Análise

Humor, referências de época e trilha sonora impecável pautaram o sucesso de “Verão 90"

"Verão 90" trouxe de volta ao horário das sete uma trama dinâmica, leve e divertida


Isabelle Drummond e Claudia Raia
A parceria entre Claudia Raia e Isabelle Drummond foi um dos pontos altos de "Verão 90" - Divulgação/TV Globo

Faltando um mês para o término de “Verão 90” a sensação que temos é a de que a trama escrita pela dupla Izabel de Oliveira e Paula Amaral cumpriu seu papel. Com direção artística de Jorge Fernando, o folhetim trouxe de volta a leveza e o humor ao horário. 

E foi justamente isso que o diretor prometeu no lançamento da novela, que o telespectador se preparasse para rir. E como o público de casa se divertiu cada vez que Lidiane (Claudia Raia) surgia ao som de “Conga La Conga”, da Gretchen. 

Mais ainda com as puladas de Patrick (Klebber Toledo) e, recentemente, Quinzão (Alexandre Borges) pela janela do quarto da ex-atriz da Pornochanchada. Aliás, Manuzita (Isabelle Drummond) seguiu o exemplo da mãe e sobrou para o João (Rafael Vitti) se jogar na caçamba de lixo. 

A história de “Verão 90” tem início em meados dos anos 80 e segue até meados dos 90. Isso garantiu ao enredo muitas referências da época, deixando o pessoal de casa saudoso com as roupas, as músicas, os filmes e até a própria programação da televisão.    

A Pop TV, por exemplo, trouxe de volta a magia dos videoclipes, marcando a chegada da MTV Americana ao Brasil. Seu formato foi um verdadeiro marco para a época, em especial entre a juventude, e fez sucesso por muitos anos. 

A própria abertura da novela já dava uma ideia do que viria nos próximos meses, tanto que foi um dos assuntos mais comentados na web no capítulo de estreia por quem viveu esta época. 

Outro ponto forte é a trilha sonora que parece ter sido escolhida a dedo. De Roxette a New Kids On The Block, passando por Tim Maia, Double You e Sandra de Sá, a playlist mais parece uma Jukebox instalada na sala do telespectador. 
 
Romance, intrigas e parcerias que deram certo 

Humor, referências de época e trilha sonora impecável pautaram o sucesso de “Verão 90\"

A dinâmica de “Verão 90” é acelerada, mas fácil de acompanhar. Já no primeiro capítulo, a trama deu um salto pelos anos 80, focando no início e término da Patotinha Mágica, e chegou aos 90 apresentando precedentes que explicavam a relação conturbada dos irmãos Guerreiro. 

O trio de protagonistas formado pelos mocinhos João e Manuela, e pelo vilão Jerônimo, foi outro acerto das autoras. Se antes ele era uma promessa, agora Jesuíta Barbosa sai do folhetim como um dos grandes atores desta geração. 

A parceria do artista com Camila Queiroz foi uma deliciosa surpresa. Por mais que suas ações tenham sido motivadas pelo interesse próprio, o casal de pilantras foi tão bem aceito pelo público que deve ter um final feliz, caso não haja mudanças no roteiro. 

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Já o casal Patotinha é fofo e quando suas cenas eram embaladas pela voz do rei do soul, o saudoso Tim Mais, dava vontade de se apaixonar, mas vocês também acham que a maior cumplicidade ali foi entre Manuzita e Lidiane?

Vivendo a mãe/empresária, do tipo que projeta na filha as frustrações de uma carreira não muito bem-sucedida, a personagem de Claudia Raia foi uma verdadeira explosão de sentimentos.

Ao lado de Isabelle Drummond, a atriz protagonizou sequências hilárias, sempre embaladas por muitas risadas e algumas trapalhadas. Não seria pretensão afirmar que as duas se divertiram e fizeram o telespectador gargalhar muito também.    

O mesmo aconteceu quando Lidiane se envolveu com o Gogoboy Patrick, assim como nas sequências em que estava ao lado do Jofre (Luiz Henrique Nogueira), vulgo “Cachorrão”, seu amigo e fiel escudeiro.   
 
O que não funcionou

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Infelizmente, como em qualquer folhetim nem tudo são flores. “Verão 90” foi a trama do troca-troca de casais, a começar por Janaina (Dira Paes) que se apaixona por Herculano (Humberto Martins) no início da trama, mas se afasta ao descobrir que ele é casado e tem uma filha. 

O cineasta está em um casamento desgastado com Gisela (Débora Nascimento), se separa, ensaia um romance com a chef de cozinha, volta para a ex-mulher, vai morar com a família fora do Brasil, retorna e se casa com a mãe dos irmãos Guerreiro, se separa novamente e se manda, sozinho, para os Estados Unidos. 

Enquanto isso, Janaina tem um affair com Raimundo (Flávio Tolezani), mas se afasta para tentar ser feliz com Herculano. Neste meio período é o dono do restaurante Baião de Dois quem se envolve com Madá (Fabiana Karla) que a essa altura se separa de Álamo (Maros Veras), fazendo com que o ex-casal perca sentido na trama. 

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Com a saída de Humberto Martins do folhetim, Janaina e Raimundo finalmente ficaram juntos, comprovando o que era claro desde o início da novela, a química inquestionável entre os dois. 

Outro casal que tinha tudo para dar certo era Diego (Sérgio Malheiros) e Larissa (Marina Moschen), a patricinha com o rapaz esforçado, vindo de uma família humilde, mas o casal não empolgou e a história que deveria bombar passou despercebida. 

O mesmo aconteceu com Qinzinho (Caio Padun) e Dandara (Dandara Mariana). Assim ao invés do relacionamento dos dois empolgar, o máximo que conseguiu foi arrancar umas risadas quando o playboy imaginava a dançarina na sua frente ao som de Beto Barbosa. 

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Por fim, estão tentando emplacar um envolvimento entre Quinzão e Lidiane, mas me arrisco a dizer que também não vai passar de uma chuva. Resta saber com quem Lidi Pantera irá terminar a trama. 

Assim como o personagem de Alexandre Borges. Da mesma forma que seu filho, o dono da Pop TV iniciou a história como o típico empresário mulherengo que vive protegido pelas asas da mulher. 

Com o passar dos capítulos, Quinzão acabou se mostrando um bobalhão, um homem que apostava nas caras e bocas, mas sempre pecando pelo exagero. Uma pena em se tratando de um ator que encontrou o lado cômico e merecia ter sido mais bem aproveitado. 

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