Publicado em 09/12/2019 às 06:29:00
O ano vai chegando ao fim com a exibição de três novelas que marcaram o gênero. Talvez seja cedo para incluir Amor de Mãe nesse panteão, mas é certo que a produção traz à TV uma linguagem diferenciada, quase experimental, pautada pelo realismo e fidedigna aos nossos dias. Nas tarde da Globo, também é possível rever Avenida Brasil, trama dinâmica e popular que provocou verdadeira revolução na forma de ver e fazer novela, em 2012.
Completando a trinca, O Clone volta ao ar nesta segunda (9), às 23h, no Viva. A reprise, 18 anos após a primeira exibição, comemora os 10 anos do canal pago vinculado à Globosat. A escolha não poderia ser mais acertada: o folhetim foi um marco na TV brasileira entre 2001 e 2002 e deixou uma legião de fãs à espera de sua reexibição, agora na íntegra.
Escrita com esmero por Glória Perez, aliada à direção sempre sensível de Jayme Monjardim, O Clone conseguiu a proeza de colocar o Brasil na tela da TV ao mesmo tempo em que mudava os hábitos da população. Expressões, bordões e vestuários, tanto de árabes quanto de brasileiros retratados na história, saltaram da ficção para o cotidiano do país.
A trama era rocambolesca. Com a morte de Diogo (Murilo Benício), o padrinho dele, o cientista Albieri (Juca de Oliveira), decide clonar o irmão gêmeo do rapaz, Lucas (também interpretado por Benício). Vinte anos depois, a novela passa a girar em torno da expectativa pelo encontro entre Lucas e seu clone, Léo (Benício de novo), bem como a interação deste último com Jade (Giovanna Antonelli, em estado de graça no papel), grande amor do passado de Lucas.
Um melodrama dos bons, que flertava com ficção científica. Somava-se ao fio condutor um retrato da cultura islâmica - e seus costumes controversos, como a poligamia e a submissão da mulher -, além de uma abordagem cirúrgica da dependência química e a presença de tipos carregados de brasilidade, como Dona Jura (Solange Couto), a divertida proprietária de um bar em São Cristóvão.
A tragédia humana das drogas, que a teledramaturgia preferia negligenciar até então, foi mostrada com os personagens Mel (Débora Falabella, em um de seus melhores papéis) e Lobato (Osmar Prado, sempre ótimo). Poucas vezes se falou tão abertamente, de forma didática e eficiente, sobre o consumo de drogas como cocaína e crack. A novela deu seu alerta, com cenas fortes, texto e direção irretocáveis.
Glória Perez usou sabiamente o merchandising social para desenvolver personagens e tramas paralelas. A autora pode não ter inventado esse mecanismo, mas o consolidou com maestria e acabou criando essa espécie de fórmula, repetida, com sucesso, em títulos posteriores às 21h. Por essa e outras razões, O Clone se tornou, possivelmente, a novela mais importante daquele início de milênio.
Apesar do DNA brasileiro, a história é universal. Ainda hoje, é um dos títulos mais exportados da Globo, exibida em mais de 100 países. Em 2010, produziu-se um remake nos Estados Unidos, El Clon, destinado à comunidade hispânica local, mas sem o mesmo sucesso.
Mesmo com uma história bem amarrada, a ampla variedade de abordagens - clonagem, árabes e drogas foram só algumas delas - tinha tudo para confundir o telespectador e dar muito errado. A produção estreou dias após os atentados às Torres Gêmeas, nos EUA. Ao colocar muçulmanos em destaque, naquele contexto, corria-se o risco da rejeição do público.
Ao contrário, a cultura marroquina se tornou, para muitos, o principal atrativo. Mesmo em cenário insólito, o que se viu foi um grande sucesso popular. Vai ver Tio Ali (Stênio Garcia) tinha razão: estava escrito.
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