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Patrícia Abravanel pode falar o que quiser, mas que arque com a consequência


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Patrícia Abravanel tem suas redes sociais tomadas por comentários ofensivos - Divulgação/SBT
Normalmente, eu assisto com louvor o "Programa Silvio Santos", por causa do mestre. Silvio Santos é o maior de todos os comunicadores e merece todas as referências. 
 
Porém, todo o programa dele ficou em segundo plano, dado ao que os seus convidados afirmaram na noite deste domingo (8). E é bom dizer que não foi só Patrícia Abravanel: Carlinhos Aguiar e Cabrito Tevez - interpretado por Alexandre Porpetone - também disseram coisas toscas, mas a Patrícia, por ser uma apresentadora já bem conhecida e ser "filha do homem" acabou tendo mais repercussão. 
 
Mas vamos lá. Patrícia disse as seguintes aspas, ontem à noite, na íntegra: "Li numa revista que um terço dos jovens se relaciona com pessoas do mesmo sexo. Eu acho muito um terço, mesmo sem saber se a opção deles é real. Eles experimentam. Acho que o jovem é muito imaturo para saber o que quer. A gente tem que firmar que homem é homem e mulher é mulher. Acho que não é legal ser superliberal. Acho que a gente tem que ensinar para o jovem de hoje que homem é homem e mulher é mulher. E se por acaso ele tiver alguma coisa dentro dele que fale diferente, aí tudo bem. O que está acontecendo é que estão falando que tudo é bonito e o jovem acaba experimentando coisas que pode vir a se arrepender depois. Eu não sou contra o homossexualismo [sic], mas sou contra falar que é normal. Eu vou pegar mulher agora e vou experimentar. Principalmente para o adolescente. E outra, mulher com mulher não é tão legal assim. Não tem aquele brinquedo que a gente gosta bastante". 
 
Bom, primeiramente é bom dizer que Patrícia Abravanel disse apenas sua opinião. Todos têm direito de achar a opinião dela uma porcaria, mas ela pode falar, como já disse uma vez Ricardo Boechat sobre algumas coisas que Rachel Sheherazade falou no mesmo SBT. Mas ela, como comunicadora de massa e influente que é, precisa saber o que fala, pois é levado em consideração para formatar opiniões Brasil afora. 
 
Eu estava assistindo ao programa e confesso que fiquei um pouco chateado com as declarações. Patrícia afirmou, em rede nacional, que ser gay é "anormal". Infelizmente, usou aquele termo clássico do "eu não sou contra a homossexualidade, mas..." digno dos grandes homofóbicos deste país - Silas Malafaia, Marco Feliciano e outros afins -. E eu sei, porque já a vi nessas estradas da vida, que Patrícia não é uma pessoa ou alguém desrespeitosa. Só tem uma opinião equivocada em relação à homossexualidade.
 
Para muita gente, jovem ainda não sabe o que quer. Mas como ele vai saber se não experimentar todas as possibilidades? Como ele vai saber se é legal ou não se ele não ir lá e tentar? Vai julgar precipitadamente e ficar com a dúvida, porque as pessoas não acham aquilo normal? Não, ela pode e deve experimentar. As pessoas precisam se conhecer, e se o arrependimento vier depois, é da vida, é do jogo, é do livre arbítrio. 
 
Os comunicadores de massa do Brasil ainda não sabem que o que eles falam é levado em consideração pelo grande público. Por anos, piadas com minorias foram toleradas. Hoje, não mais, porque a sociedade não aceita, ela amadureceu e conhece seus direitos. Por mais que Patrícia possa não ter tido a intenção, ela pode e vai influenciar muita gente, porque o "Programa Silvio Santos" é visto, semanalmente, por pelo menos quase 10 milhões de pessoas somente em São Paulo e Rio de Janeiro. 
 
Os apresentadores brasileiro não têm noção do poder que tem, e num país onde opinião é levada como informação, o que Patrícia falou é lamentável. Ela já pediu desculpas, mas provavelmente vai arcar com suas falas por um bom tempo. 
 
Uma pena, Patrícia. Você podia dormir sem uma bronca dessa.
 
Contra-ponto:
 
 
Gabriel Vaquer escreve sobre mídia e televisão há vários anos. Converse com ele. E-mail: gabriel@natelinha.com.br / Twitter: @bielvaquer
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