Menino do Oito

"Chaves" completa 35 anos no SBT resistente às superproduções e tecnologias

De estreia despretensiosa a trunfo na programação: "Chaves" faz 35 anos no Brasil


Toda a turma de Chaves na vila
O elenco de "Chaves" perdura por 35 anos no Brasil - Fotos: Divulgação

Em 24 de agosto de 1984, ou seja, há exatos 35 anos, estreava no SBT uma série até então desconhecida no Brasil.

Batizada inicialmente como "As Aventuras de Chaves", o seriado estreou dentro de um programa chamado "TV Powww!", que tinha rodízio de apresentadores como Serginho Mallandro, Luís Ricardo e Paulo Barboza.

Tanto "Chaves" quanto "Chapolin" chegaram ao SBT por meio de um pacote de novelas comprado da Televisa. Nem todos concordaram com sua exibição, devido a qualidade dos cenários. Plasticamente, causava divergências.

A Globo tentou comprar a série em março de 1990, como relata o Jornal do Brasil. O objetivo do então superintendente da Globo, José Bonifácio Sobrinho, era simplesmente enfraquecer o SBT.

O pior ainda estava por vir

Entrando e saindo do ar a bel-prazer do dono da emissora, "Chaves" caiu rapidamente no gosto do brasileiro e se tornou um curinga na programação do SBT.

Passou por diversos horários e fez um verdadeiro terror na programação da Globo com um humor pastelão e produção mambembe.

A história de um menino que mora em um barril (ou não... entendedores entenderão) conquistou o Brasil com um humor ingênuo e valores reais. Sem apelo erótico e preconceito.

A salvação da lavoura

Por pelo menos três vezes neste século, "Chaves" conseguiu mais do que multiplicar a audiência do SBT substituindo programas fracassados.

O NaTelinha relembra três momentos que o "Chaves" multiplicou a audiência do SBT:

Chaves Especial

\"Chaves\" completa 35 anos no SBT resistente às superproduções e tecnologias

Em dezembro de 2002, o "Sabadão" de Gugu Liberato foi cancelado. Melhor dizendo, o título alterado, para que fosse exibido aos domingos à tarde sob o nome de "Disco de Ouro".

Seu substituto imediato foi o "Chaves". Enquanto Gugu marcou 12 pontos em seu último mês, o mexicano logo subiu para 13 com picos de 16. Não triplicou ou duplicou a audiência, mas correspondeu custando quase nada.

Além de fazer audiência do horário subir, o seriado mexicano também aquecia o horário para "A Praça é Nossa", transmitida aos sábados até então.

No lugar da filha número 2

\"Chaves\" completa 35 anos no SBT resistente às superproduções e tecnologias

Com o fracasso do "Programa Cor-De-Rosa", criado em agosto de 2004 e extinto em novembro do mesmo ano, a solução não poderia ser outra: "Chaves".

Enquanto o programa comandado por Silvia Abravanel e Décio Piccinini capengava no Ibope e sofria marcando 4 pontos de audiência, o menino do oito e sua turma precisaram de pouco tempo para recuperar o SBT na faixa. Logo na rerererestreia (não dá para contar todos os 're'), a série cravou 8 pontos, dobrando os números.

Quatro vezes mais

\"Chaves\" completa 35 anos no SBT resistente às superproduções e tecnologias

Numa dessas danças da cadeira do SBT, no segundo semestre de 2005 a emissora promoveu uma mudança radical. Adriane Galisteu com o seu "Charme" de diário passou a ser semanal às quartas, e Ratinho, até então às 18h, se mudou para às 17h.

Na faixa das 18h, chegava a ficar atrás da TV Gazeta com o "Gazeta Esportiva". "Chaves", então, mais uma vez, atuou como milagreiro.

Na sua primeira semana, numa faixa que dava até 3 pontos, o mexicano deu quatro vezes mais: 12 pontos.

A quase compra da Globo

Em 2005, uma notícia aterrorizou os fãs: a de que o SBT abriria mão do "Chaves" e "Chapolin". Seria o fim de um casamento de 21 anos.

Em artigo publicado pela Folha de S. Paulo em abril de 2005, escrito por Daniel Castro, um executivo do SBT revelou que a Televisa estava pedindo muito dinheiro. O investimento não se pagaria, já que a audiência não é qualificada.

Não é preciso dizer que os fãs do seriado entupiram as caixas postais da emissora implorando para que Silvio Santos não se desfizesse das séries.

"Chaves" saiu do ar e as concorrentes entraram no páreo. A Record decidiu não entrar na jogada porque o seriado "derruba o padrão de qualidade da emissora", numa época em que ela estava se desfazendo de programas popularescos como Raul Gil e "Cidade Alerta" e investindo fortemente na dramaturgia.

A Globo fez uma oferta para comprar "Chaves", de acordo com matéria publicada por Daniel Castro em 19 de maio de 2005, na Folha de S. Paulo.

A reportagem trazia que Band e RedeTV! estavam na disputa. A Televisa pediu US$ 1,5 milhão por um ano em um pacote que incluia 250 episódios de "Chaves" e quase 600 de "Chapolin" e "Chespirito". É o triplo do que o SBT pagava.

O contrato da Televisa obriga que o programa fosse levado ao ar todos os dias, mas não impunha o horário. A Globo poderia esconder os seriados de madrugada, por exemplo.

Pouco mais de um mês depois, no entanto, o anúncio de que o SBT fechou com a Televisa pela exibição de "Chaves" e "Chapolin" por mais três anos. E não correu mais riscos de extinção desde então.

Sem holofotes

Atualmente, "Chaves" é exibido somente aos finais de semana pelo SBT, sem a mesma importância de anos atrás, onde multiplicava a audiência em qualquer horário que era acionado.

O menino do oito, no entanto, ajuda a impulsionar o "Domingo Legal" de Celso Portiolli com médias em torno dos 6 pontos na Grande São Paulo. Notável.

Mesmo com todas as superproduções que surgem a todo momento, tecnologia borbulhante e inúmeras opções de entretenimento, o "Chaves" prova que resistiu ao tempo.

Tanto que hoje também também vai ao ar no canal Multishow, do Grupo Globo.

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