Cinco motivos que explicam o fracasso de Um Lugar ao Sol no Ibope
Novela não tem conseguido reagir na audiência
Publicado em 17/11/2021 às 04:33
A novela Um Lugar ao Sol bem que estreou recheada de expectativas no horário das 21h da Globo, mas com menos de 10 capítulos exibidos ainda não emplacou e vem acumulando números baixos no Ibope. A trama de Lícia Manzo vem sofrendo uma série de problemas externos e também dentro da própria narrativa e que poderiam explicar os problemas que a trama tem com os números.
Até o último sábado (13), a produção protagonizada por Cauã Reymond, Alinne Moraes e Andreia Horta acumula audiência de 23,3 pontos, segundo dados da Kantar Ibope para a Grande São Paulo. E os números já chegaram a gerar mal estar entre diretores da Globo, por conta do período de estreia da trama. Mesmo elogiada pela crítica, a novela parece não ter caminho para crescer.
Ainda que o folhetim venha derrapando, a história pode explicar, assim como o contexto da estreia da primeira produção inédita da Globo nessa fase de pandemia da Covid-19, mas há muitos motivos em que pode-se explicar a baixa adesão do público à principal novela brasileira.
Cinco motivos para o fracasso de Um Lugar ao Sol
Horário bailarino
Como o NaTelinha havia mostrado com exclusividade, o período de fim de ano é delicado para qualquer novela da Globo, mas no caso de Um Lugar ao Sol, a situação fica ainda mais delicada porque o mês de novembro ainda apresentou problemas que outras situações não teriam. Com as duas semanas iniciais indo ao ar em horários diferentes, o público sequer consegue se acostumar a assistir a história.
Levantamento mostra que, dos primeiros doze capítulos da história criada por Lícia Manzo, quatro foram ao ar em horário diferente do tradicional. Para piorar, entre eles ainda houve um feriado prolongado, que costuma diminuir naturalmente a presença do telespectador diante da TV.
Longo período de reprises
A bem da verdade é que a novela não teria muito como reagir a isso, mas é um fato que o público se desacostumou a assistir uma produção inédita no horário. A última havia sido Amor de Mãe, que acabou achatada por reprises e terminou de forma repentina por causa da pandemia da Covid-19, que suspendeu todas as gravações por período na emissora carioca.
Após engatar reprises consecutivas, a Globo lançou Um Lugar ao Sol, mas o público já não tinha mais o costume de assistir uma produção diária num horário fixo, já que as tramas exibidas não precisavam de fidelidade, uma vez que seguiam na memória afetiva do público. Caberá, portanto, à história, tentar recuperar gradualmente a presença constante do público.
Muita tristeza
As personagens de Um Lugar ao Sol sofrem demais e o tempo todo. A novela de Lícia Manzo parece uma ode à tristeza e tem pouquíssimos escapes para o telespectador. Não é a primeira e nem deverá ser a última na dramaturgia a utilizar o recurso, mas esse formato já costuma ser renegada em tempos normais, como aconteceu com A Vida da Gente (2011) e Sete Vidas (2015), da mesma autora.
Para piorar, o momento é ainda muito doloroso para os brasileiros, que enfrentam uma crise constante nos últimos três anos, aliada a uma pandemia que ceifou mais de 600 mil vidas, deixando tudo um pouco pior. É difícil ligar a TV no horário da novela e continuar acompanhando apenas tristeza.
Falta romance
Um Lugar ao Sol é uma trama masculina, ao menos até este momento com as sequências que foram ao ar. Tudo gira em torno de Christian, personagem de Cauã Reymond, que rouba o lugar do gêmeo morto, Renato. Para isso, ele abandona Lara (Andreia Horta), namorada que ele dizia ser o amor de sua vida, e se envolve com a noiva do outro, Bárbara (Alinne Moraes), mesmo sem sentir nada por ela.
E este é um dos problemas da narrativa de Lícia Manzo, já que não existe nenhum casal para o telespectador torcer e sofrer. As atitudes de Christian impedem que o público torça por ele e, diante disso, as duas mulheres enganadas pelo protagonista, acabam não gerando empatia quando estão contracenando com o personagem. E nos núcleos paralelos, não houve nenhum casal.
Núcleos paralelos
Os primeiros capítulos da produção das 21h da Globo mostrou toda a trajetória de seu protagonista e praticamente não houve espaço para mais nada. No papel de Christian e de Renato, Cauã Reymond foi onipresente em tela e o público levou tempo para conhecer outros personagens, o que poderia ser um problema numa novela tradicional, não neste caso.
O problema foi piorado quando os núcleos paralelos começaram a aparecer na passagem de tempo. Até o momento, a história não conseguiu apresentar nenhum personagem coadjuvante que garanta uma história interessante ou, no mínimo, que gere empatia.