Entrevista

Motivo de enxaqueca para a Globo, apresentadores do "Balanço Geral SP" rechaçam ego elevado por liderança

Reinaldo Gottino, Fabíola Reipert e Renato Lombardi falam sobre o sucesso do programa na Record TV


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Divulgação/Record TV

Sucesso incontestável no "Balanço Geral SP" há mais de três anos, Reinaldo Gottino, Fabíola Reipert e Renato Lombardi são motivos de fortes dores de cabeça à Globo.

O "Vídeo Show", que vai ao ar entre 14h e 15h, amarga consecutivas derrotas diariamente para o programa da Record TV. Reformulações, ajustes e até o "Video Game", sob o comando de Angélica, voltou para tentar frear o concorrente. Até agora, sem êxito.

Tal sucesso não era esperado por Reinaldo Gottino, quando ingressou no programa, em maio de 2014. "Não sabia se ia durar três meses", disse o jornalista, explicando que quando passou a apresentar o "Balanço Geral", o país iria sediar uma Copa do Mundo e toda a atenção estava voltada ao evento. Posteriormente, houve eleições, horário de verão, férias, mas os resultados, apesar disso tudo, apareceram.

Liderar a audiência por tanto tempo, e ver a concorrente tentando salvar um programa com história como o "Vídeo Show", não mexe com o ego deles. "É lucro (ficar em primeiro), a gente fica feliz, se falar que não somos mentirosos. Mas quem sempre esteve em primeiro lugar, é a outra emissora. Quem tem que se preocupar são eles", garante Fabíola Reipert, que lidera com "A Hora da Venenosa".

Motivo de enxaqueca para a Globo, apresentadores do \"Balanço Geral SP\" rechaçam ego elevado por liderança

Renato Lombardi também declarou que não tem esse ego. "Um dos segredos do programa é a gente ser quem sempre foi", analisa Gottino.

O NaTelinha visitou os estúdios da Record TV para conversar com o trio de apresentadores sobre o sucesso que tem mexido com a Globo. Confira a entrevista na íntegra:

NaTelinha - O quanto vocês acreditam que influenciaram a volta do "Vídeo Game" nas tardes da Globo?

Fabíola - A gente percebe, sabe, leio na imprensa e tenho fontes que tem arrumado algumas estratégias para a emissora, que sempre esteve em primeiro lugar. Não é bom pra eles perder a liderança ou ser incomodado por outro programa. Não estão acostumados com isso.

Gottino - Acho que é um horário que tem mexido com eles. A gente curte isso, apenas. A gente colocou um horário numa disputa pelo primeiro lugar, e é muito legal, muito bacana. Ali tem grandes profissionais também e achamos muito bacana essa briga. É saudável.

NaTelinha - Vocês esperavam mexer com esse horário que se tornou competitivo?

Gottino - Não sabia se ia durar três meses no ar...

Fabíola - Quando cheguei, era para ficar uma semana...

Lombardi - A gente se propõe a fazer uma coisa direita, é espontânea. Não é quadrado. A gente fala a linguagem que as pessoas que estão em casa entendem. Tem criança, jovem, pessoa de idade, experiente. É isso que faz com que a gente seja assistido.

NaTelinha - Mexe com o ego de certa forma, passar a liderar o horário?

Lombardi - Não tenho esse ego, porque sou jornalista há 40 anos. Fui repórter especial do O Globo, Estadão, com 27 anos. Você pode achar que tá fazendo algo legal e que tá dando satisfação.

Gottino - Acho legal você perguntar isso, porque se você for pegar nós três do primeiro dia que peguei no programa, até hoje, nada mudou. A emissora hoje... Temos um reconhecimento maior, mas eu percebo, eu olhando pra eles, eles não mudaram nada. Um dos segredos do programa é a gente ser quem sempre foi. O que pega da gente é a química. Ninguém quer ser mais do que ninguém.

Motivo de enxaqueca para a Globo, apresentadores do \"Balanço Geral SP\" rechaçam ego elevado por liderança

NaTelinha - Gottino, você tem a intenção de ir para o entretenimento ou formatar algum programa?

Gottino - Eu tenho ideia no futuro lá na frente, de trabalhar nos bastidores, no processo criativo. Quanto a programa dominical, de auditório não tenho essa ambição. Eu ficaria uns 10 anos (aqui), que tá tão legal... Fui viajar e a gente percebe o carinho do público. Mas não é o cara que assiste televisão, é o cara que conhece o nome do seu filho, do seu sobrinho. A gente tá montando um grupo de telespectadores que eles estão, que é o correto da gente criar. O cara vai pra frente da TV acreditando na gente, curtindo a gente.

Lombi, você é da Itália, e obviamente tem uma ligação forte com o país. Haveria espaço para um tipo de programa como o "Balanço" por lá?

Lombardi - Assisto a RAI, tem muito programa de auditório, de pergunta e resposta. Nosso programa lá, faria o maior sucesso! O italiano do norte ele tem um pouco da outra visão de programas de TV. O italiano do sul é outro público. Daria certo.

NaTelinha - O "Balanço" não tem só "A Hora da Venenosa". Como é pra você, Gottino, lidar com crimes que chocam, algum que você tenha se emocionado, te marcado nesse sentido no ar?

Gottino - A carga de reportagem policial que o "Balanço" exibe é a mesma que o "Jornal Nacional" exibe. Não temos um peso de programa sensacionalista, temos diversificado muito. Hoje temos três programas dentro do "Balanço Geral". "A Hora da Venenosa", consolidado de sucesso, um bloco de notícias tranquilas, sem assistencialismo ou exploração. E tem uma parte que é do noticiário, o factual do dia a dia. Que todos dariam no jornal.

Como não dar a notícia da menina que morreu dando carona pelo WhatsApp lá? É uma notícia, como não dar?

Nota da redação: A notícia que Gottino se refere é sobre a jovem Kelly Cadamuru, de 22 anos, que foi morta durante uma viagem de São José do Rio Preto (SP) para Itapagipe (MG) no início de novembro. A morte ocorreu depois de ela combinar uma carona pelo WhatsApp.

Hoje vamos atrás de uma boa história, de uma cobertura sobre determinado assunto.

Motivo de enxaqueca para a Globo, apresentadores do \"Balanço Geral SP\" rechaçam ego elevado por liderança

NaTelinha - É difícil correr atrás de fonte todo dia. Com seu sucesso na Record TV, elas se afastaram ou se aproximaram mais de você, Fabíola?

Fabíola - Hoje em dia não quero mais confusão com um monte de gente. Eu não aguento mais a energia pesada dos famosos. Alguns deles são raivosos, não todos. São hipócritas, fazem as coisas, mentem e depois processam. Vou continudar dando notícia, mas algumas coisas tenho evitado.

Gottino - Hoje os famosos escrevem pra ela, pedem pra ela falar no programa. Hoje os famosos olham pra ela como apresentadora de televisão.

Fabíola - Eles jogam baixo, pedem a cabeça...

NaTelinha - Qual foi a ameaça que mais te amendrontou? A mais pesada...

Fabíola - Eles ameaçam de processo, de fazer eu perder meu emprego. Eles jogam sujo, jogam baixo. Eles acham que estamos aqui só para passar a mão na cabeça deles.

NaTelinha - A sua cabeça já pediram aqui inúmeras vezes?

Fabíola - Não sei, não sei... (risos) Se não quer que fale de você, não apronte! Já tentaram me prejudicar em um jornal que eu trabalhava. Não vou dar minha cabeça de bandeja pra eles. Se me mandarem embora, é decisão da emissora. Qualquer um de nós pode perder o emprego.

NaTelinha - E a sua, Gottino, já pediram?

Gottino - Sou tão tranquilo. Estou aqui há 12 anos, apresentei todos os programas jornalísticos quase, menos o "Jornal da Record", não tenho nenhum processo.

NaTelinha - Você veio do rádio (Gottino tem passagens por CBN e Rádio Globo), o quanto sua experiência no rádio te ajudou a fazer o que você faz hoje?

Gottino - Totalmente. O rádio te dá um poder de improviso, de sintetizar as coisas. O Lombardi também tem esse poder. Temos um programa tão dinâmico e temos que mudar de assunto, e ele conclui rapidinho, temos esse poder de finalizar o assunto em cinco segundos. Fiz futebol, Fórmula 1... O rádio dá esse gingado pra gente.

NaTelinha - Vocês acham que vão colocar o "Video Game" na geladeira?

Fabíola - Ficar em primeiro lugar, pra gente, é lucro, a gente fica feliz, se falar que não somos mentirosos. Mas quem sempre esteve em primeiro lugar, é a outra emissora. Quem tem que se preocupar são eles.

NaTelinha - Não se preocupam?

Fabíola - Não, a gente não fica na nóia. Ficamos felizes.

Gottino - Se o programa tivesse quatro horas, faríamos e não ficaríamos na mesmice. Fazemos com tanto prazer... E gostaria de salientar a equipe, não somos só três. Ganhamos muito quando o Marcos entrou para fazer estúdio, a Judite, o Garçom Maluco. Ele ilustra. Isso vai deixando o programa mais tranquilo. Não fica só um cara lendo um TP. Roubou um pneu, aí ele vem com três pneus de caminhão... Temos uma equipe muito afiada.

NaTelinha - Por que você disse que não duraria três meses?

Gottino - Foi muito difícil, não foi um ano apropriado. Eu entrei e começou a Copa do Mundo. No Brasil. E aí eu fui conversar com a direção porque fiquei preocupado.

NaTelinha - Qual a razão da preocupação?

Gottino - Sabia que os resultados não chegariam em três meses e vão me tirar do ar. Tinha gente se oferecendo pra trabalhar aqui.

NaTelinha - Famosos?

Gottino - Muitos.

NaTelinha - Quem?

Gottino - (risos) Aí, o que eu fiz, marquei uma reunião e me pediram pra ficar tranquilo. Tive o respaldo da direção. E comecei a entrar no ar muito confiante. Copa do Mundo, depois férias, eleição e o horário político no meio do "Balanço" e depois final do ano... Dezembro, as coisas mudam!

NaTelinha - O horário político derruba a audiência...

Gottino - Derruba muito. Foi um começo difícil. Foi muito legal porque começamos a nos soltar. Porque quando você tá com confiança e os resultados começaram a aparecer logo nos primeiros meses. Um dia ou outro começamos a nos destacar. E em novembro começamos a bater o primeiro lugar.

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