Publicado em 03/10/2020 às 16:40:00
Taís Araújo está de volta ao Superbonita, programa do canal pago GNT que comandou entre 2006 e 2009. Em entrevista divulgada neste sábado (3), a apresentadora e atriz falou sobre padrão de beleza e como a mulher negra se encaixa nesse espectro. Ela relembrou o episódio em que um cirurgião plástico sugeriu que ela operasse o nariz.
Na ocasião, o profissional, especializado em rinoplastia, pontuou que uma cirurgia deixaria "mais aristocrático" o nariz de Taís Araújo. "Quem disse que eu queria um nariz aristocrático? O que é um nariz aristocrático?", indagou a atriz, em entrevista à revista Época. A situação ocorreu quando ela apresentou o Superbonita pela primeira vez.
"Naquela época, era um programa que atendia ao padrão eurocentrado, que a gente seguiu até entender que não servia a ninguém", avaliou, ainda na entrevista. "A primeira coisa que várias mulheres que entrevistei agora falaram foi: 'Nunca me imaginei fazendo parte do programa por causa do histórico dele'", acrescentou Taís.
No retorno à atração do GNT, ela ocupa a vaga deixada por Camila Pitanga, que apresentou o Superbonita por duas temporadas. Os novos episódios - cinco, ao todo -, que já estão sendo exibidos, trazem recortes e formatos especiais, por conta da pandemia do Coronavírus, com abordagens sobre o cuidado no confinamento, além do retorno à rotina após período em home office.
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Em setembro, Taís Araújo falou sobre racismo estrutural ao comentar o insucesso de Helena, sua protagonista na novela Viver a Vida, de 2009. "Era uma personagem que o Brasil, naquele momento, não conseguia compreender. Uma mulher negra, rica, com sucesso. Até hoje é assim: você precisa explicar por que o negro tá nessa posição como conseguiu chegar e por que está ali", disse, em entrevista ao especial Os Campeões de Audiência, da TV Cultura.
"Talvez fosse uma novela para passar hoje, não há 11 anos. O Maneco (Manoel Carlos, autor da trama) talvez estivesse à frente nesse pensamento de não justificar porque uma mulher negra está ali, 'não vou pedir desculpas por ser uma mulher negra de sucesso e bem resolvida'. Ela simplesmente era", analisou Taís Araújo.
A atriz também pontuou que houve ingenuidade dela, do autor, do diretor Jayme Monjardim e da própria Globo em apostar naquela abordagem. "O Brasil lá atrás não se mostrava o Brasil que é hoje. Há 10 anos, a gente acreditava em um brasileiro cordial, em uma democracia racial e em um mundo de coisas que caiu por terra", concluiu.
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