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Novo curinga, "A Grande Família" tem potencial para ser o "Chaves" da Globo

Fórmula universal envolvendo conflitos comuns, mas com características nacionais, formam mistura do sucesso de "A Grande Família"

Imagem de uma das primeiras temporadas da série, ainda com Rogério Cardoso - Divulgação/TV Globo
Por Thiago Forato

Publicado em 16/03/2019 às 08:15:32

"Catuca pai, mãe, filha, eu também sou da família, também quero catucar". É assim que terminava as aberturas de "A Grande Família" em versão que foi ao ar entre 2001 e 2014 na Globo.

Com 485 episódios divididos em 14 temporadas, a série é uma das mais queridas pelo público. Não à toa, é um dos campeões de audiência do Canal Viva, na TV paga, e ganhou sobrevida nas tardes da Globo pelos seus bons números.

Trazendo humor com características nacionais, como a malícia, paródia e pitadas de reflexão, "A Grande Família" teve uma versão na rede carioca entre 1973 e 1975 e retornou mais de 25 anos depois, em uma época completamente diferente. Afinal, a ditadura já havia terminado.

A série teve uma mudança estrutural. Se na versão da década de 1970 existia o personagem Júnior, um dos filhos de Lineu, ele não foi incluído na nova. O diretor Mauro Mendonça Filho explicou ao jornal O Globo na ocasião a sua ausência: "Ele era o politizado. De uma certa forma, não tinha muita função para a comédia. Ficou inútil nos dias de hoje [2001]". O personagem era interpretado por Osmar Prado.

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Se no início a emissora, direção e elenco tiveram medo de lançar "A Grande Família" por mexer com a memória do telespectador, isso logo caiu por terra tamanha aceitação da série e sua longevidade. Neste século, foi a com maior número de episódios. Tinha apenas uma pausa entre janeiro e março com o "BBB". Somente nas duas últimas temporadas parou em setembro por conta do "The Voice".

Previsto para durar apenas uma temporada, durou 14. Boas piadas, texto afiado e atuações icônicas ditaram o ritmo da trajetória da série, que hoje se transformou em um curinga e guardada as devidas proporções, é o "Chaves" da Globo.

Em 2017, o "Álbum da Grande Família" estreou para aquecer as madrugas ao novo programa de Pedro Bial. Uma coletânea de episódios para resumir a vida dos personagens em cinco episódios. Foram seis semanas.

A boa aceitação já deu sinais que ela poderia render mais e não demorou muito até ganhar reprise no Viva, e agora, um horário só seu em plena tarde da Globo.

"A Grande Família" tem fôlego para continuar rendendo e já é um trunfo importante. Ressalto, no entanto, que ela terminou na hora certa: desde 2012 não era mais a mesma, ganhando contornos dramáticos e modificando substancialmente alguns personagens.

Se a série se prolongasse ainda mais, sua espinha dorsal poderia acelerar um processo de transformação, fazendo com que a comédia, que reinava até então, fosse perdendo força. Ou pior, que tudo aquilo simplesmente perdesse a graça e saísse do ar com uma impressão não tão boa.

Isso aconteceu, aliás, com o "Casseta & Planeta", que foi um grande sucesso na década de 1990 e início dos anos 2000, mas durou além do necessário, com um retorno fracassado somente dois anos depois de seu término, em 2010.

As histórias de Lineu Silva e sua família ainda são atuais com uma fórmula universal, envolvendo conflitos comuns, mas contados de uma maneira capaz com que a série fosse eternizada.

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