Publicado em 19/08/2021 às 04:23:00,
atualizado em 19/08/2021 às 09:11:59
Certamente você já ouviu a voz dele: Carlos Bem-Te-Vi. No SBT desde 1984, é ele quem dá voz às chamadas da emissora diariamente. Em entrevista exclusiva ao NaTelinha, conta que tudo começou quando seu amigo, Antônio Viviani, fazia chamadas na TVS e queria tentar a sorte no vídeo. Com isso, pintaria uma vaga para seu lugar. Dentre 50 ou 60 vozes, Carlos foi escolhido pelo diretor Roberto Manzoni, o Magrão, e desde então não saiu mais. "Pra mim foi uma vitória", relembra.
Quando começou a fazer chamadas no SBT, trabalhava na Manchete FM e fazia cerca de cinco horas por dia na rádio. No final da tarde, ia para a emissora e não ficava mais que duas horas. "Gravava seis, sete chamadas. Hoje em dia, eu gravo das 9h ou 8h às 19h. E já cheguei a gravar para o SBT mais de 110 chamadas por dia", compara.
Se você pensa que Carlos tem grandes cuidados com a voz, engana-se. Com bom humor, explica que faz tudo aquilo que não pode. "Andar descalço, sair no ar-condicionado, ficar sem camisa, tomar bebida gelada, tomar bebida quente, tem choque térmico", diverte-se.
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O volume de trabalho chama a atenção. Não por acaso, férias é uma coisa que a voz padrão do SBT não conhece tão bem. Ele recorda também como quando tirou um período de descanso, foi para Miami visitar um amigo, e ao chegar lá, foi avisado que a grade de programação mudou e teve que refazer tudo. Em outra ocasião, na Disney, teve que sair do parque e gravar dentro do carro.
Ao longo desses 37 anos de casa, afirma que nunca se encontrou com Silvio Santos, mas relembra uma história curiosa de quando o Homem do Baú contratou Ratinho, em 1998. "Foi uma única vez. [...] Ele falou assim: 'Eu vou passar pra você o que eu quero que você fale. Ele começou a falar tudo que estava escrito no papel. Lá no finalzinho ele esqueceu e falou: 'É que não estou com o texto agora, mas é mais ou menos isso'. Meu Deus do céu! Como a cabeça funciona! Que coisa doida, louca, a inteligência desse homem é uma coisa absurda", elogia.
NaTelinha - Dessas quatro décadas de existência, desde quando você está no SBT?
Desde 1984. Eu entrei no SBT quando ainda era TVS. E depois virou SBT.
NaTelinha - E como foi parar para se tornar a voz do SBT?
Na época, o Antônio Viviani, pessoa super conhecida hoje , locutor da CNN, ele fazia chamadas lá na TVS. A gente era muito amigo. Eu trabalhava em rádio, eu trabalhava na Manchete FM. Ele falou 'escuta, vai pintar uma vaga lá na TVS, porque eu quero sair das chamadas e quero tentar vídeo'. E tinha um programa chamado Sessão Premiada. Ele falou: 'Quero tentar vídeo, mas indo pro vídeo, vão ter que tirar das chamadas'. 'Quer fazer um teste? Topo, lógico'. Não sei se eram 50 ou 60 vozes lá que estavam concorrendo a essa vaga. E sei que acabaram me escolhendo. O diretor artístico era o Magrão, diretor do Gugu, o Roberto Manzoni. Ele me falou 'você foi escolhido'. Vamos fazer nossa documentação, demora mais de um mês e você começa. Fui pra lá, não comecei nas chamadas. Comecei fazendo encerramento e prefixo da emissora. Prefixo era assim: 'Nós somos a TVS Canal 4 de São Paulo, ZYB855. Terça, 15 de janeiro de 1984'. E era assim. Tinha esse prefixo e o encerramento de programas: 'Obrigado por assistir a programação da TVS. Veja agora...'.
Aí entrei pra fazer as chamadas, era uma coisa muito doida. No começo lá na TV, no Teatro Silvio Santos, a primeira chamada que eu fiz, pra você ter ideia, fiquei em pé, segurando o papel, microfone com o sonoplasta do meu lado. Ele soltava a trilha, tinha que gravar em cima da trilha por 29 segundos. Não podia errar. Era como se fosse ao vivo. A partir daí comecei a fazer todas as chamadas. Outros locutores que estavam lá comigo, Franco Mangano, que era voz padrão da Tupi na época. Ele foi pra TVS. E depois muitas pessoas passaram por lá. Gente que era da Globo, gente que veio de outras emissoras. E é uma coisa... Muita mudança. Quando comecei, eu era muito de rádio, eu falava pelo nariz. A voz, não tinha o 'gravão', adquiri depois e era meio anasalado. Aquela coisa de louco. E com o tempo você vai aprendendo a falar.
NaTelinha - Você chegou a ganhar de alguém conhecido? Alguém famoso que venceu ou que estourou na época?
Não fiquei sabendo, e meu chefe também não ficou sabendo. Foi uma coisa meio 'você foi escolhido'. Fiquei muito feliz e fui embora. Não fiquei sabendo quais eram as outras pessoas. Pra mim foi uma vitória.
NaTelinha - Você faz algum tipo de exercício pra sua voz ficar assim tão plena? Algo que você tenha que comer, deixar de comer, tomar ou deixar de tomar?
Rapaz do céu, eu faço tudo que não pode fazer. (risos) Andar descalço, sair no ar-condicionado, ficar sem camisa, tomar bebida gelada, tomar bebida quente, tem choque térmico. Quando vou começar a gravar muito cedo, de manhã assim. A sua voz tá muito grave. Eles falam 'você tem que realmente fazer um exercício pra dar uma amaciada'. Mas aí de repente pego um Domingo Legal pra fazer, uma coisa berrada, lá em cima e não tenho nem tempo de fazer isso.
Então, o que eu aprendi a fazer é controlar aquilo que eu uso, que é a voz. Quando tô falando muito alto, tenho uma técnica minha mesmo, de controle, que não comprometo a corda vocal diretamente. Eu uso mais a respiração, mantenho a voz lá em cima mesmo. Nunca fiz 'gritei tanto que minha voz ficou machucada'. Nunca cheguei nesse ponto. As vezes faço o contrário. Ela pode machucar um pouquinho quando faço ela muito grave. Aquele 'gravão' que precisa, como fiz recentemente pro Danilo Gentili, que fizemos os Exterminadores do Além, a Série. É uma coisa que exige muito. Como você grava muitas vezes até ficar bom, ou você manda várias opções, no grave você força um pouquinho. Mas de resto tranquilo.
NaTelinha - E por quanto tempo você usa sua voz por dia?
Pra você ter ideia, quando a gente começou na TVS, eu trabalhava em rádio, então fazia cinco horas. E no final da tarde ia pra lá, não ficava mais que duas horas. Gravava seis, sete chamadas. Hoje em dia, não só hoje, mas desde que adotei o 'estúdio office', que já faz mais de 15 anos, na verdade, eu gravo das 9h ou 8h às 19h. E já cheguei a gravar para o SBT mais de 110 chamadas por dia.
NaTelinha - Quase depois de 12 horas usando a voz, como você termina o dia?
Você tem aquela hora do almoço... Mas por que tem tudo isso? Quando a emissora começou, a se posicionar, ter mais programas, mais variedade, uma quantidade maior de produtos, o departamento de chamadas foi dividido em dois. Tinha os produtores da manhã, os produtores que entravam às 14h e iam até 19h. E você como locutor tem que atender todo mundo. Se eu não começasse a gravar de manhã, o pessoal da manhã ficaria sem produto gravado. E se eu não continuasse à tarde, o pessoal não tinha como editar. Então a gente resolveu até por bem, o tempo que perdia no trânsito, pra sair de casa e chegar até a Anhanguera, comecei a fazer de casa. Economizei as horas do meu dia, o pessoal de lá ganhou, eu também ganhei. Eu ia lá antes da pandemia uma vez por semana, toda terça-feira eu tava lá dando um oi, gravava de lá, fazia alguma coisinha. Mas há quase dois anos não vou pra lá. E é uma coisa que você se acostuma tanto, e hoje vou das 9h às 19h tranquilo. Sem problema nenhum. Acostumei tanto com o ritmo, então pra mim não tem diferença. Entre eles mandarem o texto pra cá, eu gravar e devolver, são 10 minutos. É muito rápido pra mim, pra eles. É um esquema que funciona bem.
Na verdade você recebe um roteiro. Eu acabei de receber de Os Trapalhões aqui. O filme dos Trapalhões. Vem pra mim assim, o primeiro áudio e vídeo: Ô de casa. A minha locução faz: 'Em busca de uma boa grana'. Aí ele responde: '5 milhões de dólares é dinheiro pra burro'. Eu fico imaginando toda essa cena. Eles me mandam o roteiro, eu imagino o que seja a cena, inclusive novela, filme, desenho, seja lá o que for. E vou colocando minha voz de acordo com aquilo que eu acho que vai casar com o filme ou a chamada.
NaTelinha - Conhecer o produto ajuda?
Exatamente. Eles mandam o filme do Jackie Chan pra mim, por exemplo. É um filme de ação onde posso usar meu grave, mas de maneira leve. É um negócio que já sei mais ou menos como funciona. Às vezes peço alguma referência. Falo assim: 'nunca gravei isso aqui, o que é?'. 'É um romance'. Ah, então beleza. Vou na linha, mas na maioria das coisas eu já conheço. Com esses anos todos, a coisa mais gostosa que eu falo, da minha vida, é que tudo que você imagina, passou pela minha voz. Tudo que teve, hoje tava vendo uma entrevista do Danilo [Gentili] com o Boris Casoy. Nossa! Me lembro perfeitamente o dia que o Boris Casoy chegou na televisão e eu tava gravando uma chamada. E ele falou: 'Olha, você vai ter que gravar minha chamada'. Falei: 'Beleza!'. É muito legal isso. Saber que tudo lá passou pela sua voz, Gugu, Hebe, Silvio Santos... Fez parte da história do SBT, da TVS, e a gente conseguiu acompanhar tudo de perto mesmo. Era diário. É muito gratificante.
NaTelinha - Sendo a voz do SBT, a voz do SBT consegue tirar férias? Essa palavra existe no teu vocabulário? Já conseguiu tirar 30 dias de férias?
Olha, é impossível. Nunca na minha vida consegui [tirar 30 dias]. Acho que o máximo foram 20 dias, por volta de 2012 ou 2013. Foi uma coisa fantástica. O resto foram dias picadinhos. Já tive caso de tirar férias que meu chefe falou assim: 'Segunda-feira você tá de férias'. Então tá, segunda-feira eu não fui. E à tarde tocou meu telefone: 'É pra você voltar, porque mudou tudo!'. (risos) Teve coisas assim. Então, por exemplo, já falei: 'Tô de férias, vou viajar!'. Fui pra Miami, cheguei na casa do amigo e eu falei: 'Tudo bem com você?'. E ele falou: 'Comigo tudo bem, só com você que não'. E eu: 'Como não?'. 'Acabaram de ligar do Brasil que tem uma coisa pra você gravar'.
NaTelinha - A tecnologia te ajudou?
A tecnologia ajudou assim... Tava no começo. Esse amigo meu que se chama Luiz Fernando Marioga, pessoa conhecida de rádio. Eu falei: 'Como a gente faz?'. Ele falou: 'Vamos descer nessa rua, que é perto da minha casa, tem uma loja que vende equipamentos e a gente vai tentar buscar o equipamento. Fui, a gente comprou microfone, comprou uma mesa, colocou no computador dele... A internet tava começando. Consegui gravar, enviar pro Brasil um arquivo de 30 segundos em mais ou menos duas horas. (risos) Uma coisa de louco. Tava bem no comecinho. Era quase internet discada. Quantas vezes, por exemplo, minha filha gosta muito de ir para os Estados Unidos, a gente, vai, ficamos no parque da Disney... Tô lá no parque da Disney e de repente toca meu telefone, ou antigamente o Nextel, e saía pra gravar. Atravessava todo o parque, ia para dentro do carro no estacionamento, gravava uma coisa urgente, mandava para o Brasil e voltava.
NaTelinha - Então várias vezes ouvimos uma chamada do SBT feita de dentro de um carro nos Estados Unidos?
Exatamente, exatamente isso, você ouviu! Inclusive, quando a gente mudou para a Anhanguera, antigamente não havia aquele acesso direto para chegar na emissora, tinha que fazer uma volta lá numa ponte longe e geralmente era tudo parado. Tudo parado! Tinha dia que o trânsito era tão parado, que começavam a me mandar coisas, e eu gravava da Anhanguera para mandar para o SBT. Era uma coisa de louco. Para um volume grande de trabalho, não dá para perder tempo. Tem que correr atrás, fazer um monte de coisa. Sempre coisa nova. Agora, por exemplo, tem o futebol. Há anos eu não fazia futebol. Quando começamos a voltar, que foi com a Libertadores, falei assim: 'Deixa eu dar uma pesquisada em chamadas na Libertadores'. Entrei no YouTube. Deixa eu ver como é uma chamada legal. A gente não tá acostumado com esse tipo de produto. E fui procurar. A primeira chamada de futebol era minha (risos). E lá da Vila Guilherme!
NaTelinha - Você reconheceu sua voz? Como é se usar como referência em um produto que o SBT está começando a investir de novo?
Eu comecei a ouvir e sabe quando a gente dá um branco? O que é isso? Parei pra pensar... É sou, sou eu mesmo! Meu Deus do céu! Mas então tá, já sei como faz. (risos) Coisas que você tá há muito tempo sem fazer e hoje é uma coisa que pra gente é diferente e é uma coisa que é como uma missão. 'A partir de agora tem futebol no SBT'. Mas tem que ter a cara do SBT, o jeito SBT de fazer futebol. A locução é feita de um jeito, o tom é usado de uma maneira pra Libertadores, um pouco mais ameno. Pra Copa América, você vai e usa o tom um pouco mais pra cima. Para outro campeonato, um tom diferente. E assim vai dando o jeito da emissora. E vai se adaptando à cara da TV. É um trabalho bem legal, bem gostoso.
NaTelinha - Você foi buscar uma chamada da década de 80. Que diferenças você traçaria nessas últimas quatro décadas entre as chamadas?
Naquela época, nas chamadas que eu ouvi principalmente, era uma coisa que procurávamos não interpretar tanto. Era uma coisa muito reta. Não precisava quicar muito, ir lá pra cima, descer ou fazer o grave. Era uma coisa mais reta, como se fosse mais um aviso que uma chamada. O visual era um pouco diferente, não temos essa riqueza de imagem que é hoje, mas funcionava. Ela era mais neutra que hoje. A chamada toda era mais neutra e tinha muito texto. Se você for ver frases, a imagem complementa, mas naquela época era muito texto. Fazia os 29 segundos de texto mesmo. Mas, era muito legal.
NaTelinha - Com o passar dos anos as chamadas foram ficando mais emotivas, então?
As chamadas do SBT tem um diferencial que as outras emissoras, não sei se é padrão... Mas o SBT assim: eu pego um filme pra fazer, de terror, eu interpreto aquele filme de terror realmente pra baixo. Eu pego uma comédia, vou realmente com a locução lá pra cima, quase que meio berrado. Se eu pego Silvio Santos, Raul Gil, vou lá pra cima, fazendo aquela festa. E outra coisa que a gente usa muito agora é conversar com o áudio e vídeo. Como nesse dos Trapalhões que te falei. É muita coisa que você vai respondendo e contracenando com o áudio e vídeo. É uma coisa que diferencia muito o SBT. O SBT tem uma cara diferente de chamadas.
NaTelinha - Isso foi uma evolução natural? Teve influência ou referência de alguém?
Não. Foi uma evolução natural. O departamento de chamadas começou fazendo aquelas chamadas de 1982, 1983 e de repente foi mudando tudo. Quando, por exemplo, pra você ter ideia, não lembro se estava na Anhanguera quando começamos a fazer chamadas mexicanas, meu diretor falou: 'Você precisa dar uma caprichada no grave da voz'. Eu não tinha, não tinha grave na voz. Ela teria uma coisa mais pesada, dramática e eu fazia aquela coisa neutra. E fui treinando meu grave. Via muita chamada mexicana, ouvia como os locutores colocavam as vozes nas chamadas. A partir daí, a emissora foi se adaptando a cada produto. Em chamada mexicana, é uma coisa pesada, ao não ser que ela seja uma comédia, uma chamada leve. Filme de terror é uma coisa pesada, filme de comédia é uma coisa neutra. Então, ela foi adaptando a locução ao tipo de texto e chamada. É uma coisa que é legal dela.
NaTelinha - Então isso é uma coisa que os mexicanos já estavam fazendo?
Já, já faziam. A gente pegou um pouco da referência. Não era obrigação. Mas é porque a emissora adotou aquilo, esse tipo de locução é legal. Então, vamos seguir essa linha que vamos nos dar bem. E foi assim que aconteceu.
NaTelinha - Quanto de liberdade você tem pra fazer as chamadas?
Olha, na verdade, o texto deles já vem tão legal pra mim, ao não ser que tenha algum errinho, alguma coisa, eu posso mudar. Mas mesmo assim, se eu perceber que é uma coisa que não tá muito legal, eu faço a opção deles e faço a minha opção. Vamos supor aqui: 'Em busca de uma boa grana'. E eu falo, nossa, mas acho que não é boa. Faço essa que ele mandou e faço: 'Em busca de uma baita grana'. Faço e mando também. Outra coisa, por exemplo: 'Esse cara tá afim de confusão'. O que podemos fazer é: 'Ih, esse cara tá afim de muita confusão'. É uma opção que eles vão ver. E mudam. Ou não. Mas, o texto é respeitado, porque o texto é muito bem feito, muito bem pensado.
Uma coisa legal de ser a voz, é porque imagino que você fica sabendo do que vai ao ar muitas vezes antes do pessoal. Por exemplo, o documentário que o Silvio Santos exibiu domingo, a assessoria nem sabia que tinha chamada, que tava rolando, ninguém sabia. E era sua voz lá. Como é isso?
Olha, na verdade, a gente fica sabendo por outras fontes, e não lá dentro. Mas isso aqui vai passar? Tem realmente um desencontro de informações e eu te garanto que não somos os primeiros a saber. Ao não ser que a coisa seja muito bem planejada, passe pra gente, mas às vezes a gente é pego de surpresa
NaTelinha - Como nesse caso, por exemplo?
A gente tem coisas no ar assim, chegou um texto que você tem que gravar e fala: 'Escuta, o que é isso aí'? Não sei, mandou, colocou... Os detalhes, a gente fica meio que perdido, mas estamos acostumados já com isso.
NaTelinha - A Casa dos Artistas vai fazer 20 anos. O programa estreou na surdina em um domingo com uma chamada sua horas antes, e ninguém sabia o que era aquilo. Você fez a chamada sem saber nada do projeto?
Nada, nada, nada! Às vezes você faz a chamada, grava o texto e não fica sabendo o que é. Não fica sabendo. Você coloca lá e realmente não sabe. Depois aparece alguma coisa ligada àquele projeto. 'Então era isso? Ah, não sabia'.
NaTelinha - E do Show do Milhão em 1999? A chamada também era misteriosa, que falavam que 'os 22 dias estão chegando'. Você sabia o que era?
Não sabia o que era. Ao não ser que venha o título. Se vier um e-mail escrito 'Show do Milhão estreia dia...', aí você sabe o que é.
NaTelinha - Você lembra como essas chamadas vieram pra você?
Acho que elas vieram com o título original, não foi aquela chamada de surpresa. Muita coisa que a gente faz e realmente fica na surdina, mas me lembro que elas chegaram com o título original mesmo. A gente fazia e ficava quietinho. Essas aí eu me lembro. Mas em outros casos eu realmente não sabia, que é texto curtinho, e depois só que você fica sabendo do que se trata.
NaTelinha - Muitos dizem que algumas chamadas são redigidas pelo próprio Silvio Santos, como o do documentário. É verdade?
Eu já gravei texto que me passaram, que me falaram: 'Olha, esse texto é do Silvio, feito por ele'. Mas é isso, um texto pequeno escrito por ele, você grava ali, mas nada de outro mundo, não. Ele manda às vezes, pede pra fazer.
NaTelinha - Fica explícito quando é ele que manda?
Fica, até pela própria linguagem que ele usa, você já sabe que é coisa dele, aquela coisa popular, aquela coisa legal, como se ele estivesse falando. Então, acho que é uma coisa muito legal. Imagino que ele escreva, até fala assim, 'você vai gravar esse texto do jeito que eu gostaria de falar'. Então, é por isso que ele faz às vezes, a gente vem e grava.
NaTelinha - Antigamente, o SBT anunciava filmes que estreavam na TV com o selo 'pela primeira vez na televisão'. Por que foi mudado apenas para 'inédito'?
Então, esse tipo de informação não chega pra gente. Ele chega que é pra fazer, entendeu? Então, chegou pra gente que ao invés de "pela primeira vez na televisão" era "inédito". Alguém realmente lá em cima realmente mudou. Pra mim, por exemplo, locutor, não chegou essa informação. 'Mudou? Mudou. Então tá'. Mas o porque dessa mudança nem sempre chega pra gente que tá executando, na verdade.
NaTelinha - Você e o Silvio se conhecem?
Não, na verdade não. Uma vez só falei com ele por telefone. Me lembro bem quando trouxe o Ratinho, e o diretor falou: 'Ele vai ligar pra você porque ele quer passar um texto pra você'. Falei: 'Tá legal'. Foi a única vez que falei com ele. Passou o texto pra mim por telefone.
NaTelinha - Isso já faz 23 anos...
Faz muito tempo, faz muito tempo, um tempão! O ponto interessante dessa história, você vê que foi uma única vez, mas tem uma história boa. Ele falou assim: 'Eu vou passar pra você o que eu quero que você fale'. Então vamos lá: 'O SBT contratou Ratinho...'. E foi aquele texto grande, fui acompanhando ele falando, e no finalzinho do texto, ele parou e falou: 'Sabe o que é? É que eu não estou com o texto aqui agora'. Falei: 'O quê? Como'?. Ele escreveu o texto, ele mandou, só que ele não estava com o texto. Ele começou a falar tudo que estava escrito no papel. Lá no finalzinho ele esqueceu e falou: 'É que não estou com o texto agora, mas é mais ou menos isso'. Meu Deus do céu! Como a cabeça funciona! Que coisa doida, louca, a inteligência desse homem é uma coisa absurda.
NaTelinha - Você já está há 37 anos sendo a voz do SBT. Por mais quanto tempo você acredita que isso é possível?
É uma coisa que a gente não tem ideia. Não dá pra prever. Tudo muda, as plataformas, de repente é uma coisa que: 'Olha, quero que você mantenha sua voz porque ela é a cara do SBT'. Ou: 'Não, a partir de agora vamos mudar a cara, então vamos partir pra outra coisa'. É difícil fazer uma previsão. A princípio, o SBT tem o interesse em manter aquela cara, aquela tradição, e aí a gente vai.
NaTelinha - Enquanto tiver voz, vai indo...
Enquanto tiver, voz vai indo! Pra você ter ideia, o Dirceu Rabello, bem mais velho que eu, está firme e forte na Globo.
NaTelinha - A Globo está mudando um pouco, colocou uma voz feminina há alguns anos, a Mabel Cezar, o que você acha disso?
Eu acho que é legal porque é o seguinte, de repente você tem um produto... Vamos lá, você tem a voz do futebol, a voz dos filmes pesados, e de repente fazer casinha da Barbie... (risos) E fica melhor às vezes numa voz mais leve. Essa mudança é benéfica mesmo, inclusive pra quem está assistindo, e vai se adequando aos produtos. Acho isso muito legal.
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