Publicado em 10/09/2021 às 04:00:00,
atualizado em 10/09/2021 às 09:16:44
A Netflix Brasil quer estrear em novelas no país com uma produção icônica e vem negociando a possibilidade de lançar, já em 2022, um remake de alguma das mais importantes obras da TV brasileira. A empresa tem em sua mesa dezenas de histórias, mas três ganharam destaque nas últimas semanas: Mulheres de Areia (1973), O Casarão (1976) e Pecado Capital (1975).
Segundo apurou o NaTelinha, após meses de pesquisa, a cúpula da Netflix no Brasil compreendeu que uma forma de atrair olhares do público de novelas é usar uma marca forte e conhecida. O crescimento do Globoplay, espelhado na liberação de novelas históricas no catálogo a partir do ano passado, não passou despercebido e foi um dos elementos para a possibilidade de um remake.
Como o serviço de streaming não conta com catálogo próprio e também não possui nenhuma grande obra em seu acervo - e elas são poucas fora da Globo - a empresa quer fazer um remake para atrair os olhos do público noveleiro para a plataforma. Levantamento interno da Netflix Brasil e que a reportagem teve acesso indica que, embora com mais de 20 milhões de assinantes, a minoria do público fixo de novelas acessa a plataforma, ou seja, há um amplo espaço de crescimento.
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Em reunião recente entre a cúpula da empresa no Brasil e o chefão da América Latina, o Paco, foi exposto que uma nova novela poderia repercutir muito na bolha dos assinantes, mas eles não são o público que a Netflix quer ao produzir novelas, por isso o ideal seria levar os noveleiros de plantão por meio de uma marca que já fosse fortalecida na memória afetiva.
Desde julho o NaTelinha já investiga a possibilidade da Netflix adquirir parte do extenso acervo de Janete Clair, mas como as negociações esfriaram, o caso foi acompanhado de longe. Uma fonte confirmou que a família da novelista não negocia nenhuma obra neste momento com a plataforma de streaming, mas o próprio familiar lembra que isso não significa que não haverá novela lá.
Isso porque, a obra de Janete Clair pode estar sendo negociada por terceiros, ou seja, uma produtora compra os direitos e faz a novela para a Netflix e é este o caso, porque torna a compra mais barata, segundo apurou a reportagem. Neste caso, o serviço não iria adquirir todo o acervo, mas a princípio o interesse maior está em uma novela: Pecado Capital.
A trama protagonizada por Francisco Cuoco foi um grande sucesso dos anos 70, quando a telenovela ainda se firmava no país e mostrou um personagem dúbio, uma espécie de anti-heroi. Nos anos 90, a Globo já fez um remake pelas mãos da pupila de Janete, Gloria Perez, mas dessa vez a produção não pegou e o sucesso não foi mesmo. Agora, a plataforma quer rejuvenecer a história.
Quem também corre para tentar emplacar uma novela na Netflix é Lauro César Muniz. Embora aposentado como escritor, o autor já conversou com a plataforma e estaria disposto a vender os direitos de O Casarão para o serviço, sendo ele o responsável pela escolha do roteirista e também pela supervisão. A trama é considerada um dos grandes sucessos do autor e uma das produções mais revolucionárias da história das novelas brasileiras.
Depois de muitos anos pertencendo à Globo, segundo apurou a reportagem, os direitos do texto de O Casarão estão com o próprio Lauro César e ele pode negociar com quem quiser, daí o facilitador para a Netflix.
O levante mais ousado e também mais difícil, no entanto, é Ivani Ribeiro. Considerada uma das mais importantes novelistas do país, ela deixou tramas inesquecíveis e, talvez a maior delas seja Mulheres de Areia. Com duas versões, uma na Tupi e uma na Globo, a novela voltou a ser cogitada para o Vale a Pena Ver de Novo e também para ganhar uma nova versão na Globo.
Mas a reportagem apurou que os direitos da produção pertencem ao espólio de Ivani e que a Globo vinha negociando a compra, mas a Netflix quer atravessar e deixar ela com os direitos humanos pelo texto. Isso significaria que as comemorações pelos 100 anos de Ivani Ribeiro, em 2022, poderia ter uma nova Mulheres de Areia, mas feita para o streaming.
Procurada, a Netflix não se manifestou.
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