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Em 2015, o reformulado fez mais sucesso do que o novo no entretenimento

Território da TV faz retrospectiva comentada deste ano na TV


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Nova "Escolinha" mostra sintonia entre os envolvidos no projeto - Fotos: Divulgação

Há um ano, essa retrospectiva colocava o “Masterchef” e o “Tá no Ar” como os grandes programas de 2014. Ambos voltaram em 2015 novamente excelentes, mas com rumos distintos sobre seus futuros.

Enquanto o humorístico global se resumiu a temporada de começo de ano, deixando um gostinho de “quero mais” em todos os seus fãs, o reality culinário da Band foi explorado de todas as formas. Versão adulta, versão infantil, desafio das temporadas, lavagem de roupa suja entre eliminados... Assim não tem fórmula que siga saborosa, ainda mais com a proliferação de similares pela concorrência.

A cozinha, antes restrita aos programas femininos, virou pop. Mas além do limite. Daqui a alguns anos, talvez vejamos como foram despropositadas atrações específicas para doceiros ou churrasqueiros em espaço nobre. Esse caminho do uso intensivo até o inevitável desgaste já foi trilhado pelos programas de namoro, como o “The Bachelor”, que naufragou na RedeTV!.

Apesar desse revés, o ano foi positivo para a mais jovem das nossas grandes emissoras. Até mesmo o que tem qualidade duvidosa consegue ser embalado de forma atraente por lá, como no caso do “Você na TV”. O programa de João Kléber, porém, é uma rara aposta vespertina. As manhãs vem concentrando maiores investimentos de todos os canais, incluindo a própria RedeTV! com o bem feito “Melhor Pra Você”, que ainda não emplacou.

Outra revista eletrônica, o “Programa da Tarde” viu seu previsível fim ser concretizado. E deixou Britto Júnior sem nenhuma função na Record, já que “A Fazenda” passou para o comando de Roberto Justus, que pouco pode fazer para melhorar o programa, já que na maioria das vezes se prendeu ao fraco roteiro.

Chris Flores, outra “desalojada”, teve sorte melhor. Convocada para gravar cabeças de reprises do “Troca de Família”, viu o antigo sucesso emplacar novamente e ganhar nova temporada. O reality por muitas vezes teve índices superiores aos de dois curingas buscados pela Record no ano: Gugu e Xuxa. Ambos tiveram trajetórias que praticamente mereciam retrospectivas individualizadas.

Augusto Liberato voltou ao ar após um período sabático praticamente paralisando o Brasil com uma grande entrevista. Em outros tempos, a dúvida seria sobre qual o artista ouvido. Mas dessa vez a única notoriedade da personagem da conversa era por ter assassinado os próprios pais.
 
Os bons números da reportagem com Suzane Richthofen mostraram a veia jornalística dessa versão que deve retornar em 2016, afinal, quando se focou no show, o resultado foi o desastroso áudio imposto para a cantora Wanessa Camargo. Nesse confronto, Ratinho teve que correr atrás e incrementar o seu programa. Impulsionado pela boa entrega da novelinha “Carrossel”, a tática vem até dando certo.

Xuxa chegou sob mais pompa, fazendo valer o peso da idolatria que construiu. A atração da eterna rainha dos baixinhos tem seus méritos, mas precisa reforçar o conteúdo caso queira se estabelecer. Mesmo caso de diversos outros programas, como o “Sabadão”, do SBT. Aliás, é impressionante como as noites de sábado se transformaram em palco de grandes embates enquanto as tardes mofam sem maiores investimentos dos canais.
 
E numa noite de sábado é que aconteceu o “Teleton”, grande festa de solidariedade, que por mais um ano superou a sua meta. O “show”, entretanto, ficou comprometido dessa vez com a insistência de Silvio Santos em emplacar a família Abravanel.

Ainda nos sábados, mas pelas manhãs, o “É de Casa” é outro programa que precisa de ajustes se busca ter vida longa. A novidade se mostrou inicialmente confusa.

Um que não teve tempo de se acertar foi o “Tomara que Caia”, que só conseguiu alguma graça com as participações especiais de Monica Iozzi e Ceará, o que evidenciou o erro na escalação do elenco.

Já a nova versão da “Escolinha do Professor Raimundo” mostrou bem mais sintonia entre os envolvidos no projeto, assim marcando que curiosamente o melhor projeto do humor da Globosat foi do Viva, não do Multishow, que apostou em quantidade, mas sem ter muitos critérios de qualidade.

Na TV aberta, duas veteranas atrações recauchutadas também fizeram rir ao longo do ano: o “Vídeo Show” impulsionado justamente por Iozzi é uma delas. O vespertino se transformou e vive uma das melhores fases em suas três décadas de história.

Já o antigo programa da atriz, o “CQC” viu seu fim ocorrer de forma melancólica. Sem personalidade, a atração da Band não sabia mais para que lado atirar enquanto sua repercussão minguava. Mesmo assim, fará falta no cenário da televisão brasileira.

E não é o único programa rifado pela Band em 2015 a deixar um vácuo. O “Agora é Tarde”, de Rafinha Bastos, chegou ao fim quando vivia a sua melhor fase. E a lacuna por um talk-show realmente engraçado segue aberta após seu cancelamento.

Ao menos o humor também teve outra transformação, novamente na Globo: o “Zorra” viu sua fórmula ser alterada para melhor.

Fica a expectativa de que esses casos bem sucedidos de “viradas” em atrações que caminhavam ao abismo se propaguem pelo bem da nossa televisão. O tradicional e o inovador podem e devem se complementar. Quando somados com planejamento, o resultado costuma ser certeiro.

Nesta sexta-feira (25), a retrospectiva comentada será sobre o jornalismo em 2015. Fique ligado!


O colunista Lucas Félix mostra um panorama desse surpreendente território que é a TV brasileira. Ele também edita o https://territoriodeideias.blogspot.com.br e está no Twitter (@lucasfelix)
 

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