Dividir assinatura da Netflix e Amazon vira negócio lucrativo
Site de compartilhamento de serviços por streaming espera alcançar 150 mil clientes até o final de 2020
Publicado em 12/08/2019 às 05:41
Prática comum entre os consumidores de streaming, compartilhar assinatura virou negócio para Frederico Faleiro e Filipe Prado, fundadores do Kotas.
Os sócios descrevem o site como um facilitador para quem divide assinatura de serviços. "Através do site você cria um grupo de assinatura e nós fazemos a parte da cobrança e repasse dos pagamentos aos envolvidos. Nosso trabalho contempla a parte financeira da coisa, não detemos assinaturas, cabendo ao dono do grupo (quem chamamos de Administrador) fazer a gestação dos serviços e contas que eles propõe no site", diz eles em entrevista ao NaTelinha.
A ideia nasceu de quando os dois viviam em uma república, e assim como dividiam as contas mais costumeiras como aluguel, condomínio e internet, também dividiam as assinaturas de serviços como Netflix e Spotify.
O grande problema, segundo eles, era na hora de receber esse dinheiro. "Cada um pagava um serviço e os valores sempre ficavam fracionados. Um queria pagar em dinheiro, o outro queria abater do valor que ficou faltando no mês anterior e transferir o restante. Fazer o controle de quem estava devendo e, atualizar planilhar, efetuar transferências em uma época que o TED era caro, foi um trabalho que ninguém queria fazer".
Frederico e Filipe perceberam, portanto, que o problema era comum e decidiram transformar isso em produto. "Desde 2016 já evoluímos muito, adicionando muitas funcionalidades, e o mais importante, acrescentamos mais gente boa do nosso lado. O Nikolas Magno chegou pra compor o time cuidando da parte de tecnologia e hoje também é sócio", afirmam.
Com mais de 40 mil de clientes, os sócios esperam chegar até os 150 mil no final de 2020.
Público-alvo
Segundo os sócios, o público-alvo do serviço são as pessoas que moram em repúblicas estudantis, de amigos, familiares e colegas de trabalho, visando a comodidade e segurança.
No início do ano, um estudo realizado pelo site CordCurtin.com indicou que a Netflix tem um prejuízo na ordem de R$ 725 milhões por mês com a prática de compartilhamento nos Estados Unidos. Em um ano, esses valores superam os R$ 8 bilhões.
Apesar disso, a empresa não pretende fazer nada para coibir. Os sócios do Kotas ressaltam que sua atividade não é ilegal: "De maneira nenhuma! Existem os planos família justamente para que mais pessoas usem ao mesmo tempo. Em nenhum lugar é dito que somente uma pessoa deve pagar pelo serviço".
"É tendência do mercado economizar através do compartilhamento em grupo. As empresas mais modernas já perceberam isso e criaram logo o conceito do plano família. As demais empresas precisam se adequar o quanto antes e fornecer opções semelhantes para conseguir sobreviver em um mercado competitivo", justificam.
Os sócios concordam que os serviços poderiam criar mecanismos para que o recurso de compartilhamento fosse limitado ou até impedido. "Criam-se planos família com um ticket maior para que ainda mais pessoas usem a mesma conta. Criam-se perfis para que as contas sejam individuais e não interfiram uma na outra. Acreditamos que sabemos o motivo", analisa.
Caminho sem volta
A comodidade de se compartilhar também é um método mais cômodo e seguro de se manter longe da pirataria. É isso que eles vêm percebendo no site.
"Compartilhar traz conversão e retenção. Aos que acreditam que por assinar um plano família e compartilhar no Kotas o assinante está deixando de pagar uma conta sozinho causando prejuízo à empresa dizemos que é justamente o contrário. A assinatura muitas vezes só acontece quando as pessoas se unem para pagar um plano conjunto que individualmente não teriam condição de fazê-lo. A solução mais barata para ter acesso a essa infinidade de serviços e conteúdos ainda continua sendo a pirataria, e ficamos muito felizes por saber que estamos tirando muita gente de lá".