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"O Outro Lado do Paraíso" impede domínio total de "Segundo Sol" no "Melhores do Ano 2018"

Reprodução/ Gshow
Por Thallys Bruno

Publicado em 10/12/2018 às 08:30:20

Neste domingo (9), foi realizada a 23ª edição do "Melhores do Ano", a famosa premiação promovida pelo "Domingão do Faustão" destinada aos talentos da Globo (e criticada por parte do público justamente por isso). Como vem ocorrendo nos últimos anos, mais uma vez a prioridade quase absoluta foi dada ao horário das nove, com 14 indicações de"Segundo Sol" (de João Emanuel Carneiro) e 8 de "O Outro Lado do Paraíso" (de Walcyr Carrasco).

Em compensação, praticamente não houve espaço para obras de outros horários – no máximo, duas indicações bastante questionáveis para Deus Salve o Rei. Mas nada foi mais crasso que o total descaso com “Orgulho e Paixão”, de Marcos Bernstein. A primorosa novela não teve uma nominação sequer, nem mesmo de nomes destacados como Gabriela Duarte (fantástica vivendo a Rainha do Café Julieta), Pedro Henrique Muller (o soldado Otávio), Agatha Moreira, Natália do Vale, Christine Fernandes e Vera Holtz. O folhetim de Marcos Bernstein foi totalmente esquecido na premiação.

Dito isto, uma surpresa geral se revelou na indicação de Melhor Ator: Sérgio Guizé, intérprete do machista e violento Gael, superou Emílio Dantas e Vladimir Brichta, representantes de "Segundo Sol".

Uma vitória pouco crível, dada a irregularidade do desempenho do ator. Por sua vez, Giovanna Antonelli sagrou-se Melhor Atriz pela Luzia de "Segundo Sol", também um triunfo questionável, já que o desempenho da talentosa atriz perdeu força à medida que sua mocinha Luzia irritava por sua burrice – algo semelhante ocorreu com Bianca Bin, indicada pela Clara da trama de Walcyr. Seria mais justa a vitória de Deborah Secco, que soube crescer em cena com a vilã Karola.

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Já as maiores justiças ocorreram nas categorias de coadjuvantes, revelações e atores de série. Nas duas primeiras, os vencedores Chay Suede e Letícia Colin confirmaram o sucesso do casal Rosa e Ícaro, que, embora não tenha prevalecido no final, teve a história mais quente e empolgante do enredo baiano de JEC. Nas revelações, Luís Lobianco mostrou-se uma opção mais digna do que Anderson Tomazini (o Xodó de "O Outro Lado do Paraíso"), enquanto Bella Piero emocionou ao citar Marielle Franco em sua merecida vitória, levando ao palco suas colegas Cláudia di Moura e KelzyEcard.

“Onde Nascem os Fortes” teve o seu espaço garantido com as vitórias de Alexandre Nero e Patrícia Pillar, irrepreensíveis como Pedro Gouveia e Cássia. Alexandre ainda aproveitou para relembrar os desempenhos dos colegas Fábio Assunção, Jesuíta Barbosa, Enrique Diaz, Irandhir Santos e Gabriel Leone, que também foram ignorados pela premiação – algo que também aconteceu com Júlio Andrade e Marjorie Estiano, o talentoso par protagonista de Sob Pressão, que venceu a edição do ano passado.

Nas categorias musicais, Luan Santana garantiu mais um troféu em Melhor Cantor, enquanto Anitta foi a vencedora de 2018 em Cantora (ao lado de Ivete Sangalo, maior campeã da categoria, e Iza, justa revelação deste ano). O gênero sertanejo mais uma vez se fez presente com a escolha de Largado às Traças, de Zé Neto e Cristiano, como Música do Ano. Sandra Annenberg superou Renata Vasconcellos e William Bonner como melhor jornalista – vale citar aqui a ausência de Renata LoPrete, de destacada atuação nas eleições. No campo da comédia, Eduardo Sterblitch foi o vencedor por sua participação na quinta temporada do sempre ótimo Tá no Ar, ao lado de Marcelo Adnet e Welder Rodrigues.

No entanto, o momento mais alto da noite viria no final da premiação. A categoria Personagem do Ano, criada em 2016 e destinada aos talentos veteranos, mudou sua fórmula e premiou as três indicadas ao mesmo tempo. Fernanda Montenegro, Marieta Severo e Adriana Esteves foram merecidamente homenageadas por suas brilhantes carreiras e seus desempenhos destacados em 2018. Até que Fernanda iniciou um contundente e impactante discurso, refutando as críticas feitas por setores conservadores à classe artística brasileira, frequentemente associada à esquerda. As palavras da atriz foram o momento mais grandioso da premiação, despertando merecidos aplausos.

Ainda assim, no saldo geral, o Melhores do Ano de 2018 termina como um dos mais equivocados dos últimos anos. Não apenas pelo excesso de prioridade ao horário das nove em detrimento de outras faixas, mas também por indicações equivocadas, como as de Anderson Tomazini, Juliano Cazarré, Tatá Werneck, Lázaro Ramos e Taís Araújo. Fica a esperança que, na edição de 2019, haja um maior equilíbrio entre todos os horários, a depender do que suas produções apresentarão.

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