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Com talentos "importados", "globalização" é cada vez maior aos 50 anos

Território da TV


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Divulgação/TV Globo

Dois dos personagens mais dignos de elogios nos últimos dias são da Globo, mas até poucos anos atrás não estavam no canal. E se estivessem, possivelmente seriam colocados no ar sob circunstâncias bem diferentes.

Marcelo Adnet, do “Tá no Ar”, e Monica Iozzi, do “Vídeo Show”, não promoveram nenhuma revolução propriamente dita na casa nova. Ele segue o talento dos tempos de MTV, enquanto ela agora “enquadra” os famosos assim como fazia com os políticos no “CQC”.

São dois nomes que já chegaram consolidados e com certa pompa na Globo. Eram novidades, mas não apostas. Com boas bagagens acumuladas, se lançaram de territórios mais independentes rumo ao Projac.

Mas peraí, será que hoje dentre as grandes redes sociais há algum território mais independente? Além dos “TV Fama” e afins que repercutem realitys e novelas globais por pura necessidade de mercado, é difícil ver alguma citação despropositada aos concorrentes, algo que felizmente se banalizou pela Globo.

Com crias de fora devidamente “adotadas” citando quem hoje segue fora da plim-plim, pode se dizer que o conceito de globalização no mundo televisivo está firme e forte.

No “Tá no Ar”, nenhuma novidade. No melhor dos sentidos. A primeira temporada não foi fogo de palha ou sorte de estreante. Já cercada de expectativas, a temporada de número 2 as correspondeu e talvez tenha até superado a inicial na avaliação geral.

Cada vez mais afiado, o programa segue instigante e inteligente, mas acima de tudo engraçado. Toda a crítica que destila quando diz claramente na maior rede do ramo que a “televisão é um negócio que vive do seu ócio” se sustenta por gerar não somente reflexões, mas sim boas gargalhadas.

Outro programa que virou alvo de risadas (e não na concorrência por causa do seu Ibope, que segue capengando) é o “Vídeo Show”.

Na nova formação, Iozzi divide o palco com Otaviano Costa (e indiretamente/literalmente com Fátima Bernardes, já que a atração reaproveita o telão de LED do “Encontro”). E a dupla deu liga.

Com uma química inicial bem formada e a liberdade de comentar e até errar ao vivo, o “VS” ressuscitou grandes quadros de sua história e voltou ao conteúdo que o consagrou, mas com uma agradabilíssima nova embalagem, que vale a insistência na aposta.

Uma mistura simples, mas bem executada. O humor diluído entre as matérias tradicionais dá um diferencial ao programa, que surgiu quando ainda não havia um batalhão de concorrência interna para falar sobre a própria Globo, como o “Mais Você” e o “Encontro”.

Sem obrigação de ser engraçado como o “Tá no Ar”, mas conseguindo a mesma naturalidade para se mostrar livre de antigos pudores, o programa já teve dia desses Otaviano Costa por um bom tempo “incorporando” Silvio Santos.

Mais divertido só se entoasse os “Silvio’s Greatest Songs” do “Tá no Ar”. E um excelente sinal se lembrarmos que há algum tempo o apresentador era citado na concorrente do SBT somente se sequestrado ou sendo tema de enredo carnavalesco.

Essa liberdade que vai do menor pudor em pegar nomes associados com rivais até o conteúdo e a personalidade que podem imprimir no ar é possivelmente a melhor das novidades da Globo para romper a barreira da sua quinta década de história.


No NaTelinha, o colunista Lucas Félix mostra um panorama desse surpreendente território que é a TV brasileira.

Ele também edita o https://territoriodeideias.blogspot.com.br e está no Twitter (@lucasfelix)

 

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