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Impeachment no Senado dura 3% do tempo na TV em comparação com a Câmara

Território da TV


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Alexandre Garcia comandou boletim com o resultado da votação no Senado

A votação do processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT) no Senado Federal chamou bem menos a atenção da televisão na comparação com a fase anterior na Câmara dos Deputados.

Se no último dia 17 de abril a Globo chegou a ficar quase 500 minutos no ar, superando até mesmo o 11 de setembro, nesta quinta-feira (12) a transmissão ininterrupta não durou mais que 15 minutinhos.

O derradeiro boletim sobre o processo de votação na mais alta casa legislativa do país ficou sob o comando de Alexandre Garcia, veterano da cobertura de Brasília que curiosamente passa logo nesses dias uma temporada no Rio de Janeiro cobrindo as férias de Chico Pinheiro, no “Bom Dia Brasil”.

O flash, com a temida vinheta do Plantão, interrompeu os telejornais locais da manhã e mostrou o trecho final do discurso de Renan Calheiros passando os procedimentos da sessão e a revelação do placar com 55 votos favoráveis e 22 contrários ao impeachment.

O Senado forçadamente fez uma cobertura para preservar a imagem de seus membros. Sem os holofotes, eles se pouparam da imagem exposta ao ridículo como seus pares da Câmara. A ideia foi de evitar os 15 minutos de fama caso ela tivesse de ser negativa.

Assim, nenhum dos grandes canais abertos transmitiu seguidamente a maioria dos discursos pré-voto. Somente TV Brasil e a própria TV Senado ficaram integralmente no ar ao longo do dia, restando para as demais apenas pequenos flashes em momentos importantes.

Na Globo, esses boletins começaram desde o início da quarta (11), com Evaristo Costa saudando até o Louro José dentro do “Mais Você”. As intervenções seguiram até mesmo na madrugada, com entradas diretas de Camila Bomfim ao longo dos intervalos.

Mais longo por lá somente o real “Plantão”, terceiro na semana (e no ano). Em termos de procedimento, ele foi bem similar ao da etapa anterior do processo: a simples reprodução do sinal da TV estatal com pouquíssimos comentários sendo narrados.

A Record também repetiu seu modelo básico, com uma cobertura mais analítica, comentada pela ótima Adriana Araújo, que literalmente passou a madrugada na emissora. Ponto surpreendente também é que o “Plantão” da rede foi exibido para o país inteiro, interrompendo inclusive as praças que no horário ainda seguiam a Igreja Universal.

O SBT também conseguiu exibir ao vivo dentro do “Primeiro Impacto”, assim como a Band conectada ao seu canal de notícias.

Mas o maior destaque ficou por conta da RedeTV!, que de boa surpresa já passou a ser uma boa cumpridora da sua obrigação. Não é mais novidade uma excelente cobertura por parte do canal.

Na madrugada, a emissora exibiu de forma brilhante uma boa mescla entre as falas dos parlamentares com comentários bem sacados dos apresentadores Amanda Klein e Sérgio Cursino, além do comentarista Reinaldo Azevedo.

O canal soube dosar a análise sem comprometer o conteúdo. Saiu-se melhor do que as emissoras de notícias, por exemplo, que viraram apenas feeds da TV Senado em boa parte do tempo.

Ao longo desta quinta, é de se esperar que os canais repitam e até intensifiquem suas coberturas sobre o afastamento de Dilma Rousseff e a entrada de Michel Temer na presidência da República pelo período inicial de 180 dias. O NaTelinha, claro, vai estar de olho.


O colunista Lucas Félix mostra um panorama desse surpreendente território que é a TV brasileira. Ele também edita o https://territoriodeideias.blogspot.com.br e está no Twitter (@lucasfelix)

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