Da literatura para o cinema

Ainda Estou Aqui: Saiba quais trechos do livro ficaram de fora do filme

Detalhes sobre a tortura de Rubens Paiva e dia a dia dos últimos anos de Eunice têm mais destaque na publicação de 2015

Selton Mello e Fernanda Torres interpretam o casal Rubens e Eunice Paiva em Ainda Estou Aqui, filme baseado em história real - Foto: Divulgação/Sony Pictures Brasil
Por Walter Felix

Publicado em 15/11/2024 às 05:51:00,
atualizado em 15/11/2024 às 10:42:59

O filme brasileiro mais comentado do ano, Ainda Estou Aqui é baseado no livro de mesmo nome escrito por Marcelo Rubens Paiva, lançado em 2015. Na transposição de 295 páginas para pouco mais de 2 horas no cinema, passagens não viraram cenas e alguns acontecimentos ficaram apenas subentendidos.

Dirigido por Walter Salles, o filme, assim como o livro, narra a história real de Eunice Paiva (Fernanda Torres), que teve a família arrasada com o desaparecimento do marido, o engenheiro civil e ex-deputado Rubens Paiva (Selton Mello), levado pelos órgãos de repressão na ditadura militar.

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O livro, escrito pelo filho dos personagens principais, narra o exílio de Rubens Paiva no exterior por ocasião do Golpe de 1964. Também dá detalhes da tortura sofrida por ele em 1971. O corpo nunca foi encontrado, e sua morte só foi reconhecida legalmente na década de 1990, após o fim do regime.

Em um dos trechos, o autor conta que Rubens Paiva foi torturado ao som da música Jesus Cristo, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos. Eliana, a irmã de Marcelo que também chegou a ser levada pelos militares, junto da mãe, lembra de ter escutado a canção no período em que também esteve na prisão.

A tortura aplicada a Rubens não é especificada no cinema. Já o livro resgata a entrevista de Amílcar Lobo à revista Veja em 1986. O médico, que “fiscalizava” o quanto os presos podiam ser torturados, afirmou ter encontrado o marido de Eunice “com hemorragias internas, numa poça de sangue, repetindo o nome”.

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Com base em depoimentos dessa e de outras testemunhas, sabe-se que o político morreu após um longo espancamento. Nos últimos momentos de vida, apenas pedia água e repetia incessantemente o próprio nome: “Rubens Paiva”.

Segundo trecho de reportagem recente da revista Veja, as cenas de tortura foram cortadas a pedido de Marcelo Rubens Paiva. O diretor Walter Salles concordou. Há uma breve aparição da capa da revista de 1986 e takes rápidos da tortura praticada no DOI-CODI na sequência em que Eunice é presa.

 

Em Ainda Estou Aqui, Fernanda Montenegro interpreta Eunice Paiva na velhice - Foto: Reprodução

Ainda Estou Aqui, o livro, também narra passagens da infância e juventude do autor. Como a viagem que fez, por decisão de amigos de seus pais, quando Rubens e Eunice foram presos. Já adulto, ele voltou à casa em que viveu com a família durante a infância – o local, no Leblon, havia virado um restaurante.

Boa parte da publicação também é dedicada ao dia a dia de Eunice com o Mal de Alzheimer, o que só é abordado na sequência final do longa-metragem, com participação de Fernanda Montenegro. Os capítulos finais narram os estágios da doença e sua progressão na vida da advogada, que morreu em 2018.

Assista ao trailer do filme Ainda Estou Aqui:



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