Quando conseguirmos igualar o olhar do público para todos os tipos de relações, poderemos comemorar. O importante é não desistir.
Publicado em 06/12/2021 às 06:50:00,
atualizado em 06/12/2021 às 11:30:47
João Vitor Silva retornou à pele de Bruno em Verdades Secretas 2, sucesso de audiência e de polêmicas no Globoplay. Na história original de Walcyr Carrasco, atualmente em reprise na Globo, o papel era de um adolescente que descobria a própria sexualidade e se envolvia com drogas. Na segunda temporada, já encontramos um homem gay em conflito constante com a dependência química.
Em entrevista exclusiva ao NaTelinha, João Vitor Silva fala da repercussão das sequências mais quentes de Verdades Secretas 2, que têm dividido opiniões. Falem bem ou mal, a novela tem rendido assunto nas redes sociais. “Sinceramente, acho que as cenas de sexo são lindas e cumprem muito bem a função delas, que é causar esse burburinho. Afinal, só comenta quem assiste (risos)”, diz.
O ator não escapou dos ataques, especialmente após um depoimento que acabou mal interpretado. “O que me deixou triste é que isso nasceu de uma inverdade, uma fala de que eu, por ser um homem hétero, estaria tendo dificuldades a até precisando da intervenção divina pra interpretar um homem gay. O que, claro, nunca aconteceu.”
Para ele, o erotismo gay na novela - como as cenas de seu personagem com Benji (Rodrigo Pandolfo) - trazem representatividade. “Por estarmos fazendo uma novela para o streaming, tivemos mais liberdade para falar e avançar em passadas mais largas. Mas vitória mesmo será quando conseguirmos fazer isso na TV aberta. Até porque o sexo entre casais heterossexuais já é retratado com a mesma intensidade e não incomoda.”
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As cenas de sexo se intensificaram em Verdades Secretas 2, o que rendeu uma maior reação da audiência, incluindo ataques a você e outros atores. Qual tem sido a repercussão da novela para você? João Vitor Silva - Sinceramente, acho que as cenas de sexo são lindas e cumprem muito bem a função delas, que é causar esse burburinho. Afinal, só comenta quem assiste (risos). Sobre os ataques direcionados a mim, acredito que tinham base numa questão muito necessária a ser discutida, que é a inclusão de atores LGBTQIAP+ nas dramaturgias e, consequentemente, a falta de representatividade para uma comunidade que há anos precisa de mais espaço nas construções cênicas. O que me deixou triste é que isso nasceu de uma inverdade, uma fala de que eu, por ser um homem hétero, estaria tendo dificuldades a até precisando da intervenção divina pra interpretar um homem gay. O que, claro, nunca aconteceu! Exatamente por entender o tamanho da minha responsabilidade com esse personagem, me entreguei a ele livre de qualquer preconceito e julgamento, e estou muito satisfeito com o resultado. A teledramaturgia nunca exibiu cenas de sexo gay tão explicitas. Até outro dia, um simples beijo entre dois homens era tabu. Acredita que esse erotismo traz também um avanço de representatividade e igualdade? João Vitor Silva - Acredito que sim. Ainda que de forma lenta, estamos caminhando. Acho que por estarmos fazendo uma novela para o streaming tivemos mais liberdade para falar e avançar em passadas mais largas. Mas vitória mesmo será quando conseguirmos fazer isso na TV aberta. Até porque o sexo entre casais heterossexuais já é retratado com a mesma intensidade e não incomoda. Quando conseguirmos igualar o olhar do público para todos os tipos de relações, poderemos comemorar. O importante é não desistir.
Na primeira temporada, Bruno era um adolescente. Na segunda, já é um adulto. Como trabalhou o amadurecimento do personagem? João Vitor Silva - O Bruno é um personagem que construí com muito carinho na época de Verdades Secretas. Nessa segunda temporada, o desafio era resgatar as características da primeira temporada e trabalhar o amadurecimento em cima das escolhas que fiz há seis anos. Ou seja, a chave para descobrir como seria o Bruno adulto foi nunca esquecer do Bruno adolescente. E vale a pena lembrar que o Walcyr escreve muito bem os personagens, logo, outra grande parte da construção é simplesmente estudar o texto, pois está tudo ali. A reação do público e da crítica à segunda temporada também tem sido diferente da primeira. Em 2015, a novela chegou perto da unanimidade. Como avalia as respostas que recebeu desses dois trabalhos? Ah, é sempre difícil dar continuidade a um sucesso. Acho que fomos muito corajosos e sabíamos desde o início que as críticas viriam. Estávamos preparados para lidar com elas e seguimos acreditando nas nossas escolhas mesmo assim. E ainda que estejamos fazendo uma temporada bem diferente da primeira, a unidade entre as duas se encontra na autenticidade, que é a cara de Verdades Secretas. Em 2015, o Brasil também era outro. O público também mudou nesses seis anos? João Vitor Silva - Sim. A prova disso é a polarização política que vivemos. Agora, por mais que o público tenha mudado, ou pelo menos mudado o pensamento, entendo que a arte também é viva e, consequentemente, mutável. Às vezes ela acompanha os rumos que o país está tomando, às vezes ela é uma potente forma de resistência. E é por isso que amo o que faço, pois a troca com o público possibilita o debate - e o debate nos faz crescer tanto individualmente quanto como sociedade.
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Verdades Secretas 2
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