Mocinha sofredora

Atuação da semana: Com sofrimento de mocinha, Grazi Massafera emociona

Atriz mostra versatilidade em semana dolorosa para personagem


Grazi Massafera, como Paloma, em cena de Bom Sucesso
Grazi Massafera se destacou na semana de Bom Sucesso. Foto: Divulgação

O que diferencia uma grande atriz das outras num mercado competitivo e exigente é a capacidade de construir personagens distintos e de achar um mecanismo de interpretação diferente para cada um de seus trabalhos. Além disso, a arte da atuação produz artistas de verdade quando os profissionais transitam com naturalidade nos mais diversos estilos. É o que provou Grazi Massafera na semana passada de Bom Sucesso.

Indicada ao Emmy Internacional por sua visceral interpretação de Larissa em Verdades Secretas, a atriz já havia aparecido nesta coluna quando sua Paloma mostrou-se uma construção acertada de uma protagonista típica de comédia romântica a que se propunha a trama de Rosane Svartman e Paulo Halm em boa parte de Bom Sucesso.

Na semana que terminou, no entanto, a novela abraçou o folhetim na reta final e entregou a Grazi a necessidade de se mostrar como uma típica mocinha de novela. A mulher sofredora e que vê seu mundo desabar vivendo um inferno astral. Mocinhas assim dificilmente são personagens errôneas ou que não permitam a intérprete cair no gosto do público. Todo mundo adora ver o sofrimento alheio e se compadecer com a dor do próximo.

Para uma mocinha sofredora ser aceita e factível, no entanto, ela necessita de um tipo de atriz que está morrendo na TV brasileira. Aquela que tem musculatura cerebral suficiente para entender o texto e a dor da personagem e entregar não apenas uma interpretação industrial e mecânica, mas que vai além e atinge o âmago de quem assiste.

E Grazi se provou este tipo de atriz. A Paloma de Bom Sucesso é uma mocinha típica e que, como tal, oferece uma série de cascas de banana para sua intérprete e ela fugiu de todas. A dor de Paloma é sentida no vídeo por conta da entrega da mulher que está por trás porque a atriz compreendeu que, diferente de outras personagens, a mocinha tradicional precisa transmitir uma verdade quase que corriqueira, medíocre até. Quem assiste precisa enxergar naquele choro, o da vizinha, da irmã. E é isso que Grazi fez com a Paloma, ela é a mulher que poderia ser a irmã do telespectador.

E o método de interpretação é completamente diferente dos trabalhos recentes dela. Para citar um, a própria Larissa que precisava de uma entrega corporal muito mais que visual, já que o campo da visão estava tomado por maquiagens e a estética não exigia nada da atriz. A Paloma da comédia romântica de Bom Sucesso também era muito diferente porque exigia um ar de graciosidade que nem todas conseguem oferecer porque exige o timing correto para fazer a piada, soltar a frase e conquistar não apenas o parceiro, mas o público.

Agora, Grazi Massafera se mostrou uma atriz com musculatura que vai além dos tipos e mostrou que consegue compôr a mais tradicional personagem de uma telenovela: a mocinha. Por causa deste trabalho é que ela volta a ocupar este espaço como a Atuação da Semana.

Mais Notícias

Enviar notícia por e-mail


Compartilhe com um amigo


Reportar erro


Descreva o problema encontrado