"MasterChef" dá sinais de desgaste e Band não consegue estancar fuga de público
Reality perdeu 700 mil telespectadores na sexta temporada
Publicado em 24/06/2019 às 05:05
Num comparativo das 13 primeiras semanas da sexta temporada do "MasterChef" com o mesmo período da edição anterior, o reality culinário da Band perdeu em torno de 700 mil telespectadores, de acordo com números da Kantar Ibope no PNT ( Painel Nacional de Televisão).
Neste universo das 15 principais praças no país, o programa comandado por Ana Paula Padrão, até aqui, vem conquistando 2,6 pontos, a pior média desde que o formato estreou na grade da Band, em 2014.
Essa fuga de telespectadores, em parte, pode até ser justificada pela troca em seu dia de exibição. Tradicionalmente, o "MasterChef" era exibidas às terças-feiras, e numa estratégia, ou a falta dela, a diretoria da emissora o transferiu para os domingos.
Assim, a sexta temporada entrou na guerra pela preferência do telespectador no dia mais competitivo da televisão no país.
Por outro lado, antes de ser realocado na grade dominical da Band, o "MasterChef" já apresentava dificuldades de alcançar o alto Ibope das suas primeiras edições, exibidas sempre às terças-feiras.
Queda do "MasterChef"
Na quinta temporada veiculada em 2018, o reality conquistou média de 4,8 pontos na Grande São Paulo. Isso significa uma queda em torno de 21% em comparação à quarta e terceira edição, e 31% da segunda temporada, exibida em 2015.
Quando estreou em 2014, o "MasterChef" foi o mais bem produzido programa da Band em anos, e surpreendeu o mercado e os telespectadores com seu formato, até então, inédito no país. Tinha um roteiro nota 10, cenário nota 10 e jurados nota 10, aliás, muito bem escolhidos. Mas fica a pergunta: por que o Ibope abandonou o programa de tantas qualidades?
Quando o "MasterChef" chegou na tela da Band, ele era único, uma novidade. Nenhuma outra emissora tinha um produto similar. Depois de cinco anos, outros realities culinários chegaram a TV aberta e outras plataformas, com variações da dinâmica do programa de Ana Paula Padrão.
Verdade precisa ser dita: nenhuma delas se equipara ao "MasterChef". Mas são exibidos em emissoras com estrutura de programação, produção e audiência superiores ao da Band. A Record, SBT e agora até a Globo, passaram a apostar em realities culinários em sua faixa nobre. Isso sem contar os canais por assinatura.
Os programas não são iguais no seu formato, mas o conteúdo é o mesmo. Paralelo a isso, a direção da Band, sabe-se lá o motivo, não soube reavaliar o desenvolvimento adequado ao "MasterChef" para que ficasse competitivo e se renovasse a cada temporada.
Ao contrário, a Band vem exibindo, em sequência, inúmeras variações do formato em sua programação, sem se preocupar com seu esgotamento. A Globo sempre traz novidades para uma nova temporada do "Big Brother Brasil". O mesmo faz a Record com sua "A Fazenda". Ambas emissoras já mudaram até seus apresentadores para manter o frescor das atrações. Mas a Band continua com tudo igual.
Mas no caso do "MasterChef", a apresentadora é apenas um detalhe. Diferente de Tiago Leifert e Marcos Mion que são peças importantes em seus realities shows.
Para se manter competitivo por mais alguns anos e estancar uma nova fuga de telespectadores, a Band precisa promover mudanças pontuais em busca de novidades para o "MasterChef". Para isso, necessita de profissionais que entendam de televisão. Mas diante da decisão de colocar o carro-chefe da emissora aos domingos, para competir com Fausto Silva e Silvio Santos, cria-se até um receio do que pode vir por aí.
Mesmo com menor audiência e repetitivo, o "MasterChef" deve continuar por muito tempo na programação na Band. Isso se explica por ser um produto com excelente desempenho comercial. O setor de alimentação vende na TV, e nesse caso, o Ibope é apenas um detalhe.