Publicado em 20/10/2024 às 14:45:00,
atualizado em 20/10/2024 às 17:58:29
Com a tendência mundial de documentários e ficções dedicados a crimes reais, o Brasil não demoraria a ter alguma produção sobre a história do Maníaco do Parque, assassino em série que aterrorizou o país no fim dos anos 1990. O filme, cercado de expectativas entre aficionados por true crimes, chegou ao Prime Video na sexta-feira (18).
O longa-metragem dirigido por Mauricio Eça, com roteiro de LG Bayão, é baseado na sequência de crimes cometidos por Francisco de Assis Pereira, que confessou 11 assassinatos e 23 ataques e foi condenado pelos crimes de estupro, estelionato, atentado violento ao pudor e homicídio. O papel foi dado a Silvero Pereira.
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Paralelamente, Elena (Giovanna Grigio), uma jovem jornalista, se mostra ávida por investigar os crimes. Seu objetivo, percebemos logo no início, não é apenas ascender profissionalmente com a exploração do caso, mas denunciar a misoginia e o fenômeno social por trás dos ataques, estupros e assassinatos cometidos por Francisco.
Maníaco do Parque acerta nas doses de realidade e ficção. Elena, a verdadeira protagonista da história, não é uma personagem real, mas uma criação do roteiro para servir de contraponto ao serial killer. Ela dá ao filme a perspectiva feminina. A equipe de criação não quis que a história fosse contada a partir do viés do criminoso.
Os atores conseguem se sobressair, especialmente Silvero Pereira. Muito bem caracterizado, ele consegue transitar entre as faces inofensiva e predadora do psicopata. Giovanna Grigio também está convincente como repórter idealista. O elenco tem ainda Mel Lisboa, Marco Pigossi, Bruno Garcia, Xamã, Augusto Madeira, entre outros.
Há, entretanto, uma dificuldade em desenvolver a boa premissa. O principal problema: tudo é demasiadamente expositivo. Logo no início, o espectador percebe que verá um filme sobre o machismo, e há sucessivas sequências que escancaram as intenções da narrativa.
Não há qualquer sutileza em tratar do tema. Releva-se em um primeiro momento, afinal as expressões do machismo e da misoginia primam mesmo pela grosseria. É a reincidência com que a abordagem é exposta e a maneira como isso acontece que comprometem a produção.
Cenas óbvias e lugares-comuns de filmes policiais também são frequentes, como o momento em que Elena cria um mural de fotos e recortes de jornais sobre o caso que virou alvo de sua obsessão. A reconstituição de programas de TV da época é caricata – há até uma participação do ex-apresentador Gilberto Barros.
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Contar a história do Maníaco do Parque com foco no contexto machista dos anos 1990 – e ainda tão atual – foi um grande acerto. Faltou encontrar a forma de levar tal proposta ao ar de maneira assertiva, sem a pretensão de concluir o debate com um discurso moralizante da protagonista no desfecho.
A abordagem é extremamente didática, quando seria mais eficaz se ficasse nas entrelinhas, no subtexto. Há, sim, uma proposta contundente por trás da produção, mas também uma enorme limitação, do roteiro à direção, em mostrá-la no vídeo além dos discursos superficiais.
Assista ao trailer do filme Maníaco do Parque, disponível no Prime Video:
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