“Minha vida estava uma confusão quando me disseram que eu teria que estrear a novela três meses antes do previsto. Eu estava me preparando, contava com aquele prazo para ficar legal. Então, foi difícil do começo ao fim.”
Euclydes MarinhoPublicado em 23/01/2022 às 11:00:00
Há 20 anos, em janeiro de 2002, a Globo colocava no ar às 19h uma novela pouco lembrada: Desejos de Mulher, escrita por Euclydes Marinho. Com um elenco de peso, encabeçado por Regina Duarte e Glória Pires, mas marcada por problemas, a produção foi detonada até pelo próprio autor, em entrevista anos depois.
Em depoimento ao livro Autores: Histórias da Teledramaturgia (2008), do projeto Memória Globo, o autor Euclydes Marinho relatou que enfrentava problemas pessoais quando Desejos de Mulher foi ao ar. Para piorar, a trama teve seu início antecipado porque a antecessora no horário, As Filhas da Mãe (2001) não havia agradado o público.
“Minha vida estava uma confusão quando me disseram que eu teria que estrear a novela três meses antes do previsto. Eu estava me preparando, contava com aquele prazo para ficar legal. Então, foi difícil do começo ao fim.”
Euclydes Marinho
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Havia uma expectativa de que Desejos de Mulher recuperasse o público do horário. Para isso, Regina Duarte e Glória Pires foram chamadas para repetir a dobradinha de sucesso do clássico Vale Tudo (1988). A primeira vivia uma estilista de sucesso, enquanto a segunda era sua irmã mais nova, uma dona-de-casa que dedicou sua vida à família.
A trama também marcava a estreia em novelas de Mel Lisboa, em alta na época após estrelar a minissérie Presença de Anita (2001).
Logo na estreia, a Globo já acendeu o alerta vermelho. A história entrou no ar com 29 pontos na Grande São Paulo – menos ainda que As Filhas da Mãe, cujo primeiro capítulo havia marcado 39. Um apagão em várias cidades foi apontado na época como justificava pelo mau desempenho da atração em praticamente todo o país.
Os baixos índices, porém, se estenderam nos capítulos seguintes, e não houve outra saída senão mudar os rumos da trama. Quem ganhou destaque nas novas rotas da história foi a vilã Selma Dumont (Alessandra Negrini), que passou a dominar a ação, inicialmente centrada na rivalidade entre as irmãs Andréa Vargas (Regina Duarte) e Júlia (Glória Pires).
“Eu mexia na trama todo dia. A cada capítulo, a novela tinha uma cara. Ficou algo completamente louco. Os personagens não tinham pé nem cabeça, faziam uma coisa a cada dia. Eu tentei de tudo. Se me falassem que daria certo botar um elefante plantando bananeira, eu botaria. Foi uma maluquice, muito, muito estressante.”
Euclydes Marinho
Mesmo mandando às favas a coerência, Desejos de Mulher acabou por elevar ligeiramente a audiência das sete da noite. Teve média de 33 pontos, cinco a mais que a antecessora e a sucessora, O Beijo do Vampiro (2002) - ambas fecharam com 28. Não escapou, porém, do título de “pior novela do ano” segundo a imprensa, como relembrou Marinho na entrevista citada acima.
O autor, que assinava sua segunda novela solo – a primeira havia sido Andando nas Nuvens (1999), três anos antes –, nunca mais voltou ao gênero. Seguiu para as minisséries, como Capitu (2008), O Brado Retumbante (2012) e Felizes para Sempre? (2015), entre outros projetos especiais na Globo.
Inconfundível
A abertura de Desejos de Mulher trazia a interpretação marcante de Elza Soares (1931-2022), que morreu nesta semana, aos 91 anos. O dueto era com Chico Buarque na música “Façamos (Vamos Amar)”, versão em português de “Let's Do It (Let’s Fall in Love)”, de Cole Porter. Confira:
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Tristeza
Bomba
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Sem juízo
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