Há 28 anos

Renascer chega ao Globoplay; novela teve intersexo e rejeição a Adriana Esteves

Sucesso de Benedito Ruy Barbosa exibido em 1993 entra para o streaming nesta segunda (11)


Adriana Esteves, Maria Luísa Mendonça e Taumaturgo Ferreira na novela Renascer, de 1993, de volta no Globoplay
Em Renascer, Mariana (Adriana Esteves) queria vingar a morte do avô, e Buba (Maria Luísa Mendonça) vivia um romance com José Venâncio (Taumaturgo Ferreira) - Fotos: Divulgação/TV Globo

Novela de grande sucesso exibida em 1993, Renascer chega ao Globoplay nesta segunda-feira (11). Escrita por Benedito Ruy Barbosa - na esteira do sucesso do autor com Pantanal (1990), na Manchete - a produção é muito lembrada, além da qualidade final do produto, pela rejeição sofrida por Adriana Esteves, em início de carreira, e pela primeira personagem intersexo em novelas brasileiras.

Quando o termo usado ainda era “hermafrodita” - que caiu em desuso, sendo substituído por “intersexo” -, Buba roubou a cena em Renascer. A personagem, com características sexuais biológicas femininas e masculinas, marcava a estreia na televisão da atriz Maria Luísa Mendonça, então aos 23 anos. Era a namorada de José Venâncio (Taumaturgo Ferreira) e se envolvia com o irmão dele, José Augusto (Marco Ricca).

“Eu tinha plena consciência da importância da discussão. Foi uma personagem que me projetou como atriz num papel que me exigiu muita coragem”, disse Maria Luísa, em entrevista ao jornal O Globo, em 2018. A reportagem lembrou que, na época, Buba ditou moda com seus vestidinhos longos e floridos.

Na história, os personagens simplórios que viviam na fazenda do coronel José Inocêncio (Antônio Fagundes) ficavam encafifados sobre a sexualidade da moça. A trama serviu para despertar parte da audiência a um assunto até então desconhecido. “Ouvia comentários agressivos, a personagem mexia com o imaginário ignorante do público”, relembrou a atriz em depoimento à Marie Claire, também há três anos.

“Trazer informação sobre assuntos que ainda são tabu ajuda a quebrar o preconceito e a inspirar mais respeito e amor pelas diferenças”, acrescentou. Buba marcou a carreira da atriz na TV, permeada por personagens fortes. Naquela época, ela ainda viveria a homossexual Letícia na minissérie Engraçadinha (1995) e a neurótica Vera de Explode Coração (1995).

“Foram os anos mais difíceis da minha vida”, confessou Adriana Esteves sobre época de Renascer

Renascer chega ao Globoplay; novela teve intersexo e rejeição a Adriana Esteves

Mas a personagem feminina central de Renascer era outra: Mariana, vivida por Adriana Esteves. O papel era dúbio: uma jovem que se infiltra na vida de José Inocêncio para vingar a morte do avô, Belarmino (José Mayer), mas acaba se apaixonando pelo protagonista. Forma-se então um triângulo amoroso com o filho enjeitado do coronel, João Pedro (Marcos Palmeira).

Mariana não foi o primeiro papel de destaque da atriz no horário nobre - ela já havia vivido a mocinha Marina Batista em Pedra sobre Pedra (1992), um ano antes. Em Renascer, contudo, ela enfrentou muitas críticas, que culminaram em seu afastamento da televisão - ela passou a se dedicar mais ao teatro - e em uma crise depressiva, acirrada por problemas pessoais.

“Foram os anos mais difíceis da minha vida”, desabafou em entrevista à revista Cláudia, em 2016. À Marie Claire, em 2007, a atriz já havia confessado: “Já tive problemas na vida antes e eles nada tiveram a ver com a profissão. Então eu acho que, mesmo se tivesse sido médica, teria passado por uma crise”.

Após algumas peças de teatro, ela voltou à TV com um papel fixo na minissérie Decadência (1995). Fez ainda uma novela no SBT, Razão de Viver (1996), e retomou o posto de protagonista no horário nobre da Globo com A Indomada (1997). A aclamação como atriz viria a partir da vilã Sandrinha de Torre de Babel (1998), que lhe rendeu todos os prêmios daquele ano.

Com direção de Luiz Fernando Carvalho, Renascer narrava a trajetória de vida de José Inocêncio desde a juventude - na primeira fase, o personagem é vivido por Leonardo Vieira. Ele se casa com Maria Santa (Patrícia França), mas esta morre ao dar à luz a João Pedro. O coronel então passa a rejeitar o caçula, um conflito que se torna fio condutor da trama.

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