Stranger Things: 4ª temporada traz referências à clássicos de terror dos anos 80
Sucesso da Netflix retorna com episódios novos depois de quase três anos
Publicado em 06/06/2022 às 06:20,
atualizado em 06/06/2022 às 10:32
Os fãs de Stranger Things já podem comemorar o fim da seca. Maior sucesso da Netflix, a série está com episódios inéditos disponíveis na plataforma de streaming desde o dia 27 de maio. Produzida durante a pandemia, a quarta temporada contém ao todo 9 episódios. Considerada a mais longa e assustadora de todas até agora, acabou sendo dividida em duas partes.
Segundo os irmãos Duffer, criadores da série, a tática foi utilizada para garantir que pelo menos a metade ficasse pronta no prazo, evitando, assim, que os fãs tivessem que esperar ainda mais pelos inéditos. Então, o Volume 1 é composto por 7 episódios, com pouco mais de uma hora de exibição cada, enquanto que o Volume 2 estreia em 1º de julho com os episódios 8 e 9, e com tempo de duração de longa-metragem.
A quarta temporada tem início seis meses após o incêndio em um shopping, provocado por uma equipe russa que pretendia abrir o portal do mundo invertido, e que ocasionou na morte de alguns cidadãos de Hawkins. Entre eles, Hopper (David Harbour).
Agora, os moradores da pacata cidade mal retornaram suas rotinas e uma onda de assassinatos volta a assombrá-los. Com Eleven (Milli Bobb Brown) morando na Califórnia ao lado de Will (Noah Schnapp), Jonathan (Charlie Heaton) e da mãe deles, Joyce (Winona Ryder), o restante da turma inicia uma investigação atrás de respostas.
Consequentemente, a produção dará mais notoriedade ao grupo que terá que driblar a polícia e demais moradores da região, revoltados com as mortes em série com características macabras.
Entre os mistérios que rondam a atual temporada está a perda dos poderes de Eleven e a notícia de que o pai adotivo da adolescente sobreviveu, mas foi capturado por soldados soviéticos e está sendo mantido em uma prisão de segurança máxima, que mais lembra um campo de concentração, no Alasca.
Criadores de Stranger Things homenageiam elementos culturais da época
O ano era 2015 quando os irmãos Duffer começaram a idealizar Stranger Things. No entanto, em seu roteiro original a produção se chamaria Montauk, uma referência ao município onde se passaria a trama.
A série abordaria teorias de conspiração em cima de experimentos secretos do governo americano em uma base militar de Nova Iorque, na década de 1980. E uma das inspirações dos roteiristas seriam estranhos acontecimentos ocorridos durante a Guerra Fria.
Embora o nome do lugar onde a história se passa tenha sofrido mudança, seus criadores mantiveram no roteiro referências aos elementos culturais da época. No cinema, destaque para os filmes de ficção científica e terror sobrenatural, além de ação e aventura. Obras inspiradas em mestres dos gêneros como Steven Spielberg, John Carpenter e Stephen King.
E ainda, destaques para games, animes, HQs e músicas, tornando a atração nostálgica para o espectador já na casa dos 40 anos e despertando a curiosidade da geração Alpha.
Quarta temporada homenageia clássicos de terror dos anos 80
Os autores de Stranger Things prometeram e cumpriram. A quarta temporada da série está ainda mais assustadora, com cenas capazes de fazer o espectador mais sensível fechar os olhos em alguns momentos. A partir daqui contém spoiler.
Levando em consideração que o grupo de amigos agora são adolescentes, a leveza da história, se é que existe, se dará nos dramas particulares da idade. Eleven, por exemplo, passa a duvidar dos sentimentos de Mike (Finn Wolfhard). A menina ainda se torna vítima de bullying na nova escola em que estuda.
Perseguida por um grupo de alunos, em especial a garota mais popular da turma, a adolescente protagoniza uma cena bem familiar aos amantes do mestre do terror, Stephen King.
Na sequência, a menina de poderes telecinéticos está se divertindo no ringue de patinação Rink-O-Mania com o namorado, e o amigo Will, quando é humilhada pelos alunos do colégio.
Assustada, ela tenta sair da pista, mas acaba cercada por um grupo de colegas que riem dela. Quando a música para de tocar, surge um garoto que lhe dá um banho de milk-shake. Eleven vai ao chão e chora enquanto os adolescentes caem na gargalhada.
Qualquer semelhança com o clássico "Carrie - A Estranha (1979)" não é mera coincidência. Baseado no livro homônimo de Stephen King, a protagonista, que também tem poderes telecinéticos como a menina da série, ganha o título de rainha do baile e, no momento de sua coroação, leva um banho de sangue de porco.
Através de uma rede social, o próprio escritor confessou ter reconhecido a referência à sua obra e elogiou a quarta temporada da série, considerada, por ele, a melhor de todas.
Já a passagem da personagem Chrissy (Grace Van Dien), primeira vítima de Vecna, nos faz lembrar muito do clássico "A Hora do Pesadelo" (1985). A líder de torcida entra em uma espécie de transe antes de morrer.
Assim como na trilogia, cuja as vítimas eram assassinadas por Freddy Krueguer durante o sono, é como se a mocinha estivesse em um sonho quando, na verdade, está no mundo invertido.
No nosso mundo, Eddie (Joe Quinn) tenta acordá-la e não consegue. De repente, ela começa a levitar na frente do roqueiro, tem seus ossos quebrados é os olhos arrancados.
Protagonista da franquia cinematográfica, Robert Englund participa da quarta temporada de Stranger Things no papel de Victor Creel, um ex-soldado preso em um hospital psiquiátrico, acusado de matar a mulher e um dos filhos, na década de 1950. O personagem seria a primeira vítima de Vecna.
Antes mesmo de sua aparição, no quarto episódio, seu nome é citado pelo tio de Eddie, como suposto culpado pela morte de Chrissy, e sendo comparado a Michael Myers, o serial killer da trilogia "Halloween" (1978), de John Carpenter. O homem chega a chamá-lo de "bicho-papão", mesmo apelido do vilão do filme.
É também no quarto episódio que Max (Sadie Sink) descobre que será a próxima vítima de Vecna. A estudante chega a entrar em transe e surge no mundo invertido, e só consegue se livrar da criatura graças à dica de Creel.
No caso, o grupo de amigos descobre que a chave está em colocar a música favorita da menina para tocar. Ao escutá-la, a ruivinha consegue escapar do mundo invertido.
A canção Running Up That Hill, do álbum de Kate Bush, Hounds of Love (1985), se tornou a 4ª música mais ouvida no mundo, 37 anos após seu lançamento, 48 horas depois da estreia dos novos episódios de Stranger Things na Netflix.
A sequência em que Max levita lembra "It - A Coisa" (1986), mais uma obra de Stephen King adaptada para o cinema. Aliás, às referências do livro na série são muitas.
A começar pelo fato de o intervalo dos ataques de Vecna levarem 30 anos, enquanto que de Pennywise, o palhação que atacava criancinhas, foi de 27 anos. Sádico, o demônio ainda gosta de brincar com suas vítimas antes de matá-las e tem uma casa como esconderijo.
Mais referências e easter eggs
- Karate Kid (1984): sucesso dos anos 80, a trilogia contava a história de Daniel LaRusso (Ralph Macchio), um novato que sofre bullying e decide aprender caratê para se livrar dos valentões da escola. Na série, Murray Bauman (Brett Gelman) se defende lutando artes marciais enquanto ele e Joyce tentam resgatar Hopper dos soviéticos.
- Curtindo A Vida Adoidado (1986): logo no primeiro episódio, Suzy (Gabriella Pizzolo) invade o sistema da escola Hawkins para adulterar a nota do namorado, Dustin (Gaten Matarazzo). A cena lembrou a sequência em que Ferris Buller (Matthew Broderick) adultera seus números de faltas.
Cheech & Chong (1978): quando Eddie desaparece, Robin (Maya Hawke), Max (Sadie Sink), Steve (Joe Keery) e Dustin tentam encontrá-lo pelo sistema da locadora de vídeos. Na busca, surge uma lista de filmes estrelados pela dupla Cheech & Chong, dois hippies sem noção que andam de van e fumam maconha. Na nova temporada, Jonathan e seu amigo, Argyle (Eduardo Franco), andam em uma van e adoram uma erva.
- Star Wars (1977): a franquie é recordada em pelo menos dois momentos. O primeiro, quando Dustin e Mike associam a entrada de Lucas no time de basquete em detrimento do clube de RPG, e o acusam de ser levado para "O lado sombrio da Força". A segunda citação na última batalha de "Dungeons & Dragons", do clube Hellfire. Dustin joga os dados e repete a fala de Han Solo: "Nunca me diga as probabilidades".
- ET. O Extraterrestre (1982): o clássico de Steven Spielberg é homenageado na sequência em que a turminha foge de bicicleta da polícia para salvar os amigos que estão presos no mundo invertido, igual as crianças fizeram no filme, ajudando o pequeno alienígena a voltar para casa.
- O Senhor dos Anéis (2001): líder do clube de RPG Hellfire, Eddie cita uma passagem do filme quando ele e os amigos se encontram, na pedra da caveira, e criam uma estratégia para procurar Vecna. O metaleiro compara a missão com a dos Hobbits a caminho de Mordor.
-RPG, demonização do jogo e Ozzy Osbourne: nos anos EUA dos anos 1980, o RPG (Role Playing Game) era associado ao diabo, chegando a ser banido em alguns Estados. Na série, Jason Carver (Mason Dye) associa o Hallfire Club ao satanismo e sacrifício humano depois que Eddie se torna suspeito pela morte de Chrissy. O metaleiro tem esse nome em homenagem a Ozzy Osbourne, líder da banda Black Sabbath, conhecido por já ter comido um morcego. O próprio Eddie cita o fato depois que Steve trava uma batalha com morcegos no mundo invertido.
-Polthergeist - O fenômeno (1982): Dustin descobre um mini-portal para o mundo invertido na casa de Eddie. Ele e os amigos fazeem uma corda de lençol e jogam para o outro lado, para resgatar o restante da turma. No filme, Carol Anne é resgatada da mesma forma pela especialista em fenômenos paranormais.
- Ghostbusters (1984): a franquia já havia sido citada na segunda temporada da série, quando o grupo de amigos de Hawking surge vestindo macacões iguais aos caça-fantasmas. Agora, é possível reconhecer um botton do filme preso na mochila de Dustin, quando eles invadem a mansão onde Vecna se esconde.