Comoção

Morte de Daniella Perez emocionou até Sérgio Chapelin no JN

Âncora do Jornal Nacional naquela época, o veterano leu com voz embargada editorial no dia seguinte ao assassinato da atriz


À esquerda, Daniella Perez; à direita, Sérgio Chapelin
Após noticiar o assassinato de Daniella Perez, Sérgio Chapelin leu no Jornal Nacional um editorial em homenagem à atriz, informando também sobre os rumos de sua personagem na novela De Corpo e Alma - Fotos: Reprodução
Por Walter Felix

Publicado em 27/07/2022 às 06:05,
atualizado em 27/07/2022 às 08:26

O assassinato de Daniella Perez (1970-1992), relembrado agora com a repercussão da série documental da HBO Max, comoveu o país há 30 anos. No dia seguinte ao crime, na edição do Jornal Nacional de 29 de dezembro de 1992, o crime cometido por Guilherme de Pádua e sua então esposa Paula Thomaz foi o grande assunto, ofuscando até a renúncia do então presidente Fernando Collor, que passava por um processo de impeachment.

Naquela noite, Sérgio Chapelin terminou o JN com voz embargada. O então âncora leu um editorial ao vivo em homenagem a Daniella Perez, informando também sobre os rumos de sua personagem na novela De Corpo e Alma. A trama, escrita por Glória Perez, mãe da atriz, era exibida no horário nobre, logo após o telejornal.

“Imaginem, se dá para imaginar, a dor de uma mãe que vê uma filha jovem e alegre, cheia de vida e energia, desaparecer brutalmente como aconteceu com Daniella Perez. A dor de Glória Perez, mãe de Daniella, e criadora da personagem Yasmin, que a jovem atriz vivia na novela De Corpo e Alma”, disse Sérgio Chapelin no fim do Jornal Nacional daquela noite.

O jornalista foi em frente: “Imaginem a dor de Glória, a mãe, e o dilema de Glória, a autora. Seria natural, compreensível, que a dor prevalecesse sobre a ficção, e Yasmin também morresse hoje. Mas Glória Perez, num exemplo de força, de determinação e de senso profissional, decidiu preservar a obra de ficção”.

Glória Perez manteve Daniella Perez viva na novela De Corpo e Alma

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Com o assassinato de Daniella Perez, sua personagem Yasmin fez uma viagem para o exterior, onde tentaria a carreira como dançarina. Bira, personagem do assassino Guilherme de Pádua, deixou de existir. Os capítulos passaram a ser conduzidos por Gilberto Braga e Leonor Bassères, mas Glória Perez voltou a escrever a novela semanas depois.

“Por mais que doa cada palavra, cada cena imaginada para Yasmin, ela vai continuar viva, na fantasia de seu sorriso, sua juventude, sua sensualidade, até as últimas cenas gravadas por Daniella Perez. A vida interrompida hoje, de forma tão brutal, continua por mais algum tempo na novela e por muito, muito tempo na lembrança de todos os que riram e choraram com a alegre Yasmin que a jovem Daniella soube viver tão bem.”

Sérgio Chapelin

A edição daquele dia do Jornal Nacional reconstitui os últimos passos de Daniella Perez e Guilherme de Pádua antes do crime, ainda sem detalhes que só vieram à tona nos dias seguintes, como o envolvimento da então esposa do ator, Paula Thomaz. As trajetórias artísticas da vítima e do assassino também foram relembradas.

As reportagens do dia exibiram ainda depoimentos de atores da Globo chocados com o crime, além de cenas do enterro da atriz, que reuniu uma multidão no Rio de Janeiro. “Na vida real, Daniella se despede, mas, na novela, Yasmin ficará um pouco mais, de corpo e alma”, anunciou a repórter Ilze Scamparini, com referência ao título da trama, no fim da cobertura.

Assista a essa edição do Jornal Nacional, disponível no YouTube (a cobertura do assassinato de Daniella Perez começa em 31:14):

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