Publicado em 23/12/2020 às 07:39:00
A novela A Viagem voltou na última segunda-feira (21) no Viva e já mostrou a sua força, sendo considerada ainda hoje uma das mais importantes da história da TV brasileira. A trama de Ivani Ribeiro estrelada por Christiane Torloni e Antônio Fagundes encantou o país e foi recheada de curiosidades durante sua produção, inclusive com um tempo recorde para a pôr no ar e também uma mentira pregada pelo diretor Wolf Maya para conseguir escalar a sua protagonista.
Com exibição na Globo em 1994, A Viagem foi mais um remake de uma novela de Ivani e exibida originalmente em 1975 na TV Tupi, mas como não existia a Embratel, boa parte dos folhetins não tinham alcance nacional, como foi o caso da história espírita, por isso foi praticamente inédita para a maior parte do telespectador brasileiro. Asim, a narrativa foi sucesso absoluto na faixa das 19h e terminou com média de 52 pontos na Grande São Paulo, o maior Ibope da década no horário.
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Embora Ivani Ribeiro tenha apresentado o projeto do remake de A Viagem alguns anos antes, a Globo demorou para definir quando colocaria a produção no ar. A cúpula do canal estava indecisa por conta de Olho no Olho, de Antônio Calmon e que acabou sendo a escolhida para iniciar em 1993. Depois disso, a dúvida seria se a proposta era mais adequada para a faixa das 18h ou das 19h.
Com tamanha demora, quando Boni, o ex-todo poderoso da emissora, definiu tudo, ele deu um desafio e tanto para Wolf Maya, escolhido para ser o diretor geral da novela. Ele teria que correr contra o tempo e conseguir colocar A Viagem no ar em tempo recorde, apenas 20 dias, em situação semelhante ao que aconteceu com Quatro por Quatro, substituta do folhetim de Ivani Ribeiro, conforme Carlos Lombardi narrou com exclusividade para o NaTelinha.
Assim que a Globo confirmou o desejo de fazer o remake de A Viagem e passou os trabalhos para Wolf Maya, o diretor não teve a menor dúvida de quem deveria ser a Dinah na nova versão. Na primeira vez que a novela foi ao ar coube simplesmente a Eva Wilma interpretar a mocinha e dessa vez, o diretor queria outra grande estrela, Regina Duarte.
Mas a namoradinha do Brasil recusou o convite, mesmo estando sem fazer novela desde 1990 com a Rainha da Sucata - ela acabaria retornando ao formato no ano seguinte como Helena de História de Amor. Sem sua principal escolha, Wolf Maya não pensou duas vezes e planejou outra atriz que já conhecia muito bem o texto de Ivani Ribeiro: Christiane Torloni, que esteve no sucesso A Gata Comeu (1985).
O problema é que Torloni estava desapegada de atuar e nem morava mais no Brasil depois de viver uma tragédia em sua vida pessoal, com a morte de seu filho adolescente em um acidente automobilístico em casa. Sua última novela havia sido Araponga (1990) e em 1992 ela aceitou trabalhar na minissérie As Noivas de Copacabana, quando decidiu deixar o Brasil.
Wolf então entrou em contato com a colega e decidiu mentir para ela enviando apenas parte da sinopse da história, dando a entender que tratava-se de uma produção de humor. Quando Torloni aceitou o papel e voltou ao Brasil, ela foi surpreendida com o tema espírita e a novela romântica, mas acabou envolvida com o projeto e decidiu aceitar interpretar Dinah.
A Viagem foi ao ar no mesmo ano em que o Brasil conquistou o tetra e por isso acabou vivendo uma constante dança de horários enquanto a competição futebolística era exibida na Globo. A trama ocupou cinco horários diferentes na faixa da emissora, se tornando uma das produções que mais mudaram de horário até então, mesmo não sendo interrompida em nenhum dia.
Por conta disso, a Globo teve de alterar todo o cronograma de exibição dos capítulos originais escritos por Ivani Ribeiro e mudar para capítulo A e capítulo B, para dividir o momento do gancho nos dias de Copa do Mundo. Para ter uma noção, a novela tem 160 capítulos escritos, mas 167 que foram ao ar.
A novela é considerada um dos grandes sucessos da carreira de Ivani Ribeiro e detém marcas importantes em termos de audiência. O folhetim é o maior sucesso dos últimos 30 anos na faixa das 19h, o que mostra o tamanho do desempenho. Mas também conquistou bons índices as duas vezes que foi exibida à tarde, no horário do Vale a Pena Ver de Novo.
Em 1997, o folhetim de Ivani Ribeiro teve sua primeira reprise e terminou com média de 24,9 pontos, números que não foram nunca mais alcançados na faixa. Em 2006, a Globo escolheu novamente A Viagem para ser exibida no Vale a Pena Ver de Novo e outra vez a trama bombou, alcançando média de 21,5 pontos e que levou 14 anos para ser superada, em 2020, por Êta Mundo Bom (20,6).
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