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Insossa, "I Love Paraisópolis" termina com história perdida

Coluna "Enfoque NT" analisa a trajetória da novela das 19h


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Maurício Destri e Bruna Marquezine em "I Love Paraisópolis" - Divulgação/TV Globo
Terminou nesta sexta-feira (6), a novela das 19h "I Love Paraisópolis", escrita por Alcides Nogueira e Mário Teixeira.
 
O que começou de maneira até promissora, embora bastante água com açúcar, trazendo muito do folhetim tradicional, com bons núcleos humorísticos e um romance clássico, o da gata borralheira, simplesmente se perdeu ao longo dos meses.
 
Mari (Bruna Marquezine) e Benjamin (Maurício Destra) se saíram bem durante toda a trajetória de “I Love”, sem rejeição absurda, mas sem aquela adoração desmedida por parte do público, fazendo simplesmente o arroz com feijão e ponto. Talvez por isso personagens secundários acabaram engolindo os protagonistas. 
 
 
Aliás, a história dos pombinhos terminou rápido. Em determinado momento, já não havia mais nada para contar e “I Love” criou uma barriga que de tal modo, já estava mais interessante assistir um filme iraniano preto e branco mudo. Não havia acontecimentos relevantes. Ela simplesmente parou e quem segurou toda a estrutura do folhetim foram outros núcleos, com personagens como Javai (Bubu Santana), Claudete (Mariana Xaier), Júnior (Frank Menezes), Paulucha (Fabíula Nascimento), o atrapalhado Jurandir (Alexandre Borges) e até a vilã com suas tiradas cômicas, Soraya (Letícia Spiller) e alguns outros.
 
O problema de “I Love” em momento algum foi o texto ruim, escalações de personagens controversos ou temática que, apesar de batida, ainda conquista telespectadores. O problema foi pura e simplesmente a falta de continuidade da história. Os autores não souberam conduzi-la em seis meses e o público já não tinha mais o que acompanhar.
 
 
A falta de vilões contundentes foi evidente. Enquanto Gabo (Henri Castelli) desempenhava sua vilania com maestria, Grego (Caio Castro) não convenceu no papel se transformando praticamente em mocinho, sendo o chefão da comunidade, que deveria tocar o terror. Os fãs de Caio Castro que me perdoem, mas vamos combinar que Grego foi demasiado caricata, beirando por vezes o ridículo na maneira de falar e se expressar. Forçado, poderia tentar uma ponta no “Zorra”. 
 
Lima Duarte caiu de gaiato na história toda como Dom Peppino, um mafioso italiano, e como grande ator que é, obedeceu aquilo que lhe pediram (a previsão é que ficasse alguns capítulos). Mas não foi um de seus grandes papéis. Esteve ali somente para tentar fazer com que alguma coisa acontecesse numa tentativa de movimentar a trama que estava mais parada que saci de patinete. 
 
Outro recurso utilizado foram os sequestros da filha de Margot (Maria Casadevall). Clara falta de criatividade em criar novos acontecimentos. No entanto, a atriz foi segura tanto no começo, quando foi traída pelo então amado Bem, como no final, já se desmanchando de amores por Grego. 
 
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Tatá Werneck, apesar de ser engraçada, não foi um dos pontos altos da história. Ainda que com muito de sua última personagem em “Amor à Vida”, Valdirene, deveria ter sido mais aproveitada.
 
“I Love Paraisópolis” apresentou uma boa primeira semana e ficou a expectativa de uma novela que desse conta de ficar seis meses no ar sem tantas enrolações. Se tivesse três ou quatro meses, certamente se sairia melhor, mas não foi o caso. Insossa. A história terminou, mas a novela continuou. Simples assim.
 
 
Thiago Forato é jornalista, escreve sobre televisão há dez anos e assina a coluna Enfoque NT há quatro, além de matérias e reportagens especiais no NaTelinha. Converse com ele: thiagoforato@natelinha.com.br  |  Twitter: @tforatto
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