Dia da Menopausa: hora de quebrar tabus e olhar para a saúde da mulher com mais empatia
Médica explica como funciona esse período tão temido pelas mulheres
Publicado em 18/10/2025 às 13:30
Neste 18 de outubro é celebrado o Dia Mundial da Menopausa, uma data criada pela Sociedade Internacional de Menopausa (IMS) em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS) para chamar atenção sobre um tema que, embora natural, ainda é cercado de tabus, preconceitos e desinformação.
A menopausa marca o fim do ciclo reprodutivo da mulher, quando ocorre a interrupção definitiva da menstruação e a queda dos hormônios femininos, especialmente o estrogênio. Ela costuma acontecer entre os 45 e 55 anos, mas seus efeitos físicos e emocionais podem começar bem antes, durante a perimenopausa, fase de transição que pode durar anos.
Ondas de calor, insônia, ganho de peso, alterações de humor, diminuição da libido e ressecamento vaginal são apenas alguns dos sintomas mais comuns. Mas o que muitas mulheres ainda não sabem é que a menopausa também está associada a riscos cardiovasculares, osteoporose e mudanças metabólicas, o que torna o acompanhamento médico essencial.
Segundo a especialista em saúde da mulher e menopausa, Dra. Fernanda Torras, o grande desafio é justamente trazer o assunto para o centro das conversas, sem estigmas e com informação de qualidade. “Não é o fim de nada, é o início de uma nova fase da vida, que pode e deve ser vivida com bem-estar e autoestima”,
Nos últimos anos, celebridades, médicas e influenciadoras têm usado as redes sociais para falar abertamente sobre os sintomas, os tratamentos e a importância do autocuidado. Essa abertura tem ajudado outras mulheres a reconhecerem seus sinais e buscarem ajuda sem vergonha.
O Dia Mundial da Menopausa é, portanto, um convite à reflexão: mais do que uma data, é um lembrete de que falar sobre o corpo feminino é também falar sobre saúde, liberdade e respeito.
Para tirar uma série de dúvidas sobre esse assunto que, ainda bem, deixou de ser um tabu, conversamos com a Dra. Fernanda Torras, especialista em menopausa e ginecologia regenerativa estética e funcional
Como podemos definir a diferença entre perimenopausa e menopausa de forma simples para o público leigo?
A perimenopausa é a travessia, o início.
A menopausa é o marco.
Perimenopausa é o período de transição em que os hormônios começam a oscilar, o ciclo menstrual fica irregular e os primeiros sintomas aparecem: insônia, ondas de calor, irritabilidade, queda da libido. Pode durar anos.
Já a menopausa, em termos médicos, é definida como o momento em que a mulher completa 12 meses consecutivos sem menstruar. É a data que marca a transição da fase reprodutiva para a fase não reprodutiva da mulher.
Então: a perimenopausa é o início. A menopausa, é o ponto de virada, mas não o fim!
Em média, com que idade as mulheres começam a sentir os primeiros sintomas da perimenopausa?
Em geral, os primeiros sinais surgem por volta dos 40 a 45 anos. Mas em algumas mulheres, essa transição pode começar bem antes, entre 30 e 35.
É uma fase silenciosa. A mulher ainda menstrua, mas já não se sente a mesma. Dorme mal, se irrita mais fácil, esquece palavras e o desejo sexual oscila. Muitas vezes os exames estão em dia, mas a avaliação clínica não.
Por isso, sempre que uma mulher 40+ começa a sentir essas mudanças sem explicação clara, vale investigar: pode ser o início da perimenopausa.
Existe uma faixa etária padrão para a chegada da menopausa ou ela varia muito de mulher para mulher?
A idade média da menopausa no Brasil é 51 anos, mas naturalmente a menopausa costuma chegar entre os 45 e 55 anos.
Há mulheres que entram naturalmente aos 44. Outras só aos 54. O importante é observar os sinais e não se comparar.
Menopausa antes dos 40 é considerada precoce e após os 55 é chamada tardia. Em todos os casos, o acompanhamento precisa ser cuidadoso.
Quais são os principais fatores que podem antecipar ou retardar o início da menopausa?
Vários fatores podem influenciar o relógio hormonal da mulher:
- Genética: a idade da menopausa da mãe costuma ser um bom indicativo.
- Tabagismo: mulheres que fumam tendem a entrar na menopausa mais cedo.
- Cirurgias ginecológicas: retirada dos ovários, por exemplo, causa menopausa imediata.
- Doenças autoimunes, tratamentos como quimio ou radioterapia, também podem antecipar.
Já fatores como boa alimentação, prática de atividade física e saúde metabólica preservada podem ajudar a prolongar a função ovariana por mais tempo.
Quais são os sintomas mais comuns da perimenopausa e como eles se diferenciam dos da menopausa?
Na perimenopausa, o que reina é a oscilação hormonal. Então os sintomas vêm e vão. Um mês a mulher está ótima. No outro, sente como se não fosse mais ela.
Os mais comuns:
- Alterações no ciclo (menstruação atrasa, vem mais intensa ou desaparece por meses)
- Ondas de calor
- Irritabilidade
- Insônia
- Dificuldade de concentração
- Queda da libido
Já na menopausa estabelecida, o corpo entra num novo estado hormonal: os ovários param de funcionar. E os sintomas se tornam mais estáveis, porém contínuos, como:
Ressecamento vaginal
Diminuição progressiva da massa muscular
Queda na produção de colágeno
Risco aumentado de osteoporose
Alterações urinárias
A diferença é que na perimenopausa o corpo está em transição. Na menopausa, ele já se estabilizou em uma nova realidade hormonal.
Ondas de calor e insônia são os sintomas mais falados, mas o que pouca gente sabe que também muda nessa fase?
A menopausa pode afetar o corpo inteiro. E os sintomas raros (mas frequentes) são os que mais confundem e atrasam o diagnóstico.
Alguns sinais que pouca gente associa à alteração hormonal, mas que podem sim ter relação direta com a perimenopausa ou menopausa:
Boca seca e olhos secos (sensação de areia nos olhos ou sede constante)
Sudorese em excesso e mudança no odor corporal (cheiro diferente, mais intenso ou ácido)
Ressecamento e dor na região íntima, como vulvodínia (ardência e dor ao toque)
Formigamento e dormência nos dedos das mãos e dos pés
Sensação de choque ou picadas na pele, dermatites, urticária e coceiras sem lesão visível
Tontura, vertigem, perda da noção de espaço e equilíbrio
Batimentos cardíacos acelerados, mesmo em repouso
Zumbido nos ouvidos (barulhos sem origem externa)
Ondas de frio ou calafrios, alternando com calor — como se nosso termostato interno estivesse quebrado
Alterações na cavidade bucal (BOCA): dor, ardência, gengiva mais sensível e até retração gengival
Esses sintomas, por não serem “os clássicos”, muitas vezes são atribuídos ao estresse ou à ansiedade. Mas são manifestações hormonais reais, que afetam profundamente a qualidade de vida das mulheres nessa fase da vida.
O importante é sempre buscar acompanhamento médico e seguir as indicações

Saúde da Mulher: Menopausa e Ginecologia Regenerativa Estética e Funcional
Médica especialista em Ginecologia e Mastologia pela Santa Casa de São Paulo
Atua exclusivamente com saúde da mulher na Menopausa e Ginecologia
Regenerativa Funcional e Estética