Publicado em 14/01/2021 às 04:00:00
O modelo de negócios para produções de séries nacionais da Netflix Brasil não está agradando nem um pouco a cúpula da matriz da plataforma nos EUA, graças ao afastamento que o serviço de streaming vem mantendo de autores consagrados e que estão disponíveis no mercado. A opção por um estilo de contratação de roteiristas completamente diferente de tudo o que se viu no país até hoje tem incomodado grandes nomes da dramaturgia e a falta de resultados mundial das séries brasileiras já começa a pesar.
Segundo apurou o NaTelinha, a alta direção da empresa no Brasil chegou a se reunir com alguns autores, todos ex-globais, para discutir projetos, mas nenhum deles fechou contrato. Em conversa da reportagem com quatro deles, que pediram para não ser identificados, a impressão não foi das melhores e por isso não houve negociações avançadas para garantir produções com a marca dos autores da Globo.
O discurso unânime é de que a Netflix Brasil não tem interesse em produzir séries autorais, no modelo que a Globo implantou para suas telenovelas e que fez muito sucesso ao longo dos anos. Essa decisão incomodou os roteiristas porque eles compreendem que faltaria a identidade autoral em projetos que buscassem apenas temas e não fossem centrados em uma sinopse de um roteirista.
No mercado de produtoras muito se fala que a direção da plataforma não tem interesse real em contratar nenhum ex-autor da Globo e que somente fez contato como dinâmica de mercado para dar uma espécie de satisfação para os chefes americanos. A ideia da Netflix Brasil é continuar lançando diversas produções conduzidas por um modelo importado de outros países: a sala de roteirista.
VEJA TAMBÉM
A empresa tem buscado ideias entre produtoras e, quando um tema é aprovado, contrata-se uma sala com diversos roteiristas - todos sem experiência na área - e o mais eclética possível. A intenção, segundo a estratégia, é dar espaço para novos autores, além de promover a igualdade de gênero, de raças. Uma espécie de representatividade no texto.
O discurso na teoria sempre foi muito bom e animou quem nunca tinha tido espaço em grandes conglomerados de dramaturgia, mas a cúpula americana e o próprio mercado nacional concordam que não deu certo. A filial tupiniquim da plataforma nunca conseguiu emplacar uma grande série de sucesso mundial, como a Netflix de outros países conseguem.
A título de exemplo, o maior sucesso da empresa no Brasil foi 3%, justamente a primeira produção, mas mesmo ela não chega perto de produções que ganharam o mundo, como Dark, da Alemanha ou Trapped, da Islândia. O maior alcance do serviço de streaming no país tem sido os filmes e, mesmo assim, sem fazer cócegas ao que representa o mercado mundial para a empresa.
Por causa disso, a chefia americana já havia sinalizado o desejo de que a Netflix Brasil passasse a investir no principal produto do país, as telenovelas. Embora conversas tenham sido tocadas, a sensação que o mercado tem é de que não há interesse real, já que não se sai do lugar. O NaTelinha conversou com um produtor que explicou a situação.
Para ele, a direção brasileira da empresa sabe que o modelo de sala de roteiro não combina com o formato de telenovela e também impede o controle narrativo que a cúpula da plataforma faz questão de ter. Por causa disso, mesmo com grandes roteiristas no mercado, a Netflix não buscou nenhum para fazer sua primeira telenovela, pelo simples fato de que não quer a marca autoral.
Entre as produtoras existe o comentário de que uma grande mudança parece caminhar a passos largos para chegar nos próximos meses da Netflix Brasil. É possível, inclusive, que toda a direção da empresa seja modificada no país e alguém da área artística seja contratada para negociar com a vasta gama de autores disponíveis na praça.
Mesmo assim, oficialmente não se fala em mudança de rumo na Netflix Brasil, até porque a empresa tem o mérito de comandar o segundo maior mercado de assinantes da plataforma no mundo, atrás apenas dos EUA. Ainda que estudos já mostrem que o assinante brasileiro não faz a menor questão de assistir as produções nacionais e apenas paga para ver o conteúdo original de outros países. O crescimento do Globoplay, graças as novelas antigas no catálogo, pode ter sido o estopim para futuras mudanças.
Procurada, a Netflix não respondeu.
Vilã não morreu
Mulheres de Areia: Isaura tem reencontro emocionante com Raquel
Estreou na TV aos 7
Lembra dele? Ex-ator mirim, Matheus Costa virou galã e bomba na web
Campeões de todas as telas
Descontos agressivos
Recorde
Thereza Falcão
Novos ares
De olho
Mudanças
Reflexão
MDA
Mais opções
Em alta
Congresso
Indignação
Plataformas de emissoras
Project Kuiper
Estratégia de mercado
Novidade
Melhores do Ano NT
Vale o Escrito
Histórias inéditas dos bastidores