Guerrilheiro

Marighella estreia no Globoplay; entenda a polêmica sobre o filme

Filme de Wagner Moura com Seu Jorge no papel principal rendeu assunto bem antes da estreia


Seu Jorge e Wagner Moura nos bastidores de Marighella
Seu Jorge e Wagner Moura nos bastidores de Marighella, filme lançado em 2019 no circuito internacional que só chegou ao Brasil em 2021 - Foto: Divulgação
Por Redação NT

Publicado em 04/12/2021 às 15:05,
atualizado em 05/12/2021 às 08:47

Marighella já está disponível para assinantes do Globoplay. O filme dirigido por Wagner Moura, que tem Seu Jorge no papel principal, já causava polêmica bem antes da estreia, realizada neste ano no Brasil, mesmo finalizado há dois anos. A história é sobre Carlos Marighella (1911-1969), um ex-deputado e guerrilheiro de esquerda que ingressou na luta armada contra a ditadura militar na década de 1960 e acabou morto pela repressão.

Marighella estreou no Festival de Berlim em 2019. Apesar do prestígio internacional, o filme começou a ser criticado no Brasil assim que as notícias sobre a produção chegaram à mídia. Em suma, os principais ataques vinham de defensores do regime militar, com um posicionamento alinhado ao do presidente Jair Bolsonaro. Estes questionavam o tratamento dado ao protagonista, acusado de mortes e atentados durante a ditadura.

Um dos críticos foi o deputado estadual Arthur do Val, conhecido por fazer vídeos políticos no seu canal chamado Mamãe Falei. Ele alertou os seus seguidores a prestarem atenção na mensagem que o filme pretende apresentar. “O Wagner Moura disse que esse filme tem um lado e ele tem o objetivo de influenciar as pessoas”, falou. “Com certeza será uma história que vai fazer o Marighella ser um herói romântico, lutando pela democracia”, acrescentou o youtuber, que classificou o guerrilheiro como “terrorista”.

Em setembro de 2019, foi anunciado que a estreia de Marighella no Brasil estava suspensa em função de atritos entre a produtora O2 Filmes e a Agência Nacional do Cinema (Ancine). O caso foi encarado por alguns como censura por parte do órgão ligado ao governo. Na época, o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PSC), filho do Presidente da República Jair Bolsonaro, comemorou o veto de recursos angariado pela produtora à agência para lançamento do longa.

Wagner Moura acusou Bolsonaro de censurar Marighella

Em novembro, Wagner Moura detonou o presidente Jair Bolsonaro ao falar que seu filme sofreu censura do atual governo. O artista declarou que a nova direção da Ancine (Agência Nacional de Cinema) tem prejudicado o desenvolvimento da produção. “Não tenho a menor dúvida de que o filme foi censurado”, disse.

“Era uma época na qual Bolsonaro falava em filtrar e regular a Ancine. O Crivella [ex-prefeito do Rio de Janeiro] cancelou HQs de dois personagens homens beijando na boca, os filhos do presidente comemoram", relatou o ator e diretor em entrevista coletiva para a imprensa no lançamento de Marighella.

“Durante 18 anos, a Ancine lutava ao lado dos produtores. Há dois, ela foi desmontada, e isso já é uma forma de censura. Tiraram a antiga diretoria e colocaram outra que não ajuda. Não foi possível resolver alguns problemas corriqueiros de produção por censura. Teve censura, sim. A todos os filmes brasileiros, não apenas contra Marighella”, opinou.

Na ocasião, Wagner Moura também contou que escolheu produzir Marighella por conta do contexto histórico em que o militante viveu. “Eu sempre fui fascinado por histórias de revoltas populares e me incomodava a forma como elas eram retratadas”, explicou. “Com esse filme, eu queria trazer Marighella de volta para o imaginário brasileiro. Tirar o seu nome do silêncio. Foi muito difícil, o filme foi atacado do começo ao fim. Eu não poderia estar mais feliz de lançá-lo neste momento.”

Marighella vai virar série na Globo em 2022

Marighella estreia no Globoplay; entenda a polêmica sobre o filme

Na esteira das polêmicas, a Globo resolveu investir na produção. Além do ingresso no Globoplay, Marighella será exibido na emissora em formato de série, com previsão para ir ao ar no ano que vem, ainda no primeiro trimestre.

De acordo com informações da colunista Patrícia Kogut, do jornal O Globo, serão quatro episódios. Ainda que sem contrato com a Globo, a presença de Bruno Gagliasso na tela da emissora estaria garantida com a exibição do filme em novo formato, no ano que vem.

A cinebiografia é uma adaptação do livro Marighella - O Guerrilheiro Que Incendiou o Mundo, de Mário Magalhães. Além de Seu Jorge e Bruno Gagliasso, o longa-metragem tem no elenco nomes de peso como Humberto Carrão e Adriana Esteves.

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