Nova TV digital provocará mudança radical ao assistir Globo, SBT e Record; saiba o que acontece
TV 3.0 chega ao Brasil em 2025 e pode mudar negócio de televisão aberta
Publicado em 18/07/2023 às 04:00,
atualizado em 18/07/2023 às 13:51
A forma que o telespectador assiste a Globo, Record, SBT, Band e RedeTV! vai passar por uma transformação radical a partir de 2025, como imagem em 4K e 8K, som HDR e o fim da numeração de canais. A transmissão das emissoras passará a ser por aplicativo numa integração do sistema com a internet. Por exemplo, a chegada da nova TV digital, apelidada de TV 3.0, vai proporcionar que o público vote no BBB ou compre uma roupa de uma atriz da novela das nove apenas pelo controle remoto.
Isso acontece porque a TV aberta será gerenciada por aplicativos e o telespectador vai poder mesclar conteúdos e serviços disponibilizados na internet pelos canais. Será possível também rever um programa ou retroceder um gol numa partida de futebol, uma realidade que já acontece na TV paga.
Na última terça-feira (11), o Ministério das Comunicações (MCom) criou um grupo de trabalho para pesquisar e propor uma regulamentação que possa aplicar na TV 3.0. A previsão é que a proposta deva ficar pronta até o final do ano que vem para começar a funcionar no Brasil em 2025.
O NaTelinha apurou que uma dos poucos pontos já definidos é a necessidade da troca dos atuais televisores para que o telespectador possa receber a nova tecnologia.
Mudanças da TV 3.0 no Brasil:
- Resolução de 4K (3.840 x 2.160 pixels) e 8K (8.192 x 8.192 pixels).
- HDR (High Dynamic Range) – Sistema reproduz maior gama de cores e nível de contraste, resultando em uma imagem mais realista.
- Áudio imersivo - Conhecido como áudio 3D.
- Vídeos on demand.
- Novos modelos comerciais - Propagandas regionais após inserir o CEP no televisor.
Porém, segundo especialistas da área ouvidos pelo NaTelinha, a nova TV digital pode ser um rolo compressor forçando uma mudança ainda mais rápida do negócio de televisão, já que vai possibilitar ações publicitárias regionais num formato similar ao Google Adsense. Um dos principais questionamentos é que se tudo será vendido digitalmente, qual será a necessidade de um escritório de afiliada?
O NaTelinha convidou as cinco principais rede de televisão do país para se manifestarem em torno das expectativas do novo sistema. Apenas Globo e SBT se posicionaram.
Globo e a nova TV Digital
Raymundo Barros, diretor de Tecnologia e Estratégia da Globo, destacou as inovações tecnológicas da TV 3.0 e as mudanças comerciais que o sistema vai proporcionar.
“A TV 3.0 trará evoluções importantes na qualidade da experiência do telespectador. A conexão é a chave para essa realidade. A TV aberta e a internet estarão ligadas de maneira muito fluida, entregando conteúdos de vídeo com qualidade em 4K e 8K e com distribuição espacial do som, o som imersivo, que o transportará para dentro da cena. Além desse profundo avanço na qualidade audiovisual, a partir da TV 3.0 o telespectador terá a possibilidade de escolher o conteúdo que desejar. As TVs poderão oferecer programas diferentes para públicos específicos, com base no perfil do usuário", pontuou.
"Assistir TV passa a ser uma experiência logada e com isso haverá sistemas de recomendação de conteúdo, como hoje já acontece no digital, e as emissoras poderão oferecer conteúdos regionalizados, por exemplo. A decisão de escolha estará literalmente nas mãos do público. A expectativa é que o usuário tenha uma experiência mais próxima daquilo que gosta e deseja e também oferecer ao mercado publicitário ofertas mais assertivas e segmentadas para o público-alvo das marcas".
Raymundo Barros - diretor de Tecnologia e Estratégia da Globo
SBT e a nova TV Digital
Para Carlos Cauvilla, diretor de Tecnologia e Operações do SBT, a TV digital 3.0 será a junção dos dois mundos: Broadcast e Broadband.
“A expectativa é que tenhamos uma evolução na forma de consumo de mídia, especialmente na tela grande. A nova tecnologia permitirá entregar conteúdo via sinal do AR e internet de maneira transparente. As oportunidades de customização aumentarão, e por consequência, opções de publicidade direcionada também serão realçadas”, diz o diretor.
Carlos Cauvilla segue: “A previsão de melhoria na qualidade da resolução de som e imagem 4K, inclusive na entrega pelo sinal do ar, não comprometerá a banda de internet das pessoas, impactando positivamente a experiência de consumir entretenimento diferenciado a todos que tiverem a nova TV”.
“Isto valorizará ainda mais produções já realizadas em altíssima qualidade, que por vezes não é entregue, por dificuldades com o lado do consumidor, por restrições de custo ou capacidade limitada da internet. Esta junção dos dois mundos, Broadcast e Broadband, trará uma nova referência, subindo a régua da experiência oferecida para o mercado de mídia, a TV 3.0 é isto".
Carlos Cauvilla - diretor de Tecnologia e Operações do SBT
TV Digital 3.0 pode forçar uma mudança na medição de audiência
A reportagem procurou o professor da ESPM, Fernando Morgado, que é consultor de empresas de comunicação e autor dos livros Silvio Santos - A Trajetória do Mito e Comunicadores S.A, sobre a chegada da nova tecnologia. Segundo Morgado, a TV 3.0 vai forçar um debate sobre mudanças na medição de audiência.
“Além de oferecer uma qualidade de imagem ainda maior, a TV 3.0 permitirá a publicidade direcionada. Isso quer dizer que cada aparelho poderá exibir um comercial diferente conforme o perfil do telespectador. Com isso, a televisão incorporaria a ultra segmentação que já é tão comum na internet", explicou o professor.
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"Ao mesmo tempo, a regionalização de conteúdo seria ainda mais aprofundada, melhorando a posição do meio diante do avanço das plataformas de streaming internacionais. Está mais do que comprovado: o público gosta de conteúdo com sotaque local, algo que a TV aberta pode ter ainda mais".
Fernando Morgado
"Outro ponto importante é que a TV 3.0 gerará novos dados relacionados ao consumo dos canais, o que poderá impactar a forma como se mede audiência no Brasil. É preciso que o mercado discuta esse cenário com a mais absolta seriedade”, ponderou Fernando Morgado.