Damas da TV

De Janete Clair a Manuela Dias: mulheres comandam a dramaturgia no Brasil desde sempre

Autoras mulheres sempre comandaram as novelas no Brasil


Montagem de foto com Manuela Dias e Janete Clair
Janete Clair iniciou a trajetória de mulheres escrevendo novelas e chegou a Manuela Dias - Foto: Montagem

No Dia Internacional da Mulher, as mulheres ainda brigam por ocupar um espaço em igualdade de condições com os homens, seja na sociedade ou no trabalho. Embora essa afirmação seja verdadeira e reste muito para se caminhar, ela não serve como exemplo nas telenovelas, já que desde sempre são as mulheres que comandam os roteiros da dramaturgia televisiva no Brasil. Mesmo com homens conseguindo sucesso e alçando espaço, são elas quem controlam este universo, desde Janete Clair (1925-1983), até Manuela Dias, com sua Amor de Mãe.

Ao se pensar em telenovela, mesmo antes de Janete, que determinou os rumos do folhetim no Brasil com técnicas que são utilizadas até hoje, uma mulher alçou as telenovelas a um produto televisivo de grande audiência: Gloria Magadan (1920-2001). A cubana foi chefe de teledramaturgia da Globo nos primórdios da TV brasileira e responsável por obras de sucesso como O Sheik de Agadir (1966).

Mas Magadan foi superada por Janete Clair no momento em que a Globo, através de Boni, decidiu que as novelas brasileiras precisavam de um ar contemporâneo e, a partir daí, alçou a novata Janete Clair ao principal horário das tramas da emissora, a tornando um ícone da dramaturgia e considerada ainda hoje o maior nome das novelas brasileiras. Tanto que a Globo planeja uma minissérie com a biografia da roteirista.

Pelas mãos de Janete Clair, o público brasileiro conheceu histórias que causaram frisson e audiência recorde como Irmãos Coragem (1970), Selva de Pedra (1972) e Fogo Sobre Terra (1974). Responsável por popularizar o formato com linguagem mais próxima do brasileiro, Janete percebeu em meados de sua carreira que precisava também agradar a crítica e foi aí que criou o sucesso Pecado Capital (1977).

Ivani Ribeiro

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Mas não foi apenas Janete que consagrou-se como a manda-chuva das novelas no Brasil. Uma espécie de rival, que colecionava sucessos na Tupi, era Ivani Ribeiro. A autora foi responsável por sucessos como Meu Pé de Laranja Lima (1970), O Machão (1974) e O Espantalho (1977), antes da falência do canal que a levou tardiamente para a Globo.

No canal carioca, Ivani reviveu sucessos que havia escrito para a Tupi e que foram ainda mais arrebatadores na Globo, como A Gata Comeu (1985), que é outra versão de A Barba Azul (1974). Em 1993 ela reeditou Mulheres de Areia, que havia escrito vinte anos antes no canal paulista e que é celebrado ainda hoje por público a crítica, como A Viagem (1994), última trama escrita por ela e que está sendo reexibida no Viva.

Gloria Perez

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Considerada herdeira natural de Janete Clair, por ter colaborado com a autora no último trabalho dela, precisando encerrar a história após a morte da titular, Gloria Perez é considerada uma das grandes damas da TV brasileira. Pelas mãos dela, a dramaturgia ganhou ares de profecia com Barriga de Aluguel (1990), Explode Coração (1995) e O Clone (2001).

Mas foi a partir da última que ela girou a chave e se tornou uma autora com outro quilate por público e crítica, tanto que a novela foi a única brasileira a figurar na lista de produções mais importantes da TV mundial nos últimos 50 anos, eleita por uma revista internacional. E depois dela ainda surgiram obras como América (2005), Caminho das Índias (2009), a primeira novela brasileira vencedora do Emmy Internacional e, mais recentemente, A Força do Querer (2017).

Manuela Dias

De Janete Clair a Manuela Dias: mulheres comandam a dramaturgia no Brasil desde sempre

Embora seja cedo para colocar Manuela Dias no hall das grandes autores, o nome dela precisa figurar na lista por ser a novelista mais jovem a entrar no seleto grupo de autores das 21h em muito tempo e também a primeira a estrear na principal faixa da Globo. Com Amor de Mãe, a autora prometeu uma série de inovações, mas acabou sofrendo pelo coronavírus.

A trama se iniciou em 2019 e já vinha em alta de audiência quando foi interrompida em março do ano passado por causa da quarentena. Com a pandemia, a direção da Globo cortou dezenas de capítulos da história, que ganhou a chance de encerrar o ciclo com 23 capítulos.

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