Publicado em 09/02/2021 às 06:52:00
Há 40 anos, a Band estreou Rosa Baiana, de Lauro César Muniz, e fugiu dos ambientes tradicionais, Rio e São Paulo, já que a novela se passou na Bahia. Contudo, mesmo a produção sendo no estado com a maior proporção de negros do Brasil, o elenco acabou sendo formado por maioria branca, igual Segundo Sol (2018). Mas, diferente do enredo de João Emanuel Carneiro, não houve críticas a trama do canal do Morumbi na época.
A história tinha os campos petrolíferos como pano de fundo e contou com o patrocínio da Petrobrás. A ideia foi do diretor Walter Avancini e o autor viajou para Salvador, Aracaju e Manaus para fazer os primeiros contatos diretos com o universo do petróleo. “Foi uma experiência fantástica e épica”, lembrou Lauro César Muniz. “Visitei áreas de exploração na Amazônia e passei dias hospedado numa plataforma marítima”, disse Muniz para o Jornal do Brasil, em 1980.
A trama contava a história de Rosa (Nancy Wanderley) e os problemas de seus sete filhos – Agenor, Ivan, Bráulio, Wálter, Orestes, Edinho e Cláudia – nunca perdendo a esperança que Edmundo Lua Nova (Rafael de Carvalho) volte mais uma vez para casa. Ela sempre sonhava em ter o pai dos seus filhos ao seu lado.
Porém, os principais personagens só tinham atores brancos. Para se ter uma noção da falta de representatividade, Gianfrancesco Guarnieri fez o papel do Agenor. O ator nasceu em Milão, na Itália, e teve papel fundamental numa produção que se passava na Bahia.
Em Segundo Sol, Giovanna Antonelli, Emílio Dantas, Adriana Esteves e Deborah Secco foram os protagonistas da produção. Na ocasião, muitos telespectadores e críticos especializados desaprovaram a falta de representatividade, pois contou com poucos atores negros no elenco, ganhando o apelido de “Bahia Branca”.
“Eu acho que tá certo. Tem que dar voz aos negros, fazer a novela com mais atores negros. E nesse evento aí, nessa ocasião do Ministério Público no Segundo Sol, eu aprendi. Acho que foi uma lição pra mim. Eu penso em fazer novelas diferentes também”, afirmou João Emanuel Carneiro em entrevista para Pedro Bial no ano passado.
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Logo no começo das gravações, o diretor David José teve problemas com Lauro César Muniz. Na ocasião, o autor afirmou que David tinha uma interpretação diferente do que ele escrevia. Isso acabou fazendo com que a Band realizasse mudanças na direção, formando um trio com Antonino Seabra, Waldemar de Moraes e Sérgio Galvão.
Tempos depois, Avancini teve problemas, mas foi com a direção da emissora. Ele não aceitou algumas interferências e pediu demissão. Lauro ficou sozinho e enfrentou ainda mais dificuldades ao longo da trama, pois o diretor era o único que queria levar adiante o projeto de inovação.
Muniz ainda ficou insatisfeito com os problemas técnicos e de produção que aconteceram. A captação de som das cenas externas – que eram a grande maioria – recebeu muitas críticas. Teve também gravações com uma só câmera, prejudicando a qualidade, pois perdia a naturalidade dos atores.
Antônio Carlos Magalhães, ex-governador da Bahia, ficou feliz quando a Band resolveu fazer uma novela sobre o estado, porque ele queria que o Brasil conhecesse o lado turístico da região. Porém, a novela passou a mostrar o lado pobre e feio, o que deixou o político muito irritado.
Em explicações extraoficiais, ele achava que Rosa Baiana não refletia uma imagem ideal. Tanto que passou a interferir na trama e dificultar que gravações fossem feitas novamente na Bahia.
Wálter Prado surpreendeu todo mundo e deixou Lauro César com muita dificuldade na reta final. Faltando 20 capítulos para encerrar as gravações, o ator voltou para São Paulo e não encerrou seu trabalho. O artista interpretava o personagem Orestes e era um dos principais da produção.
“Rosa Baiana foi uma empreitada muito difícil, porque não tivemos apoio de ninguém, nem ao menos da própria casa. Ninguém se preocupou com esta novela e ela acabou relegada a segundo plano. (…) Em primeiro lugar, não tínhamos uma organização montada na Bahia, uma infraestrutura, o que dificultava tudo, pois se um equipamento quebrava, tínhamos que mandá-lo para São Paulo, sendo preciso parar as gravações. Além disso, é sabido que o som de externa é muito deficiente e isso fez com que a novela se ressentisse na parte técnica. Depois, faltou uma unidade de direção, pois foi dirigida por cinco pessoas, o que fez com que o ritmo se quebrasse. Além do mais, não havia direção de arte; tudo que harmoniza o visual da novela não existia. Os atores se vestiam e se maquilavam a seu bel-prazer. E o último golpe de misericórdia foi retirá-la da programação de sábado, sem que ninguém fosse consultado se devia ou não”, comentou Muniz em entrevista para a revista Amiga, em 1981.
Para tristeza do autor, Rafael de Carvalho morreu aos 63 anos, vítima de enfarte, enquanto a novela ainda estava sendo gravada. O escritor não quis matar o personagem ou substituir o ator. Ele optou por fazer com que Edmundo Lua Nova abandonasse a família, deixando a trama.
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