus e olhar para a saúde da mulher com mais empatia

Médica explica como funciona esse período tão temido pelas mulheres


Mulheres na Menopausa

Neste 18 de outubro é celebrado o Dia Mundial da Menopausa, uma data criada pela Sociedade Internacional de Menopausa (IMS) em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS) para chamar atenção sobre um tema que, embora natural, ainda é cercado de tabus, preconceitos e desinformação.

A menopausa marca o fim do ciclo reprodutivo da mulher, quando ocorre a interrupção definitiva da menstruação e a queda dos hormônios femininos, especialmente o estrogênio. Ela costuma acontecer entre os 45 e 55 anos, mas seus efeitos físicos e emocionais podem começar bem antes, durante a perimenopausa, fase de transição que pode durar anos.

Ondas de calor, insônia, ganho de peso, alterações de humor, diminuição da libido e ressecamento vaginal são apenas alguns dos sintomas mais comuns. Mas o que muitas mulheres ainda não sabem é que a menopausa também está associada a riscos cardiovasculares, osteoporose e mudanças metabólicas, o que torna o acompanhamento médico essencial.

Segundo a especialista em saúde da mulher e menopausa,  Dra. Fernanda Torras, o grande desafio é justamente trazer o assunto para o centro das conversas, sem estigmas e com informação de qualidade. “Não é o fim de nada, é o início de uma nova fase da vida, que pode e deve ser vivida com bem-estar e autoestima”,

Nos últimos anos, celebridades, médicas e influenciadoras têm usado as redes sociais para falar abertamente sobre os sintomas, os tratamentos e a importância do autocuidado. Essa abertura tem ajudado outras mulheres a reconhecerem seus sinais e buscarem ajuda sem vergonha.

 O Dia Mundial da Menopausa é, portanto, um convite à reflexão: mais do que uma data, é um lembrete de que falar sobre o corpo feminino é também falar sobre saúde, liberdade e respeito.

Para tirar uma série de dúvidas sobre esse assunto que, ainda bem, deixou de ser um tabu, conversamos com a Dra. Fernanda Torras, especialista em menopausa e ginecologia regenerativa estética e funcional

Como podemos definir a diferença entre perimenopausa e menopausa de forma simples para o público leigo?

A perimenopausa é a travessia, o início.

A menopausa é o marco.

Perimenopausa é o período de transição em que os hormônios começam a oscilar, o ciclo menstrual fica irregular e os primeiros sintomas aparecem: insônia, ondas de calor, irritabilidade, queda da libido. Pode durar anos.

 Já a menopausa, em termos médicos, é definida como o momento em que a mulher completa 12 meses consecutivos sem menstruar. É a data que marca a transição da fase reprodutiva para a fase não reprodutiva da mulher. 

Então: a perimenopausa é o início. A menopausa, é o ponto de virada, mas não o fim!

Em média, com que idade as mulheres começam a sentir os primeiros sintomas da perimenopausa?

Em geral, os primeiros sinais surgem por volta dos 40 a 45 anos. Mas em algumas mulheres, essa transição pode começar bem antes, entre 30 e 35.

É uma fase silenciosa. A mulher ainda menstrua, mas já não se sente a mesma. Dorme mal, se irrita mais fácil, esquece palavras e o desejo sexual oscila. Muitas vezes os exames estão em dia, mas a avaliação clínica não.

Por isso, sempre que uma mulher 40+ começa a sentir essas mudanças sem explicação clara, vale investigar: pode ser o início da perimenopausa.

Existe uma faixa etária padrão para a chegada da menopausa ou ela varia muito de mulher para mulher?

A idade média da menopausa no Brasil é 51 anos, mas naturalmente a menopausa costuma chegar entre os 45 e 55 anos.

Há mulheres que entram naturalmente aos 44. Outras só aos 54. O importante é observar os sinais e não se comparar.

Menopausa antes dos 40 é considerada precoce e após os 55 é chamada tardia. Em todos os casos, o acompanhamento precisa ser cuidadoso.

Quais são os principais fatores que podem antecipar ou retardar o início da menopausa?

Vários fatores podem influenciar o relógio hormonal da mulher:

  • Genética: a idade da menopausa da mãe costuma ser um bom indicativo.
  • Tabagismo: mulheres que fumam tendem a entrar na menopausa mais cedo.
  • Cirurgias ginecológicas: retirada dos ovários, por exemplo, causa menopausa imediata.
  • Doenças autoimunes, tratamentos como quimio ou radioterapia, também podem antecipar.

Já fatores como boa alimentação, prática de atividade física e saúde metabólica preservada podem ajudar a prolongar a função ovariana por mais tempo.

Quais são os sintomas mais comuns da perimenopausa e como eles se diferenciam dos da menopausa?

Na perimenopausa, o que reina é a oscilação hormonal. Então os sintomas vêm e vão. Um mês a mulher está ótima. No outro, sente como se não fosse mais ela.

Os mais comuns:

  • Alterações no ciclo (menstruação atrasa, vem mais intensa ou desaparece por meses)
  • Ondas de calor
  • Irritabilidade
  • Insônia
  • Dificuldade de concentração
  • Queda da libido

Já na menopausa estabelecida, o corpo entra num novo estado hormonal: os ovários param de funcionar. E os sintomas se tornam mais estáveis, porém contínuos, como:

Ressecamento vaginal

 Diminuição progressiva da massa muscular

Queda na produção de colágeno

Risco aumentado de osteoporose

Alterações urinárias

A diferença é que na perimenopausa o corpo está em transição. Na menopausa, ele já se estabilizou em uma nova realidade hormonal.

Ondas de calor e insônia são os sintomas mais falados, mas o que pouca gente sabe que também muda nessa fase?

A menopausa pode afetar o corpo inteiro. E os sintomas raros (mas frequentes) são os que mais confundem e atrasam o diagnóstico.

Alguns sinais que pouca gente associa à alteração hormonal, mas que podem sim ter relação direta com a perimenopausa ou menopausa:

Boca seca e olhos secos (sensação de areia nos olhos ou sede constante)

Sudorese em excesso e mudança no odor corporal (cheiro diferente, mais intenso ou ácido)

Ressecamento e dor na região íntima, como vulvodínia (ardência e dor ao toque)

Formigamento e dormência nos dedos das mãos e dos pés

Sensação de choque ou picadas na pele, dermatites, urticária e coceiras sem lesão visível

Tontura, vertigem, perda da noção de espaço e equilíbrio

Batimentos cardíacos acelerados, mesmo em repouso

Zumbido nos ouvidos (barulhos sem origem externa)

Ondas de frio ou calafrios, alternando com calor — como se nosso termostato interno estivesse quebrado

Alterações na cavidade bucal (BOCA): dor, ardência, gengiva mais sensível e até retração gengival

 Esses sintomas, por não serem “os clássicos”, muitas vezes são atribuídos ao estresse ou à ansiedade. Mas são manifestações hormonais reais, que afetam profundamente a qualidade de vida das mulheres nessa fase da vida.

 O importante é sempre buscar acompanhamento médico e seguir as indicações

Dia da Menopausa: hora de quebrar tabus e olhar para a saúde da mulher com mais empatia

Dra. Fernanda Torras

Saúde da Mulher: Menopausa e Ginecologia Regenerativa Estética e Funcional

Médica especialista em Ginecologia e Mastologia pela Santa Casa de São Paulo

Atua exclusivamente com saúde da mulher na Menopausa e Ginecologia
Regenerativa Funcional e Estética

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