China ameaça banir Hollywood em retaliação às tarifas de Trump
China não arreda o pé na guerra tarifária com Trump

Publicado em 08/04/2025 às 20:05,
atualizado em 08/04/2025 às 20:43
Em meio à escalada da guerra comercial entre Estados Unidos e China, Pequim pode tomar uma medida radical: banir completamente filmes de Hollywood de seu mercado. A decisão seria uma resposta direta às novas tarifas impostas por Donald Trump contra produtos chineses.
A medida, ainda em estágio de avaliação, foi ventilada por Liu Hong, editor de uma agência estatal chinesa, e Ren Yi, influente produtor de conteúdo digital e neto de um ex-líder do Partido Comunista. Ambos têm histórico de proximidade com fontes internas do governo de Xi Jinping. Em postagens recentes, os dois deixaram claro que a resposta da China à ofensiva econômica de Trump será “dura e estratégica”.
+ Rodrigo Bocardi pede emprego no SBT: "Alô, Daniela Beyruti"
+ Leo Dias recebe alta hospitalar e declara: "Nunca mais serei o mesmo"
Entre as possibilidades em estudo estariam a suspensão de importações do cinema americano, novas tarifas sobre produtos agrícolas americanos e barreiras aos serviços prestados por empresas estadunidenses. A iniciativa, se concretizada, atingiria diretamente um dos pilares da cultura e da economia dos Estados Unidos: a indústria cinematográfica.
Por que Hollywood deve se preocupar?
A China é atualmente o segundo maior mercado de cinema do mundo, atrás apenas dos próprios Estados Unidos. Em muitos casos, o sucesso de uma produção hollywoodiana no gigante asiático pode ser determinante para sua viabilidade financeira global. Um exemplo recente é Um Filme Minecraft, blockbuster que arrecadou US$ 14,5 milhões na estreia chinesa — mais de 10% dos US$ 144 milhões de sua bilheteria internacional.
Além do volume financeiro, a influência da China sobre a indústria cinematográfica internacional vai além dos números. O país impõe um rígido controle sobre o número de produções estrangeiras que entram em seu território — atualmente, o limite é de 34 filmes norte-americanos por ano, com apenas 25% da bilheteria revertida para os estúdios dos EUA.
Filmes de menor orçamento, por sua vez, dependem de acordos diretos com distribuidoras locais e estão sujeitos a uma complexa teia de regulamentações, que inclui o controle estatal sobre as datas de lançamento e até o conteúdo das obras.
Para além dos prejuízos financeiros, um eventual bloqueio chinês às produções hollywoodianas também representa um duro golpe no soft power dos Estados Unidos, que há décadas utilizam o cinema como ferramenta de influência cultural no cenário geopolítico.
Ao mesmo tempo, o movimento revela o quanto a China está disposta a usar seu poder de mercado como arma política em tempos de tensão. A guerra comercial, iniciada com tarifas sobre aço, tecnologia e soja, agora pode atingir diretamente o coração simbólico do american way of life.
Um jogo de xadrez global
O cenário ainda é incerto, mas os sinais são claros: a guerra comercial entre Trump e Xi Jinping já extrapolou os limites da economia tradicional e ameaça setores simbólicos para ambos os países. Se confirmada, a retaliação contra Hollywood pode forçar estúdios americanos a rediscutir estratégias de internacionalização e acelerar parcerias com outros mercados emergentes.
Enquanto isso, o mundo acompanha, cena a cena, esse embate de gigantes com direito a sanções comerciais e, por enquanto, sem um desfecho claro.