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"Fox Sports Rádio" mexe com a concorrência e com os afetos do telespectador

Estação NT


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Flávio Gomes, Fábio Sormani, Benjamin Back, Maurício Borges e Osvaldo Pascoal formam o time titular do "Fox Sports"
“Eu não sei como este programa ainda está no ar”, sentencia o mediador da mesa-redonda após mais um debate acalorado, em que os participantes quase tiveram os seus microfones desligados. O debate, aliás, não é sobre a política brasileira, e sim, sobre futebol. Assunto que mobiliza tantas opiniões ferrenhas quanto as pautas em Brasília. 
 
O jornalista Benjamin Back, o autor da frase acima, sente na pele e nas cordas vocais o Fla-Flu opinativo ao comandar o “Fox Sports Rádio”, apresentado nas tardes de segunda a sexta pelo canal a cabo Fox Sports. 
 
Por que o Corinthians perdeu para o Santo André? Ainda é cedo para criticar o trabalho do técnico Eduardo Baptista no Palmeiras? Por que o jogador x que era centroavante no time y agora é volante no time z? Naquele jogo de ontem, o gol foi impedido ou não?
 
Questões e jargões confusos para os leigos em futebol, como a presente colunista, chamam a atenção por serem discutidos com o mesmo som e fúria de uma religião. Por que tanta gritaria, risos e lágrimas, Benjamin Back? A pergunta se estende aos demais participantes fixos do programa: Flávio Gomes, Fábio Sormani, Mano e Osvaldo Pascoal. 
 
 
Diferente da economia ou política, o futebol não parece prescindir de especialistas com PhD. Dentro e fora do campo, ele é feito de emoção e uma dose tímida de razão, ainda que os números e as táticas tentem convencer do contrário. Aí está o paradoxo do “Fox Sports Rádio”. Ao mesmo tempo em que confunde o telespectador iniciante por causa do vozerio e das discussões que quase chegam às vias de fato, também atrai graças à espontaneidade, ao riso frouxo que se segue depois da tensão. 
 
Cinco minutos depois, as táticas de algum grande time paulista ou carioca é dissecado por Flávio Gomes, sob o olhar sério de Pascoal, enquanto Sormani, sempre passional, ensaia um contra argumento. Mano, com seu jeito de torcedor que colocou a melhor camisa polo para aparecer na TV, começa a se mexer na cadeira. Os campeonatos regionais são tratados com a mesma solenidade-zoeira, e para delícia do telespectador leigo, o ciclo recomeça. 
 
Não por acaso o canal Fox Sports, original dos Estados Unidos, faça o maior sucesso na América do Sul, como Brasil e Argentina. A informalidade da emissora ganhou por aqui a característica da passionalidade, um misto de opinião especializada sobre futebol com a memória afetiva dos pais e avós discutindo o assunto. Passionalidade que podia chacoalhar um pouco a elegância certinha do SporTV, por exemplo. 


Ariane Fabreti é colunista do NaTelinha. Formada em Publicidade e em Letras, adora TV desde que se conhece por gente. Escreve sobre o assunto há oito anos.
 
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