Antes de adoecer, Agnaldo Timóteo reclamava de ser esquecido na TV
Ronaldo Ésper deu detalhes sobre o cantor que morreu sábado (3)
Publicado em 06/04/2021 às 05:21
Agnaldo Timóteo (1936-2021) se lamentava nos bastidores sobre ser esquecido pelos programas de televisão. O cantor morreu no último sábado (03) vítima da Covid-19 após ficar 17 dias internado. Em conversa com o NaTelinha, o estilista Ronaldo Ésper conta uma visita surpresa que o artista fez em sua residência, em São Paulo, onde expressou sua frustração. “Eu acho que ele não tinha problema de dinheiro, não era isso. Mas essa coisa do esquecimento é muito ruim”, relata.
“O Agnaldo morava aqui perto de mim, eu moro perto do shopping Frei Caneca. A gente não tinha uma amizade muito estreita, mas a gente se encontrava no mercado, farmácia, porque aqui é tudo muito perto. Um dia ele parou aqui com o carro na porta, eu moro numa casa, eu levei até um susto. E desceu, sentou e começamos a conversar e ele se queixou muito”, relembra. O encontro aconteceu há cerca de dois anos.
“Ele falou ‘olha, me esqueceram, eu entendo que o lema do nosso país é esse, mas é muito estranho porque se eu estivesse nos EUA ou na Europa eu teria feito o sucesso que eu fiz e continuaria tendo, obviamente não cantando para pessoas mais jovens, mas para as mais idosas’”, relembra Ésper, sobre a reclamação de Agnaldo Timóteo de não receber convites para TV.
“É uma lamentação que todos os artistas brasileiros vão acabar tendo, mesmo os bonitinhos de agora, de amanhã, a juventude não pensa né? Eles não vão ser nem mesmo, eu acho, pelo andar da carruagem, não vão ter a chance de ser esquecidos. Você reparou como é rápido? Você vê na Globo como tudo muda muito rápido, modelo também tem sido tudo muito rápido e é uma em um milhão”, acrescenta.
Agnaldo Timóteo no enterro de Cauby Peixoto
Uma outra passagem que deixou Agnaldo triste, segundo Ronaldo, foi no enterro de Cauby Peixoto. “Quando eu cheguei no velório, só tava a Ângela e o Agnaldo, ninguém mais. Pra você ver como o público brasileiro é muito, não sei”, lamenta. Ronaldo ressalta que Agnaldo era muito popular, assim como Ângela Maria, e que o cantor deixa um legado para a música brasileira. O estilista aproveita para alfinetar os artistas sertanejos. “É melhor você ser um autêntico cafona que um sertanejo enrustido”, ironiza.
E continua: “Ele deixa um legado de música popular. Esses meninos que ficam cantando esse sertanejo que não é sertanejo, eles não vão deixar esse legado do Aguinaldo que a gente chama de cafona. Você vai ver, no futuro vão lembrar do Aguinaldo, da Angela Maria e do Cauby, essa gente de hoje vai ser esquecida”.
Amizade com Agnaldo
Ésper já admitiu que não tinha uma amizade estreita com Agnaldo, mas guarda com muito carinho o momento que recebeu ajuda do cantor na polêmica do cemitério. “A única pessoa que me ligou imediatamente foi a Hebe Camargo. Agnaldo parou na porta da minha casa e falou que veio me ver e queria saber o que estava acontecendo e se eu precisava de alguma coisa e acho que naquela época ele era vereador”, elogia Ronaldo.
Ainda contratado da Record, o estilista tem feito o isolamento social e só pretende sair de casa quando passar a pandemia. Ele lamenta que as pessoas estejam sendo contaminadas pela doença e enxerga que é preciso que todos se cuidem para que o vírus não se propague.
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