Sem decotes como no original, Primeiro Impacto estreia com cheiro de dejà-vu
Publicado em 28/03/2016 às 11:14
Estreou na manhã desta segunda-feira (28) o novo telejornal do SBT, "Primeiro Impacto", formato baseado no programa matinal de sucesso da Univision, emissora dedicada ao público hispânico nos Estados Unidos.
Se no original decotes e pernas são bastante vistos, não foi o caso da versão nacional com Karyn Bravo e Joyce Ribeiro, que entrou no ar pontualmente às 6 da manhã. Em ritmo frenético - este sim, bem parecido com a versão original -, as duas chamaram as notícias e o resumo do fim de semana.
Além disso, participações de Patrícia Rocha, para falar de trânsito e flagrantes ao vivo, e de Bruno Vicari, para falar do esporte, foram bastante frequentes. Outro fato acontecido foi a aparição de âncoras de jornais locais do SBT, como Liane Borges do Rio de Janeiro, e Felipe Malta, de Brasília, para passarem notícias da região.
A grosso modo, o "Primeiro Impacto" veio suprir uma necessidade do SBT desde a extinção do "Notícias da Manhã", em abril do ano passado: jornalismo ao vivo e decente nas manhãs da emissora. E de fato, as coisas mudaram: cenário melhor que o antigo telejornal e vinhetas muito mais bem elaboradas. O conteúdo é também o mesmo - inclusive o fato de Patrícia falar de trânsito e Bruno de esportes -, dando a sensação de dejà-vu para quem acompanhava o jornalístico comandado por Neila Medeiros um ano atrás.
Inclusive, questiona-se o motivo de Silvio Santos ter comprado um formato de fora para fazer o que já fazia. A única explicação é que gostou do nome e decidiu comprar pra usar e não ter problemas futuros.
Em relação ao desempenho da equipe, para uma primeira edição, tudo foi bem redondo. Patrícia e Bruno Vicari acrescentam muito, isso desde a época do "Notícias da Manhã". Já Karyn Bravo é uma âncora bem segura e sabe fazer o informal. A única crítica aqui vai para Joyce Ribeiro.
É notória sua competência, mas já de algum tempo ela demonstra falta de traquejo para a improvisação. O formato pede que ela deixe um pouco mais o teleprompter de lado e neste "primeiro impacto", ela mostrou que ainda não sabe fazer isso - o que já aconteceu quando apresentou o "Boletim de Ocorrências", entre 2009 e 2010.
Segundo dados prévios, o "Primeiro Impacto" marcou 2 pontos de média na Grande São Paulo, nada muito diferente do que já vinha alcançando na faixa. Porém, é preciso dar tempo ao tempo. O SBT não tem tradição de jornalismo ao vivo de manhã, e Record e Globo estão em grande fase neste horário com seus noticiários. Cobrar resultados imediatos seria burrice.
A cuidar de como serão os próximos "impactos" do telejornal, que terá um caminho longo.
Gabriel Vaquer escreve sobre mídia e televisão há vários anos. No NaTelinha, é responsável por reportagens variadas e especiais. Na coluna "Antenado", fala sobre TV aberta quando a necessidade pedir. Já no "Eu Paguei Pra Ver", às segundas, conta histórias curiosas sobre a TV por assinatura no Brasil. Converse com ele. E-mail: gabriel@natelinha.com.br / Twitter: @bielvaquer