“Era engraçado ver o rigor político-ideológico da menina se chocando com a esculhambação brasileira. O choque não era com o capitalismo, mas com a bagunça de um país que vive em carnaval permanente. O Brasil não tem revolução porque tem carnaval.”
Publicado em 12/06/2023 às 13:00:00
De volta no Viva após 25 anos, a novela Corpo Dourado (1998) quase teve uma protagonista comunista. Selena, a personagem vivida por Cristiana Oliveira, inicialmente seria uma guerrilheira exilada em Cuba que retorna ao Brasil. O autor teve que mudar a história às pressas e o "choque cultural" da trama passou a ser de uma caipira que precisa se habituar à vida à beira-mar no litoral do Rio de Janeiro depois de descobrir ser herdeira de uma grande fortuna.
“Corpo Dourado foi uma loucura. Eu quis fazer uma brincadeira com o filme Ninotchka, em que Greta Garbo vive uma agente russa que sucumbe aos encantos do capitalismo em Paris. Eu trouxe a história para o presente”, comentou Antônio Calmon no livro Autores: Histórias da Teledramaturgia, lançado em 2008 pelo projeto Memória Globo.
O escritor deu mais detalhes sobre a novela que não foi ao ar: “A trama mostrava uma moça, filha de uma guerrilheira exilada em Cuba, que tinha sido criada segundo os dogmas do marxismo. De repente, a personagem descobria que o pai era um milionário brasileiro, e ela, uma herdeira rica. Então, decidia vir para o Brasil”.
“Era engraçado ver o rigor político-ideológico da menina se chocando com a esculhambação brasileira. O choque não era com o capitalismo, mas com a bagunça de um país que vive em carnaval permanente. O Brasil não tem revolução porque tem carnaval.”
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A ideia original teve que ser alterada, segundo Calmon. “A sinopse feriu as sensibilidades de alguns autores, e me pediram uma versão sem Cuba. Foi aí que pensei na família Buscapé. Eu me lembrei das personagens Chulipa e Violeta, e foi ali que encontrei a saída para fazer a novela. De resto, são os mesmos clichês, com o tempero particular do autor.”
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Para a personagem vivida por Cristiana Oliveira, o veterano autor buscou inspiração em um crime que chocou o mundo nos anos 1990. “Criei a Selena, uma homenagem à cantora latina Selena, assassinada nos Estados Unidos”, revelou Antônio Calmon, na mesma entrevista.
De ascendência latina, a cantora Selena despontava para a fama quando foi morta aos 23 anos, em 31 de março de 1995, pela sócia e presidente de seu fã-clube Yolanda Saldívar. No Brasil, naquele mesmo ano, a música I Could Fall in Love entrou para a trilha da novela Cara e Coroa (1995), também escrita por Calmon – ouça ao final deste texto.
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O autor fez um balanço da trama, que volta ao ar, na TV a cabo, após 25 anos: “Foi uma novela gostosa, fez sucesso. Corpo Dourado também foi uma emergência da emissora. Tive que fazer correndo. Fiz bem, deu certo, mas não consigo nem resumir a história, porque não me lembro. Para ser franco, minhas novelas são Top Model, Vamp, Um Anjo Caiu do Céu e O Beijo do Vampiro. Essas não foram improvisadas”.
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