Publicado em 14/04/2024 às 07:05:38, atualizado em 14/04/2024 às 20:28:41
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Em um remake, principalmente das novelas que se tornaram um clássico, há muitas especulações e curiosidades em cima do que será reproduzido. As comparações são sempre inevitáveis e agora nessa era de refilmagens, principalmente na Globo, há de se ter cuidado na escolha da obra e muito critério do autor que escreverá a releitura, sobre suas atualizações, senão pode virar um tiro no pé.
Mas afinal, qual é o maior desafio na hora de escrever um remake? Na minha opinião, o maior desafio é a atualização da trama. É o mais perigoso, é o mais complexo dentro de todo o processo.
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O público de hoje tem outros pensamentos, outros comportamentos bem diferentes de dez, vinte ou trinta anos.
Eu sempre indago, já que é uma nova versão, por que não manter a história contada no ano que foi exibida, uma história épica? Isso soaria mais natural e ativaria a memória afetiva dos costumes e de outras coisas que sumiram do mapa nas últimas décadas.
Em Vale Tudo, por exemplo, próximo remake a ir ao ar ano que vem no horário nobre em comemoração aos sessenta anos da Globo, muitas tramas já não funcionam. A tecnologia derrubou muitas histórias do folhetim exibido em 1988, criado pelo grande mestre da dramaturgia Gilberto Braga, porque hoje, com os smartphones e câmeras de segurança por todos os lados, a trama de César (Carlos Alberto Riccelli) e Maria de Fátima (Glória Pires) não funciona, está ultrapassada, bem como o sonho dela em se tornar uma modelo famosa e nem sei se cola a questão de querer arrumar um marido rico.
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Raquel, vivida na versão original por Regina Duarte, também não ficaria rica em tão pouco tempo abrindo uma cadeia de restaurantes, assim como o crime que Ivan (Antônio Fagundes) cometeu na ocasião não o puniria tão severamente e a sofisticada revista Tomorrow já era, hoje revista é algo quase extinto. Até o famoso ‘quem matou Odete Roitman’ perderia apelo se for mantido o assassino, tendo em vista que a surpresa é zero e novela tem que surpreender, prender, engajar, fazer o telespectador ter vontade de estar ali sentado durante seis meses acompanhando a vida daqueles personagens.
Em um remake, tudo isso perde um pouco a magia. Elas Por Elas, que teve seu último capítulo exibido na sexta-feira (12), passou por diversas atualizações, inclusive os nomes dos personagens, mas não foi atualizado Mário Fofoca, personagem que se tornou um ícone da história, seria impossível mudar seu nome e nos dias de hoje é dificílimo achar algum Mário com a idade do personagem.
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Outra questão é como fazer dar certo o que foi um acontecimento em um passado distante, conquistar o público que fez dessa novela um sucesso na época. Reescrever o texto sem perder a estrutura e o fio condutor principal da obra. São vários desafios, escalação, trilha sonora e direção, tudo pode ser mais problemático do que a produção de uma história inédita e original.
É uma jogada de sorte, a sorte de encantar e prender o público, que pode ou não dar certo. E fica uma pergunta: para que fazer remakes?”
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