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Compliance da Globo vira arma de ameaça e preocupa diretores

NaTelinha apurou que setor do canal está sendo usado por funcionários como arma contra qualquer correção ou ordem superior


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Compliance da Globo tem sido usado para compelir qualquer correção ou ordem superior mais incisiva - Foto: Reprodução
Por Walter Felix, com Sandro Nascimento

Publicado em 18/05/2022 às 04:19,
atualizado em 18/05/2022 às 10:19

Há alguns anos, a Globo mantém um setor de compliance destinado a cuidar das relações entre os empregados da emissora. Para lá são encaminhadas as denúncias de assédio, seja moral ou sexual, para a devida apuração dos fatos. O que deveria ser um serviço positivo para os funcionários da empresa, identificando os abusos e garantindo a salubridade, está se tornando uma verdadeira dor de cabeça nos bastidores do canal.

O NaTelinha apurou que o sistema de compliance está virando uma forma de ameaça na Globo. Diretores e outros profissionais em cargos de chefia estão insatisfeitos com empregados que têm usado o serviço de forma indevida ou com má-fé. A reclamação dá conta de que, agora, qualquer determinação superior pode soar como assédio moral e ir parar na seção que apura excessos desse tipo.

Dessa forma, em uma reunião com ânimos mais acirrados, por exemplo, uma simples correção vinda da chefia pode culminar na ameaça de uma denúncia ao setor responsável pelo compliance do canal. Uma ordem ou ainda um sermão vindo de um chefe já seria o bastante para um funcionário deturpar a situação como um possível caso de assédio moral, o que levaria a uma apuração interna.

A maior crítica a essas atitudes é pelo fato de o compliance ser um conjunto de regras éticas destinado justamente a coibir situações de assédio ou abuso de autoridade. O que acontece é que há empregados utilizando uma ferramenta legítima – e fundamental em uma grande empresa como é o caso da Globo – para compelir qualquer correção ou ordem superior mais incisiva.

Entre as fontes ouvidas pela reportagem, há um entendimento de que o compliance é importante, mas está sendo utilizado de forma indevida na emissora, virando uma forma de ameaça de funcionários contra seus superiores. O que remedia esse fenômeno é que nem sempre tais denúncias vão adiante e, se o processo de investigação não identificar que houve mesmo o assédio, a acusação é “arquivada” internamente.

Compliance da Globo já apurou casos de assédio que ficaram famosos e resultaram em demissões na emissora

Compliance da Globo vira arma de ameaça e preocupa diretores

A situação ocorre na esteira de uma proliferação de denúncias de assédio que de fato ocorreram nos últimos anos e derrubaram importantes nomes do casting e da direção da Globo. Entre os mais lembrados, está o caso do ator José Mayer, acusado pela figurinista Susllem Meneguzzi de assédio moral e sexual em 2017. O episódio culminou na demissão do ator, que saiu da emissora após 35 anos de contrato.

Mais recentemente, o ator Marcius Melhem, que comandava o setor de humor da Globo, deixou o cargo após denúncias de assédio moral e sexual. No ano passado, reportagem da revista Piauí detalhou episódios envolvendo a humorista Dani Calabresa, que foi uma das primeiras – mas não a única – a formalizar queixas contra o ex-colega no compliance da empresa, em dezembro de 2019.

Procurada pelo NaTelinha, a Globo não se manifestou até a publicação da reportagem. Caso o faça, o texto será atualizado.

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