Publicado em 18/07/2024 às 13:57:00,
atualizado em 18/07/2024 às 13:57:32
A Kantar Ibope Media é o único instituto no país que realiza a medição de audiência, e seus números são referências para o mercado publicitário definir o destino de milhões de reais dos anunciantes nas grandes redes de TV. Nas últimas semanas, o NaTelinha ouviu diversos executivos da mídia e percebeu que cresce no setor uma desconfiança quanto à exatidão desses números e críticas sobre sua medição ter se tornado ultrapassada com o crescimento das plataformas digitais. Por exemplo, hoje a Kantar não consegue cruzar a audiência da TV aberta e do YouTube.
Essa crise do mercado com a Kantar Ibope Media foi exposta em abril, quando a ABERT (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão) divulgou uma carta aberta na qual fez duras críticas ao instituto e destacou a necessidade de investir em um novo modelo.
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“Chegou a hora do mercado publicitário brasileiro, através de todos os seus integrantes (anunciantes, agências, veículos, empresas de medição de audiência e entidades de autorregulamentação), debater as alternativas de integração de métricas de audiência, a fim de definir o modelo a ser adotado pelo mercado brasileiro. Essa discussão é urgente e precisa ser iniciada de imediato, sendo o CENP a entidade naturalmente qualificada para sediá-la”, diz um trecho do comunicado da ABERT.
De acordo com fontes ouvidas, essa reação da ABERT ocorreu depois que a Kantar Ibope Media desenvolveu uma metodologia para unir TV aberta e digital, mas sem que esses parâmetros fossem amplamente debatidos com as emissoras.
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Nos bastidores, a insatisfação foi que o instituto pulou uma etapa e levou a nova medição ao mercado, inclusive para órgãos do governo. A nova metodologia da Kantar teria erros de parametrização que poderiam prejudicar os canais, relatou uma fonte envolvida na reportagem. A insatisfação foi tamanha que uniu Globo, SBT e Record, que intensificaram as críticas.
Duas semanas após a publicação da carta, a CEO da Kantar, Melissa Vogel, foi demitida. Márcio Costa, que era diretor de operações para a América Latina da empresa há 13 anos, assumiu a liderança do instituto. Na época, a informação foi publicada em primeira mão pelo NaTelinha.
“Após esse episódio desastroso, nada mudou. Ninguém me procurou para apresentar a nova medição. O projeto desapareceu e continuamos aguardando a Kantar. O instituto não está sendo transparente com seus clientes. Não estava pronto? A atual aferição atendia o mercado anos 80 e 90, mas o mundo mudou", desabafou um diretor de televisão, sob a condição de anonimato.
Ao NaTelinha, um famoso publicitário intensificou as críticas: “Ninguém duvida que a TV Globo é líder, mas as outras variações de números são altamente questionáveis. A Kantar não leva em conta uma população de comunidades de favelas que soma cerca de 16 milhões de pessoas, segundo o último Censo”.
Outro executivo não poupou críticas nem à antiga CEO da Kantar Ibope Media: “Melissa Vogel não conseguiu entregar uma ferramenta prometida há anos para medir o consumo de todos os produtos da marca, independentemente de onde foram vistos. No entanto, deve ter participado de cerca de 5 mil palestras enquanto esteve à frente do instituto”.
O NaTelinha enviou oito perguntas à Kantar Ibope Media sobre esse cenário de desconfiança que vem tomando conta de diversos setores da mídia e solicitou esclarecimentos de dúvidas que rondam o mercado. No entanto, a empresa não respondeu a nenhuma delas, mas enviou um comunicado (Leia na íntegra no fim da reportagem).
“A metodologia e o tamanho da amostra, que sustentam os números de audiência televisiva, seguem padrões internacionais, garantindo que sejam totalmente representativos de todas as classes sociais e econômicas. Nossas métricas são acordadas com comitês de mercado, que incluem representantes de emissoras, redes, anunciantes, agências e plataformas”, diz o trecho da resposta enviada pela Kantar.
“Como instituição reconhecida em medição de audiência no Brasil há mais de 80 anos, disponibilizamos dados de audiência de TV para o mercado, bem como fornecemos ferramentas de análise para entender o desempenho de conteúdos nas mais diversas plataformas. Nossa política não tem como padrão comentar o desempenho de programas e plataformas individuais.
A metodologia e o tamanho da amostra, que sustentam os números de audiência televisiva, seguem padrões internacionais, garantindo que sejam totalmente representativos de todas as classes sociais e econômicas. Nossas métricas são acordadas com comitês de mercado, que incluem representantes de emissoras, redes, anunciantes, agências e plataformas.
Temos duas mensagens fundamentais que comunicamos no Brasil e no mundo nos últimos 10 anos - o futuro da medição é híbrido, e para entregar essa medição é necessário trabalho em equipe com todos os Players do mercado.
Este objetivo ganhou força nos últimos anos de forma tangível. Continuamos comprometidos em servir o ecossistema de mídia, e em fazer parcerias com todos os players para gerar valor e crescimento para a indústria."
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