Publicado em 01/05/2021 às 07:39:48,
atualizado em 01/05/2021 às 15:04:01
De volta à emissora que o projetou no final dos anos 80, Fausto Silva, o Faustão, comandará uma nova atração na Band a partir de janeiro de 2022, após se despedir da Globo em dezembro. Mais de três décadas depois, o comunicador terá que se reinventar e terá a chance de provar, ainda que não precise, que seu sucesso não está atrelado ao elenco global que tem disponível.
Faustão apresentou o lendário Perdidos na Noite (1984-1988) na Band com um estilo irreverente que muitos apostavam que daria errado na Globo. O apresentador não tinha cerimônia em fazer piada da produção, cenário ou qualquer coisa que fosse, inclusive de si mesmo. "Quem fica em casa sábado à noite não merece coisa melhor", brincou ele numa entrevista concedida ao Jornal do Brasil em fevereiro de 1987.
Conduzir um programa aos sábados à noite na Band com pouca verba é bastante diferente de enfrentar a responsabilidade, àquela altura, de migrar para a maior emissora do país e bater de frente com Silvio Santos, que era líder incontestável aos domingos no SBT. O peso que tinha sob os ombros era notório, e o próprio comunicador brincava que na Band fazia "anti-TV" e na Globo passaria a aprender a fazer. E aprendeu.
Ao longo dos anos, Faustão enfrentou diversas críticas, seja por não deixar os convidados falarem, ser "muito chato", passando até por acusações que colocaram em xeque seu sucesso na Globo. Para muitos, é fácil fazer sucesso tendo um elenco estelar como o da emissora, enfrentando uma concorrência que não possui uma estrutura tão grandiosa ou um poderio financeiro equiparável.
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A história mostra que Faustão teve dificuldades, principalmente no período que compreendeu entre 1997 e 2002, quando protagonizava a maior guerra de audiência da televisão contra Gugu Liberato (1959-2019). Com menos recursos, o Domingo Legal chegou a colocar o Domingão na roda e transformou o programa da Globo em freguês. Em 2001, para se ter ideia, nas 52 em que concorreram, Faustão venceu apenas duas e empatou quatro. Mas deu a volta por cima.
Em um primeiro lugar irrefutável há anos, o titular do Domingão se tornou referência, tanto no pessoal quanto no profissional, como uma das personalidades mais generosas da TV. Seu programa também se transformou em motivo de cobiça para artistas e pisar no seu palco, a realização de um sonho.
Nos últimos tempos, é bem verdade que Faustão se rendeu aos formatos da televisão. A Dança dos Famosos, até hoje, é um dos carros-chefes. Mas, sem deixar de lado a irreverência que tornou sua marca, imprime seu estilo em qualquer coisa que se disponha a apresentar, tornando tudo menos burocrático e mais espontâneo.
Na Band, Faustão provavelmente não terá tudo aquilo que tem na Globo. Um orçamento polpudo ou um elenco estelar. Também não será tão humilde como na época do Perdidos na Noite, mas certamente terá que se adaptar a uma nova maneira de fazer televisão e se reinventar depois de tanto tempo.
O caminho para a Band, aliás, era o mais natural dos mundos. Voltar à casa que o projetou certamente deve ter um significado especial, sobretudo em um momento que a emissora está investindo na programação, deixando de ser o canal do MasterChef para voltar a ser lembrado pelo do esporte.
O retorno de Faustão à Band sinaliza que a emissora pretende continuar diversificando sua programação como há muito tempo não víamos. O público comemora.
Thiago Forato é jornalista, assina a coluna Enfoque NT desde 2011, além de matérias e reportagens especiais no NaTelinha. Converse com ele pelo e-mail thiagoforato@natelinha.com.br ou no Twitter, @tforatto
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