Publicado em 09/02/2022 às 07:06:23,
atualizado em 09/02/2022 às 09:46:47
Com estreia prevista para março, o remake de Pantanal está gerando expectativas no público e até mesmo na família de Benedito Ruy Barbosa, autor da novela original, exibida em 1990 pela Manchete. Escalada para dar vida a Zefa, Paula Barbosa, neta do escritor, não imaginava que a trama ganharia uma nova versão e diz que a possibilidade não foi aceita logo de cara pelo avô. "Refazer um grande sucesso é arriscado. Existia a dúvida, a insegurança. Mas acredito que conversando e ouvindo sobre o projeto, ele comprou a ideia também", opina a atriz, em entrevista ao NaTelinha.
Apesar de ter ido ao ar quando Paula ainda era bem pequena, a paulistana de 35 anos conta que tem muitas lembranças da época porque a novela era um evento para a família. "Lembro claramente de todos sentados em volta da televisão na casa dos meus avós pra assistir Pantanal. As músicas e a coisa da onça-pintada ficaram na minha memória, era muito forte na minha cabeça", revela, acrescentando ainda que cresceu ouvindo as histórias de como Benedito Ruy Barbosa conseguiu colocar a trama no ar. "Além desse lado dele, de ter acreditado no projeto, que ficou tanto tempo guardado até ele conseguir vender a ideia pra alguém, tem também a questão da mudança na carreira dele", observa.
Até então, Benedito Ruy Barbosa fazia novelas das seis na Globo e recebeu várias respostas negativas em relação a Pantanal, principalmente, por sair do eixo Rio x São Paulo. O autor acabou pedindo demissão da emissora dos Marinho e conseguiu emplacar a obra na Manchete. "Com o sucesso que foi, ele teve grandes oportunidades. Logo veio Renascer (1993), depois O Rei do Gado (1996), foi quando ele pôde escrever para o horário nobre. Pelas histórias que ele e minha família contam, com certeza Pantanal foi um divisor de águas", lembra Paula.
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A atriz, que já esteve no elenco de outros remakes de trabalhos do avô, como Paraíso (2009) e Meu Pedacinho de Chão (2014), diz que fazer Pantanal foi tão prazeroso para Benedito Ruy Barbosa que se tornou especial para a família inteira. "Eu tinha essa novela no meu imaginário desde criança. Quando soube do remake, fiquei com uma coisa aqui dentro dizendo 'eu preciso fazer'", admite, contando ainda que o convite não veio de forma tão simples, pois, além do veterano e do primo, Bruno Luperi, que está fazendo a adaptação da trama, existiam outras pessoas envolvidas. "Fiquei na expectativa e depois de um tempo me ligaram dizendo que eu iria fazer", completa.
Zefa, personagem de Paula, foi vivida por Giovanna Gold na primeira versão da trama. A atriz conta que as duas ainda não se encontraram pessoalmente, mas já tiveram uma troca nas redes sociais. "Ela curtiu uma matéria que saiu com a notícia de que eu iria ficar com o papel no remake, a gente começou a se seguir no Instagram e ela me desejou boa sorte. Eu falei que a gente precisa bater um papo, mas ainda não nos vimos por conta da pandemia", detalha. Paula sabe que, em situações como essa, comparações são quase inevitáveis, mas acha que, por conta de a novela ter sido exibida há mais de 30 anos, talvez isso não aconteça muito. "A ideia é que as pessoas vejam e percebam que estou fazendo diferente, indo por outro caminho. Até porque, se passou muito tempo e, mesmo tendo bastante coisa atual no texto, é outra linguagem. Mas essa preocupação eu não tenho. Se tiver essa preocupação, a gente não vai trabalhar, né?", indaga.
Em Pantanal, Zefa é contratada para trabalhar na casa de Tenório (Murilo Benício) e Maria Bruaca (Isabel Teixeira) e não aguenta ficar quieta vendo todos os absurdos que acontecem na vida dos patrões. A fama de intrometida da personagem é familiar para Paula Barbosa, que assume que sempre falou tudo o que vinha à cabeça. "Eu já sofri com essa coisa de ser sincerona. Quando eu era mais nova, falava tudo o que achava errado, mas aprendi a dosar melhor. Quando se trata de um casal, como Bruaca e Tenório, é mais complicado ainda, porque eles se resolvem e é você que sai como a errada da história", brinca a atriz.
Para a novela, Paula fez aulas de equitação e alongou as madeixas. "Estava com o cabelo bem curtinho e pus um cabelão. Como era pra eu ter começado a gravar antes, já tô com ele há um tempo. Foi bom que deu tempo pra acostumar e imaginar como a Zefa mexeria e prenderia o cabelo. Fez parte da preparação de corpo para a personagem", conta. O sotaque da caipira também exigiu uma atenção especial da intérprete. "Eu tenho pego muita expressão do Pantanal, a forma deles falarem, e coloco uma coisinha ou outra. É delicado porque você não pode puxar muito. Lá tem tanta expressão que é quase uma outra língua. Se for trocar todas as palavras do texto por expressões locais você não entende o que eles estão falando, tem coisa muito diferente. Então não dá pra ser tão a fundo. É um trabalho minucioso porque as pessoas têm que remeter à região, mas tem que ter equilíbrio", diz.
Paula aguarda ansiosamente pelo momento que conseguirá conhecer o Mato Grosso do Sul. Como a Zefa só entra na novela no capítulo 55, as gravações da atriz começam primeiro pelos estúdios da Globo no Rio e depois acontecerão no Pantanal. Por enquanto, o que ela conhece da terra de sua personagem é por meio de pesquisas e do que ela já assistiu do folhetim. "Dei uma maratonada no que tinha, porque tá faltando bastante coisa. Vi tudo o que eu quis ver e parei pra começar um novo trabalho. Senão, querendo ou não, a gente fica muito preso. Vi, guardei, e agora só depois. Até terminar não quero mais ver não", finaliza.
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