Não foi só William Waack. Outros apresentadores se envolveram em polêmicas
Preconceito, racismo e comentários considerados inapropriados renderam problemas para apresentadores
Publicado em 10/11/2017 às 12:41
Na última quarta-feira (8), William Waack, até então apresentador do “Jornal da Globo”, foi afastado de suas funções na emissora por causa de um vídeo vazados nas redes sociais no qual o jornalista supostamente faz uma declaração racista.
O fato ocorreu na época das últimas eleições nos Estados Unidos. Nas imagens, Waack está se preparando para uma transmissão à frente da Casa Branca quando ouve um forte barulho de buzina nas imediações.
Na mesma hora, o jornalista diz que “é coisa de preto”, apesar de a gravação apresentar problemas técnicos no áudio, dando a possibilidade da dúvida. Mas diante da enorme repercussão, a Globo optou por afastá-lo de suas funções até apurar os fatos.
Esta não foi a primeira vez que um caso motivado por comentários inapropriados acarretaram em afastamento, advertência e demissão de profissionais da TV, tanto daqui quanto de outros países.
Só este ano, a televisão brasileira teve mais três casos além do com Willian Waack. A seguir, destacamos mais sete fatos também ocasionados por declarações e comportamentos considerados preconceituosos.
Confira:
Luiz Carlos Prates, Grupo RBS
Em 2010, Luiz Carlos Prestes foi demitido da RBS, afiliada à TV Globo, por causa de um comentário polêmico que vazou em rede nacional. Na ocasião, o jornalista disse: “Hoje em dia qualquer miserável tem carro". Mesmo com sua colocação soando de forma preconceituosa, o jornalista se defendeu acusando a Record TV de ter se aproveitado da constante briga pela audiência que tem com a Globo de ter colocado o seu vídeo em Rede Nacional. Luiz Carlos Prestes trabalhou por 32 anos no grupo, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Após sua saída, o comentarista foi contratado pelo SBT Rio Grande do Sul.
Rafinha Bastos, Band
Em 2011, Rafinha Bastos foi afastado do “CQC”, na Band, após fazer piada com Wanessa Camargo, que estava grávida na época. Na edição do programa, o apresentador Marcelo Tas elogiou a beleza da cantora após a exibição de uma matéria. Em seguida, Rafinha Bastos disse: “Comeria ela e o bebê”. Alvo de críticas por parte de várias celebridades, inclusive de Marco Luque, seu colega de bancada, o humorista foi afastado do programa pela emissora e processado pela cantora.
Donald Trump, “O Aprendiz”
O atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi quem criou a famosa frase: “Você está demitido!”, usada no reality show “O Aprendiz”, da NBC. Ironicamente, o empresário foi excluído da atração pela própria emissora em 2015, sob a acusação de ofensa e comentários preconceituosos contra mexicanos durante seu discurso de pré-candidatura à presidência. “Quando o México manda seu povo [para os EUA], manda pessoas que têm um monte de problemas e trazem esses problemas para nós. Eles trazem as drogas, trazem o crime, são estupradores”, disse.
Rodner Figueroa, TV Univisión
Em 2015, Rodner Figueroa foi demitido da TV hispânica Univisión, após 17 anos trabalhando na emissora, acusado de racista. Na ocasião, o apresentador estava entrevistando um maquiador famoso, capaz de se transformar em celebridades. O programa era ao vivo e quando Figueroa foi comentar a transformação do entrevistado em Michelle Obama, disse, ao vivo, com a foto da então primeira-dama nas mãos: “Você sabe que Michelle Obama parece ser parte do elenco de Planeta dos Macacos”.
Marcão do Povo, Record Brasília
No início deste ano, durante a exibição do programa “Balanço Geral DF”, Marcão Chumbo Grosso, hoje do Povo, chamou Ludmilla de “pobre macaco” no ar. A declaração aconteceu durante uma crítica à cantora que, supostamente, se negou a tirar fotos com os fãs. “É uma coisa que não dá para entender. Era pobre e macaca. Mas pobre mesmo”, disse. A fala gerou enorme repercussão, a própria artista o denunciou através das redes sociais e o apresentador acabou sendo demitido pela emissora. Marcão se defendeu na época afirmando que "pobre macaco" é uma expressão do Tocantins, onde foi deputado estadual, que quer dizer que a pessoa era "muito pobre". Não adiantou. Pouco depois, foi contratado por Silvio Santos e hoje trabalha no SBT.
Alê Oliveira, ESPN
Em julho deste ano, uma maquiadora da ESPN acusou Alê Oliveira, comentarista do programa “Bate-Bola”, de racista. De acordo com a denúncia, ele teria chamado a funcionária de “preta de m...”. O caso foi levado para a direção da emissora, que confirmou um desentendimento entre o comentarista e a maquiadora, mas sem racismo. Em um primeiro momento, os horários dos profissionais foram trocados. Passado alguns dias, a ESPN divulgou uma nota informando que entrou em acordo com Alê Oliveira e ele já não fazia mais parte do quadro de funcionários da casa. O comentarista negou que tenha sido racista com a colega e hoje trabalha no Esporte Interativo.
Raul Gil, SBT
Em julho deste ano, Raul Gil foi acusado de fazer declarações racistas contra asiáticos em seu programa, no SBT. Na ocasião, o apresentador recebeu dois grupos. O primeiro formado por crianças com descendências asiáticas. Quando indagados se vinham de família coreana ou japonesa, três deles responderam, mas o quarto ficou calado. Nesta hora, Raul Gil disse que ele deveria “abrir o olho” imitando sotaque japonês. O segundo era formada por integrantes da banda sul-coreana K.A.R.D, de K-Pop. Durante a entrevista, o apresentador fez piada com a tradutora, perguntou se eles eram irmãos e, mais uma vez, tentou imitar o sotaque. O assunto foi parar nas redes sociais e os internautas do Brasil e da Coreia do Sul criticaram as atitudes do apresentador, que acabou se desculpando publicamente e dizendo que adora os asiáticos.