Globoplay resgata novela que quase foi cancelada por irritar poderoso empresário

Novela de 1974, O Espigão chega ao Globoplay nesta segunda-feira (8). A trama de Dias Gomes (1922-1999), que chega ao público 50 anos após ser exibida na TV, quase foi cancelada pela Globo por irritar um poderoso empresário da época, que se viu retratado na história.

Em sua autobiografia Apenas um Subversivo, Dias Gomes lembra que recebeu uma ligação de Boni, então diretor da Globo, “atropelando as palavras, naquela voz metálica que às vezes me feria os ouvidos”, nas palavras do autor, para dar uma má notícia.

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Boni informou ao escritor que Roberto Marinho (1904-2003), fundador e presidente da emissora, ouviu uma reclamação do empresário Sérgio Dourado (1930-2018). A acusação era que Dias estava escrevendo uma novela sobre a vida do executivo. Por isso, o dono da Globo teria mandado cancelar a obra.

No livro, Dias criticou: “Sérgio Dourado era o dono de uma empresa imobiliária que estava destruindo o Rio de Janeiro, derrubando casas e mais casas para construir horrendo prédios de apartamentos”. Em O Espigão, o autor fazia uma crítica ecológica e estética desse fenômeno.

Lauro Fontana (Milton Moraes) era proprietário de uma grande empresa imobiliária com o mesmo objetivo do personagem real. Ele pretendia erguer um edifício de 50 andares no bairro de Botafogo. A saída foi torná-lo dono de uma cadeia hoteleira para diferenciá-lo de Sérgio Dourado.

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Com a alteração, O Espigão foi liberada e se tornou, segundo o autor, uma de suas novelas mais bem produzidas. O público percebeu a crítica presente no texto e endossou o discurso da novela. Na vida real, Dourado chegou a ser hostilizado no lançamento de um prédio.

Na trama exibida na faixa das 22h, Lauro Fontana quer construir o maior hotel do Brasil, mas precisa convencer os irmãos Camará a venderem a mansão que vivem, enfrentando dilemas éticos e obstáculos pessoais. O elenco tinha Betty Faria, Ary Fontoura, Susana Vieira, Suely Franco, entre outros.