Publicado em 19/05/2025 às 07:00:00,
atualizado em 19/05/2025 às 11:30:07
Há três semanas no ar, Dona de Mim tem um saldo positivo na Globo. A novela de Rosane Svartman mantém a dignidade na faixa das 19h, recebida com o crivo alto ao fim, em abril, da bem-sucedida Volta por Cima. Na nova história, problemas pontuais são contornados por uma protagonista carismática e uma trama envolvente, ainda que, por vezes, pueril.
Dona de Mim é centrada em Leona (Clara Moneke) e na relação que ela estabelece com Sofia (Elis Cabral) ao ser contratada como babá da menina. A criança tem o mesmo nome da filha que a heroína perdeu no passado, durante uma gestação. Na casa do empresário Abel (Tony Ramos), a nova contratada vira alvo da disputa entre os irmãos Davi (Rafael Vitti) e Samuel (Juan Paiva).
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Como em suas outras criações, a autora busca inspiração em clássicos do imaginário popular. Desta vez, criou uma noviça rebelde do subúrbio, atrapalhada, errante e divertida. A escalação de Clara Moneke, estrela em franca ascensão na Globo, foi um grande acerto. A jovem atriz tem química com todos à sua volta, desde Tony Ramos até seus pares românticos, mas principalmente com a atriz mirim Elis Cabral.
As cenas entre Leona e Sofia garantem os melhores momentos. Há uma evidente conexão entre as duas, o que faz o telespectador relevar as passagens e saídas mais ingênuas do texto, típicas de histórias para crianças – como o salto alto quebrado colado com um chiclete, no primeiro capítulo, e a caixa d’água sabotada com groselha para simular sangue.
A pegada infantil é proposital e garante o apelo da novela junto ao público, que também se interessa por tramas mais singelas. A atração não precisa se valer de tantas cenas de suspense e violência, veiculadas quase a todo capítulo, muitas vezes de forma gratuita. Será um desafio fazer com que essas sequências, fundamentais para determinados núcleos, não destoem da narrativa principal.
O entrecho envolvendo Marlon (Humberto Morais), que realiza o sonho de ser policial militar, é interessante e suscita questionamentos éticos e morais relacionados à profissão. A abordagem seria mais efetiva se o personagem, evangélico, não tivesse um versículo bíblico na ponta da língua a cada adversidade que se impõe. Além de cansativo, já ficou caricato.
A religião não parece ter grande função na história do ex-lutador senão tentar despertar para a novela a simpatia do público evangélico – com o qual Svartman já dialogou em Vai na Fé (2023). Tal característica pode ajudar mais adiante no desenvolvimento de Marlon e da mãe dele, Jussara (Vilma Melo), mas os salmos lembrados a todo instante deveriam ficar de fora.
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Outra personagem que ainda não se encontrou totalmente foi Filipa (Cláudia Abreu). Sempre em crise, a mulher de Abel só aparece reclamando: está infeliz com o casamento, com a enteada, com a filha que vive no exterior e com a carreira artística. Por ora, ela serviu para que o texto prestasse bonitas reverências ao teatro, com menções a Pluft, o Fantasminha e A Gaivota.
Filipa ainda parece ter muito a mostrar, especialmente se o roteiro não desperdiçar uma boa atriz como Cláudia Abreu. Há chances de boas cenas com Danilo (Felipe Simas), o motorista com quem já começa a se envolver, e com Jaques (Marcello Novaes), o cunhado inescrupuloso. Este, o principal vilão, também não disse ainda a que veio.
As “viagens” da autora são bem-vindas e dão um toque criativo à novela, mas falta certa parcimônia. Ela enfia cantorias em momentos aleatórios – algo que também experimentou em trabalhos anteriores –, mas nem sempre o talento musical de alguns atores acompanha a ideia. Para piorar, a equipe de direção de Allan Fiterman passa pouca naturalidade nas sequências mais inventivas.
Os flashbacks, recursos importantes para situar o telespectador na história, foram usados à exaustão na primeira leva de capítulos. Mesmo assim, há perguntas que o texto não indicou se pretende responder: por exemplo, por que Abel queria se matar quando foi salvo por Ellen (Camila Pitanga)? O passado desses personagens podem e devem ser mais explorados adiante.
Para isso, haverá tempo de sobra: a previsão é de que Dona de Mim tenha 221 capítulos, ficando no ar até o ano que vem. Com uma variedade de temas levantados, um deles dá unidade às variadas tramas paralelas: a maternidade. O currículo da autora nos permite confiar que, apesar de alguns tropeços, ela tende a manter a novela de pé, com coerência e qualidade, até o fim.
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Dona de Mim é criada por Rosane Svartman e escrita com Carolina Santos, Jaqueline Vargas, Juan Jullian, Mário Viana, Michel Carvalho e Renata Sofia. A direção artística é de Allan Fiterman, com direção geral de Pedro Brenelli e produção de Mariana Pinheiro. A direção de gênero é de José Luiz Villamarim.
O NaTelinha divulga todos os dias os resumos dos capítulos, detalhes dos personagens, entrevistas exclusivas com o elenco e spoilers de Dona de Mim. Confira!
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