Marcos Palmeira vê Pantanal como guinada na carreira e torce por remake de outro clássico
Ator diz que Tadeu de José Loreto foi "mais sexualizado" que o de 1990 e dá detalhes sobre último capítulo; cena com Velho do Rio foi feita em reverência a Osmar Prado
José Leôncio morre e assume lugar do Velho do Rio no último capítulo de Pantanal - Foto: Roberto Teixeira/Gshow
Publicado em 07/10/2022 às 04:41:00, atualizado em 07/10/2022 às 09:22:57
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“É uma guinada, como se eu estivesse fechando e abrindo um novo ciclo na minha carreira”, define Marcos Palmeira sobre o trabalho como José Leôncio em Pantanal. Com o fim da novela nesta sexta-feira (7), na Globo, o ator de 59 anos conclui um dos trabalhos de maior popularidade na TV, como reconhece nesta entrevista exclusiva ao NaTelinha.
No último capítulo de Pantanal, José Leôncio morre e finalmente encontra o Velho do Rio, papel de Osmar Prado. “Fiz a cena em reverência a ele. É também o filho em reverência a esse pai”, comenta Marcos Palmeira. “Saímos deste trabalho mais fortes e mais ricos, no sentido da conquista da profissão, de amadurecimento, de mais carcaça e ferramentas para novas aventuras”, avalia.
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O ator, que esteve na primeira versão de Pantanal, em 1990, retornou à cena como o protagonista da história. Na empreitada, buscou mais do que se inspirar em Cláudio Marzo (1940-2015), o José Leôncio da novela original: quis homenageá-lo em sua atuação. Palmeira também rasga elogios a José Loreto, que assumiu seu antigo personagem, e aponta diferenças: “Ele é um Tadeuzinho muito mais sexualizado do que o meu”.
Mesmo bastante popular, José Leôncio de 2022 não escapou de críticas, especialmente pela relação com Filó, vivida por Dira Paes. “Não negar esse machismo foi o que fez ele dialogar”, comenta o ator. “O Zé Leôncio é um homem em transformação”, diz ele, que também elege, no bate-papo a seguir, qual outro remake gostaria de protagonizar.
Leia na íntegra a entrevista com Marcos Palmeira, o José Leôncio de Pantanal
NaTelinha: Ao longo da sua carreira, você já atuou em novelas de grande sucesso. O que esta segunda versão de Pantanal teve de diferente?
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Marcos Palmeira: É, ao longo da minha carreira, realmente tive o privilégio de começar com Vale Tudo (1988) e depois vir com Pantanal (1990), Renascer (1993), Porto dos Milagres (2001). Enfim, poder estar quase chegando aos 60 anos e receber um presente desses, um personagem com a minha idade, com a força do Benedito Ruy Barbosa [autor de Pantanal original, agora adaptada pelo neto dele, Bruno Luperi] e recontar essa história de um autor tão importante para mim… É uma guinada, como se eu estivesse fechando e abrindo um novo ciclo na minha carreira.
NaTelinha: Também foram muitos os personagens populares. Como o José Leôncio se insere entre eles?
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Marcos Palmeira: Essa linha de personagens populares aconteceu tanto na televisão quanto no cinema. Tenho muito orgulho de representar esse homem brasileiro, do campo. Para mim, o melhor lugar do Brasil está no campo. Tenho muito orgulho de ter me tornado esse ator com identificação popular. Não foi nada programado, mas é motivo de orgulho e honra.
NaTelinha: O que há de seu no José Leôncio e o que vocês têm de diferente?
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Marcos Palmeira:O Zé Leôncio é um homem ligado na vida. Ele aprende todos os dias com a Filó. Também sou um pouco assim. Quanto mais tempo a gente tem de vida, mais tempo a gente tem para dilapidar os nossos diamantes, que podem se quebrar ou serem lapidados. Muitos vão se quebrando pelo caminho... Ao mesmo tempo, ele tem um resquício maior desse machismo ancestral. Apesar de eu também ter, fui criado em uma família mais liberal, tenho uma estrutura familiar que ele não teve. Mas também o considero um guerreiro e um vitorioso.
NaTelinha: Apesar de popular, José Leôncio também foi bastante controverso e evocou discussões sobre o machismo, especialmente nas relações com Filó e Jove. Acredita que a história de 1990 conseguiu dialogar com o público de 2022?
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Marcos Palmeira: Não negar esse machismo foi o que fez ele dialogar. Você não pode fingir que não é aquilo que você é. "Jamais serás quem tu não és" é uma frase que eu gosto muito. O Zé Leôncio é um homem em transformação.
“O tempo inteiro, ele reflete sobre o machismo, a homofobia, porque são coisas que vêm da forma como ele foi criado. Ao mesmo tempo, ele está aberto. Fiquei muito feliz com a resposta da novela. A escrita do Benedito transcende as épocas e o tempo. É um clássico.”
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Marcos Palmeira
Marcos Winter, Claudio Marzo e Marcos Palmeira na primeira versão de Pantanal, de 1990 - Foto: Reprodução
NaTelinha: Você “assistiu” de perto ao trabalho do Claudio Marzo como José Leôncio. Em que medida ele foi uma inspiração?
Marcos Palmeira: O Cláudio sempre foi uma inspiração como pessoa e ator. Foi um companheiro, um queridaço, um grande ator. Filmou muito com meu pai, ele era o grande galã do Zelito [Viana]. Tive um pouco de inspiração, até de uma forma a homenageá-lo, mais do que me inspirar.
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“O meu Zé Leôncio é bem diferente do dele, porque somos pessoas diferentes, com temperamentos diferentes. Essa é a possibilidade mágica: cada ator coloca um pouco do seu tempero em um personagem tão rico. Amanhã, pode ser um outro ator fazendo que com certeza fará de forma brilhante.”
Marcos Palmeira
NaTelinha: Qual foi a dinâmica com o José Loreto, que assumiu o Tadeu da nova versão? Consegue apontar diferenças ao personagem dele em relação àquele que você fez há 32 anos?
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Marcos Palmeira: O José Loreto foi um grande encontro. Ele é um Tadeuzinho muito mais sexualizado do que o meu. O meu era mais introspectivo, menos experiente diante da vida. O dele foi para um outro lugar, que também foi brilhante, belíssimo. Porque ele também encontrou uma outra Zefa e um outro Zé Leôncio. Eu trabalhei dentro de um contexto daquela época. Acho que o José Loreto foi muito feliz com o Tadeu que ele fez.
Marcos Palmeira: Eu já tinha trabalhado com o Osmar, é um grande ator. Fiz a cena em reverência a ele. É também o filho em reverência a esse pai. Foi uma última cena toda dedicada a ele. Foi muito boa essa troca com o Osmar no final. Saímos deste trabalho mais fortes e mais ricos, no sentido da conquista da profissão, de amadurecimento, de mais carcaça e ferramentas para novas aventuras.
Marcos Palmeira sugere remake de Renascer e torce por papel que foi de Antonio Fagundes - Foto: Reprodução/Acervo Globo
NaTelinha: Há alguma novela que você torce para ganhar remake – e para estar no elenco?
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“Poderia falar várias… Eu adoraria fazer Renascer e poder ser o José Inocêncio [personagem de Antonio Fagundes]. Mas é muita pretensão. A Globo vai saber o que é melhor para ela. O Benedito é sempre um clássico. Alguma do Dias Gomes também pode ser pensada. São muitas possibilidades. Eu adoro bons papéis e, para eles, estou sempre à disposição.”
Marcos Palmeira
NaTelinha: Além de Pantanal, conte sobre seus planos e os projetos em que está envolvido atualmente.
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Marcos Palmeira: Depois da novela, já emendo com a gravação de um documentário chamado A Era dos Humanos, escrito e dirigido pela Iara Cardoso, para o Globoplay. Vai falar um pouco dos quatro elementos da natureza, de como estão dentro da gente, em cima das nossas emoções e sentimentos. E também do quanto isso interfere, de alguma forma, no aquecimento global, o que podemos fazer, mudando nossas atitudes e pensamentos, para melhorar a qualidade de vida no futuro da humanidade.
O NaTelinha divulga todos os dias os resumos dos capítulos, detalhes dos personagens, entrevistas exclusivas com o elenco e spoiler da novela Pantanal. Confira!
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