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Descompassos na condução e abandono de histórias destroem "A Lei do Amor"

Direto da Telinha


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Fotos: Divulgação/ TV Globo
"A Lei do Amor" ocupa a faixa das 21h da Globo desde outubro. Até agora, a novela só tem apresentado subsequentes atitudes precipitadas em sua condução. O assassinato de Beth (Regiane Alves), junto com a morte de Fausto (Tarcísio Meira) são os últimos equívocos na história de Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari.
 
Quando começou, o prólogo passado em 1995 fez parte do público torcer o nariz. Para uns, muito piegas. Para outros, desnecessário. A novela não começou com pressa naquele momento - o que não significa que tenha sido arrastada. Eis que chegada a fase da atualidade, passado o atentado a Fausto e Suzana (Regina Duarte), a novela foi se mostrando frágil. E assim foi virando uma sangria sem estaca praticamente.
 
 
Primeiro veio a poda de personagens. Alguns, de fato, não fizeram falta alguma na trama. O mesmo não se pode dizer de tipos como a arrivista Aline (Arianne Botelho) e o senador Venturini (Otávio Augusto). Na sequência, veio a troca de personalidades, com Jéssica (Marcela Rica) e Letícia (Isabella Santoni) sendo símbolos deste expediente.
 
Não deu pra engolir a mudança da água pro vinho que a mimada filha de Helô (Cláudia Abreu) teve, bem como tolerar as situações "extremas" a que foi colocada para diminuir a torcida do público pelo casal Tiago (Humberto Carrão) e Isabela (Alice Wegmann/foto/abaixo). Pelo menos a mudança de Jéssica até foi tragável - ao se ver no fundo do poço após se prostituir e apanhar de Tião Bezerra (José Mayer), parou de brigar gratuitamente com a mãe, Salete (Cláudia Raia), e encontrou o "bom caminho".
 
 
As intervenções de Sílvio de Abreu, diretor de dramaturgia, acabaram dando descaminhos em vez de ajudar a novela. Se ele confiava tanto na sinopse - a ponto de protelar a estreia por uma suposta crítica política que se perderia - por que não hesitou no primeiro momento em chacoalhar tudo? 
 
Inclusive, cadê a tal crítica política forte e ácida que fez com que a novela perdesse o lugar na fila pra "Velho Chico" para não esbarrar com as eleições municipais? Curiosamente, a própria novela de Benedito Ruy Barbosa, assim como a reprise de "Anjo Mau" - escrita justamente por Maria Adelaide e Vincent - tinham tintas mais fortes nas alfinetadas à política nacional. E olha que na reta final, "Anjo Mau" teve diversas cenas que envolviam o assunto cortadas, justamente, pelo período eleitoral.
 
Bom citar também a demora na volta de Isabela, sob a identidade de Marina, para se vingar. É curiosa a decisão tomada pelos autores de deixar claro ao público que a mulher que assombrará a mente de Tiago é a própria Isabela, descartando o mistério previsto na sinopse. Assim como a fraca direção de Denise Saraceni e Natália Grimberg. Não parecem ser as mesmas diretoras de obras como "Torre de Babel", "Belíssima" e "Cheias de Charme". As cenas curtas, bem como o baixo impacto imagético oferecido em muitos momentos decepcionam.
 
Agora, dois personagens que geraram movimentações positivas - Beth e Fausto - irão deixar a trama. As mortes dos dois são boas soluções dramatúrgicas, sim, de fato. Mas evidenciam o desastroso descompasso na condução da história. Uma pena. 
 

Diogo Cavalcante é formando em jornalismo. Amante de televisão e apaixonado por novelas, fala sobre o assunto desde 2013. É um dos maiores especialistas sobre Classificação Indicativa na internet.

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