Opinião

Globo corta novelas e prioriza Olimpíada para evitar novo hábito do público na CazéTV

Líder de audiência priorizou o surf em detrimento de Renascer


Torre Eiffle, logo da Olimpíada, Globo e CazéTV
CazéTV entra pesado e é cedo para dizer ameaça, mas Globo não ignora - Foto: Ilustração/NaTelinha
Por Thiago Forato

Publicado em 06/08/2024 às 11:35,
atualizado em 06/08/2024 às 12:40

A noite dessa segunda-feira (5) foi um tanto quanto inusitada na grade de programação da Globo. A emissora priorizou a exibição da disputa de surf em detrimento ao seu principal produto: uma novela das nove. Renascer se estendeu e só terminou depois das 23h. Além disso, No Rancho Fundo foi reduzida a 22 minutos de arte e Família É Tudo foi suspensa para que os Jogos Olímpicos fossem ao ar. No caso, o vôlei. Tudo isso porque a líder de audiência não ignora - e tampouco subestima - a transformação que o digital pode causar em meio à Olimpíada 2024.

A CazéTV, detentora do evento na internet, chegou a registrar 1,5 milhão de aparelhos simultâneos conectados. O número pode parecer inofensivo numa comparação ao alcance da Globo, que é um tiro de canhão. E é mesmo. Pelo menos agora.

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No entanto, a Olimpíada 2024 é a primeira que marca talvez uma tímida mudança de comportamento do público, que já fora sentido em eventos recentes como a Copa do Mundo e a Eurocopa, por exemplo. O torneio de seleções do Velho Continente superou a audiência da própria Copa do Mundo. A Globo ligou o sinal que pode ainda não ser o de alerta, mas já demonstra uma mudança de postura.

Conhecida por ser um tanto quanto inflexível com suas novelas - com exceção se for para exibir o esporte mais popular do país, o futebol, e olhe lá! -, a Globo evita que o público se sinta tentado a explorar outras plataformas.

Olimpíada 2024 na Globo e CazéTV

É bem verdade que em outros tempos a troca de uma novela das nove por um surf poderia parecer uma escolha arriscada. Mas como Record, SBT e Band não apresentam qualquer risco de tomar o primeiro lugar ainda que a Globo exibisse a grama crescer, agora o "inimigo" é outro.

O movimento é justamente esse, apurou o NaTelinha. Retardar o descobrimento e evitar a criação de um novo hábito de consumo. A longo prazo, isso pode desafiar a própria Globo em outros eventos.

O sinal é claro: a plim plim está disposta a adequar sua programação para evitar que novos players se estabeleçam. Numa analogia ao surf e ao mundo aquático, ainda que eu não entenda bulhufas, seria como fazer dos concorrentes apenas uma simples marola. Ela quer evitar um tsunami a longo prazo.

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