Contra Bolsonaro

Jornal americano detona "Segundo Sol" e defende novelas atuais: "Resistência"

Washington Post comentou como novelas servem de resistência contra o atual governo


Missade, Elias e Laila com colete salva-vidas em cena de "Órfãos da Terra"
Em "Órfãos da Terra", família da protagonista fugiu da guerra na Síria e se refugiu no Brasil. Foto: Divulgação

Um dos principais jornais dos EUA, o Washington Post fez uma reportagem especial falando sobre como as telenovelas funcionam como resistência ante ao governo de Jair Bolsonaro. A reportagem cita "Órfãos da Terra" e "A Dona do Pedaço" como obras que influenciam positivamente a sociedade ao tocar em temas considerados sensíveis pelo atual presidente e criticou "Segundo Sol".

Assinada pela brasileira Mariana Lopes, que é correspondente do veículo no Brasil, a reportagem publicada na última quarta-feira (31) cita a importância das telenovelas na história da sociedade brasileira no debate de temas fundamentais.

Na atualidade, ela cita "Órfãos da Terra", que mostra a saga de refugiados e lembra que o tema já foi criticado pelo atual presidente Jair Bolsonaro. Isso porque ele se mostrou contrário a abertura de fronteiras, principalmente para os venezuelanos, no auge da crise do país vizinho.

Além da novela de Duca Rachid e Thelma Guedes, o Washington Post comentou o caso de "A Dona do Pedaço" que acompanha o caso de uma mulher transgênero que contempla a cirurgia de mudança de sexo. O texto lembra que Bolsonaro é um dos críticos ferozes ao que ele chama de "militância gay".

Jornal americano detona \"Segundo Sol\" e defende novelas atuais: \"Resistência\"

Se as tramas atuais foram alvos de elogio, "Segundo Sol" (2018) recebeu críticas ao afirmar que a trama deu foco tradicional de elites ricas para o Brasil. Segundo o Washington Post, a história de João Emanuel Carneiro "ajudou a disseminar os valores sociais conservadores, o individualismo e o medo da violência que impulsionou Bolsonaro ao poder".

O texto cita ainda outras novelas que influenciaram a sociedade brasileira e lembrou de "Cheias de Charme" (2012), que mostrou o dia a dia e os problemas vividos pelas empregadas domésticas um ano antes do Congresso aprovar as novas leis trabalhistas para esse tipo de função. Também houve espaço para "Mulheres Apaixonadas" (2003), que contou a história de Dóris (Regiane Alves), que agredia os avós. Um ano depois, o país discutiu o estatuto do idoso e criou leis mais rígidas para este tipo de caso.

Embora fale de novelas, o mote da reportagem do jornal americano foi "Aruanas", série do Globoplay que estreou no mês passado e que acompanha três ativistas que fundam uma ONG em defesa do Meio Ambiente. Com direito a entrevista com os criadores do show, Marcos Nisti e Estela Rener, a reportagem cita a perseguição que a dupla sofreu nas redes sociais, onde chegaram a ser chamados de "lixos ativistas".

O veículo ouviu ainda um pesquisador que afirmou ser importante as novelas tratarem de temas desse porte, uma vez que são produtos não nichados, mas que alcançam todas as parcelas da população brasileira. "O enredo e a vida dos personagens são discutidos, mas essas situações da vida real acabam sendo discutidas também", encerrou.

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